domingo, 4 de novembro de 2012



Por Adizailma Maria




             No livro A Formação das Almas, Jose Murilo apresenta um relato de como foi preciso a introdução dos ideais da República através de simbolismo para legitimar o movimento e tenta conquista o apoio do povo, mas ao mesmo tempo manter esse povo distante da direção do movimento, sendo no caso o governo do povo, para o povo, mas sem o povo.
         O simbolismo era para manter uma aproximação relativa do povo, ou seja, o povo tinha que ter conhecimento sobre a República, mas sem fazer parte dela ativamente, de jeito nenhum a elite do movimento queria que no Brasil houvesse o que houve na França.
          Usando como o modelo a República americana e a francesa, onde a primeira tinha uma menor participação popular e a segunda uma maior, principalmente, na primeira fase da francesa, o autor demonstra como esses dois modelos tiveram influência no Brasil para determinar a participação da população no processo de formação do sistema Republicano. Alberto Sales defensor de uma República nos moldes americano com o federalismo e uma menor participação popular e Silva Jardim defensor da República jacobina, feita pelo povo e que povo seja soberano, mas o que acabou prevalecendo foi a República positivista feita pelos militares. Essa República foi feita para atender os anseios do povo e sim para uma classe que queria uma maior participação no controle econômico do País, o exemplo de Revolução que a França fez era assustadora para os militares, que viam nela a falta de controle do Estado e a massa dominando tudo, de jeito nenhum isso seria permitido no Brasil e a solução seria um controle sobre as massas tentando fazer com que elas aceitassem o novo sistema sem questionar o que parece que acabou ocorrendo, não ha relato de levante em protesto a República e a derrubada da Monarquia, o livro passa a impressão de que a população não percebeu a mudança e se percebeu não se revoltou com isso. O que é até aceitável pela a imagem que até hoje o brasileiro parece ter de se revoltar quando parece ser tarde demais ou até nem isso. Talvez venha do inicio da formação do povo, isso provavelmente justifica a passividade durante o processo de implantação da República no Brasil.
           Para consolidar a República foi necessário a criação de um herói nacional que representasse a República e três personagens foram apresentados no primeiro momento, Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto e Benjamin Constant. Deodoro não queria de jeito algum a participação civis, achava que o movimento era uma questão a ser resolvida pelos militares, Floriano era visto com desconfiança pelo movimento pela sua ligação com a monarquia e Benjamin apareceu como um idealizador do movimento, mas nenhum deles apresentou o carisma que o movimento precisava para fazer uma ligação com o povo. Monumentos foram erguidos em homenagens a esses heróis, mas pouca influência teve na população ou pouco contribuiu para uma aproximação, ainda havia uma carência de simbolismo que legitimasse o movimento, mesmo com a retirada da monarquia a sua presença ainda se fazia forte, o povo não enxergava a mudança se é que havia, para o povo a situação parecia continuar na mesma e levando em consideração que por mais que a imagem da monarquia estivesse gasta o seu último ato como governo foi libertar os escravos, então para a população  a suposta liberdade já existia, a República parecia não trazer uma novidade, por isso a impressão que passa que o povo assistiu de camarote o espetáculo sem fazer parte ou sem querer  fazer parte.
            Foi com a figura de Tiradentes que a República conseguiu o seu herói, aproximou o movimento do povo e tendo sido Tiradentes soldado manteve o vinculo militar com a República. Tiradentes foi praticamente montado pra República, ou seja, da sua morte se fez uma mártir do movimento, fizeram do seu sofrimento causado pela monarquia o significado de toda uma luta, teria que ser na sua suposta imagem a mensagem a ser passada para a população, foi sua montagem para se adapta ao movimento que acabou juntando as várias lideranças como foi o caso dos monarquista, republicanos e anarquistas.  
               
 



     

Nenhum comentário:

Postar um comentário