segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Formação das Almas


Resenha do livro “A Formação das almas: o imaginário da República no Brasil”, de José Murilo de Carvalho.


   Por Geraldo Candido Neto




        Em seu livro “A Formação das almas: o imaginário da República no Brasil” [1], José Murilo de Carvalho busca essencialmente uma análise sobre os primeiros anos da República e como aconteceu a imposição desse novo regime, um período conturbado de transição em que o país saía da monarquia e passava para o poder republicano, evento que não atingia todas as esferas sociais da mesma forma, já que boa parte da população era alheia à política.
       Carvalho prioriza bastante nos seus estudos temas como o imaginário da sociedade, e se debruça justamente sobre isso em “Formação das almas” para trabalhar como esse imaginário popular foi sendo construído, e muitas vezes forjado, durante o período da República. Ele elenca alguns mitos, heróis e símbolos que foram construídos e impostos à nação como forma de legitimar quem foram os verdadeiros defensores ou criadores da República, fomentando inúmeros debates sobre o episodio da Proclamação e seu desdobramento. O autor discorre nos seis capítulos do livro como foi elaborada essa manipulação para infligir um modelo de República ao povo, um jogo de poder feito principalmente pelas elites para a imposição de uma ideologia que sintetizasse o ideal de república que deveria ser seguido.  
       No primeiro capítulo “Utopias Republicanas”, por exemplo, o autor apresenta como essa disputa de ideologias era presente entre aqueles que detinham o poder, e exemplifica através de Benjamin Constant duas correntes que defendiam diferentes visões sobre a liberdade no contexto da modernidade. Apesar de historiador por formação, José Murilo de Carvalho consegue se desvencilhar de uma linguagem estritamente acadêmica, o que torna seu trabalho acessível a qualquer tipo de leitura; por isso alcança sucesso também entre o público em geral (ou não acadêmico), pois consegue exemplificar de maneira objetiva e clara o conteúdo da sua análise. Assim, de forma bastante lúcida, ele explica como esses conceitos de liberdade são trabalhados e quais os modelos ideológicos são importados para formar a nossa ideia do que seria República, ou de como seria a liberdade nessa República. O liberalismo americano e o jacobinismo francês, como aponta o autor, são amplamente discutidos nesse período, debates limitados aos círculos intelectuais que trabalhavam maneiras de infundir essas ideologias numa população praticamente ausente dos acontecimentos políticos.
       Ele traça esse caminho também para questionar as visões de República no momento da Proclamação, ou, como ele próprio coloca, das Proclamações, evidenciando os mitos criados em torno do 15 de novembro de 1889 com o intuito de privilegiar determinadas ideologias políticas que deveriam ser exaltadas nesse momento de criação da República. A importância dada a determinados fatos e principalmente a certos personagens são problemas que surgem desde os primeiros momentos da Proclamação, como Carvalho coloca, era preciso definir e solidificar uma memória sobre esse evento e propalar como verdade àqueles que apenas observavam tudo “bestializados” e sem participação efetiva, o povo.
      O povo, tratado como coadjuvante durante todo episódio, era o principal alvo dessas simbologias fabricadas, recebiam esses mitos e heróis construídos como figuras do novo regime. Assim foi o caso de Tiradentes, escolhido para ser o personagem que serviria de herói da República, papel que carecia de atores, já que outras figuras não preenchiam os anseios coletivos para essa posição. Essa mistificação em torno de Tiradentes foi justamente uma ferramenta para aproximá-lo ainda mais do povo, criando essa aura mítica carregada de referências cristãs.
     A escolha dos símbolos oficiais também foi marcada por disputas ideológicas, como no caso da bandeira, por exemplo, onde prevaleceu o modelo positivista em detrimento do modelo que copiava a bandeira norte-americana.
     Carvalho aponta os esforços positivistas para a implantação não só desses elementos, como a bandeira ou o hino, inerentes a qualquer Estado, mas também durante todos os embates ideológicos, sendo positivistas ortodoxos os mais esforçados em erigir símbolos e mitos que representassem essa nova ordem republicana que se instaurava no país. Hobsbawm afirma que “Em tempos de Revolução nada é mais poderoso do que a queda de símbolos” [2], e tão poderoso quanto a queda é a construção destes, principalmente quando responsáveis por erguer todo um imaginário numa Nação.


[1] CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas: o imaginário da República do Brasil, São Paulo, Companhia das Letras, 1990.

[2] HOBSBAWM, Eric J. A era das revoluções: 1789-1848. 25. Ed. SP: Paz e Terra, 2010.

Formação das Almas


Resenha: Formação Das Almas – O imaginário da Republica do Brasil. José Murilo de Carvalho.
Por Lucas Rossiter de Miranda Coelho*


Fazendo um rápido apanhado do texto, vimos que José Murilo de Carvalho, tenta representar um período de inquietação social no Brasil, a passagem do Império para República, mostrando como foram as tentativas dos republicanos em criar arcabouços, alegoria e símbolos que legitimassem o “novo cenário” brasileiro. Essa tentativa de legitimação ou justificativa ideológica do novo regime é uma forma de acalentar as massas, formando a alma da jovem Republica brasileira.
A criação de uma gama de mitos, heróis, hinos e bandeiras surgiram no final do século, cujo grande intuito era a luta pela conquista do imaginário popular republicano. É possível entender que a busca por legitimação, visava a exarcebação da “política” brasileira, que sempre evitava choques e tensões, algo perfeitamente definido na “ORDEM e PROGRESSO”. É o espirito conciliador que defendem Rodrigo Patto e Roberto da Matta.
Falando sobre a criação dos mitos, heróis, vemos um braço interessantíssimo do texto de José Murilo, diferente das outras republicas nosso herói, nosso mito não aparece naturalmente “do seio do povo” é algo que precisa ser criado, construído, legitimado como ídolo. Após “uma batalha” entre os candidatos, se assim podemos dizer, o “vencedor” foi Tiradentes, que representava o tipo de governo que se queria implantar, calmo, pacifico, cristianizado e ainda representava Minas Gerais, que seria uma pequena representação da nação que se pretendia, na visão do autor, uma região prospera e no centro do Brasil, em detrimento a Frei Caneca e “seu Nordeste decadente”.
A primeira grande discussão nasce ai, na criação do herói, é possível pensar rapidamente: Por que não Deodoro? E ai o autor nos responde: “era militar demais para que pudesse ter penetração mais ampla”. Nesse tema do Herói nasce uma batalha da memória. Como manipular a memória para construir um Herói compatível com o governo que se pretendia? É interessante a forma como Tiradentes foi sendo reconstruído e relembrado no imaginário da época, a forma como ele vence a disputa com Frei Caneca. Deixo aqui um ponto curioso (pelo menos para mim): . Era a celebração da paixão (Cadeia Velha), morte (praça Tiradentes) e ressureição (Itamaraty) do novo Cristo. Em celebrações posteriores, acrescentou-se ao final do desfile uma carreta para lembrar a que, em 1792, servira para transportar o corpo da “santa vítima” após o enforcamento. Era o “enterro” da nova via-sacra.”³
Dessa passagem é notável o termo: “novo Cristo” deixando claro a mim o ponto principal para a “vitoria” do Tiradentes.
Me prendi totalmente a discussão da criação do Herói, é um dos pontos mais notáveis sobre a manipulação e criação de uma memória legitimadora para a Republica, mas não é o único ponto. No cardápio de opções republicanas vimos 3 principais as quais não vou me aprofundar:
“pelo menos três modelos de república à disposição dos republicanos brasileiros.  Dois deles, o americano e o positivista, embora partindo de premissas totalmente distintas, acabavam dando ênfase a aspectos de organização do poder.  O terceiro colocava a intervenção popular como fundamento do novo regime, desdenhando dos aspectos de institucionalização.”
A formação da nossa república não se prendeu a briga desses 3 modelos, a grande sacada da obra é a forma como os modelos tentavam legitimar-se perante as almas da sociedade brasileira. O modelo “vitorioso” foi o liberal à brasileira que apesar de “americano” teve que se adaptar para se consolidar no nosso regime.
Outro ponto importante, fugindo um pouco da resenha da obra, é a questão de como a historia congela fatos, de como a História “oficial” apaga vertentes, ai a obra de José Murilo tem sua diferenciação, demonstrando a luta das outras vertentes, ou apenas demonstrando a presença de outras ‘opções’ no Brasil.
A forma como cada pessoa cria uma leitura, ou releitura de determinada obra ou fato histórico é interessantíssima, até mesmo uma simples resenha revela a forma como cada historiador observa e priorizam fatos e temas, eu me “encantei” com a forma com que foram criados os heróis, com a disputa entre as três vertentes, e como dizia José Murilo:  Emerge daí uma batalha simbólica “em torno da imagem do novo regime, cuja finalidade é atingir o imaginário popular para recriá-lo dentro dos valores republicanos”¹.
Essa recriação de um imaginário, essa formação de almas é um tema de estudo bem levantado por José Murilo, que é uma continuação de uma grande duvida levantada pelo seu outro texto: Os Bestialiazados, que levanta a questão da participação popular na república sob uma nova ótica.
É interessante ver que nós que fazemos a historia devemos ter essa incumbência de tentar desnaturalizar alguns ‘fatos’ que vem sendo congelados anos após anos, é também buscar entender e estudar quais posições foram deixadas de lado e por quais motivos durante os anos, não é nossa função engolir tudo que nos é mostrado como única opção. José Murilo nos tira dessa zona de conforto com suas obras – Bestializados e Formação das Almas -  trazendo discussões e mostrando caminhos que diferem dos que nos acreditávamos entender, junto a esses dois trabalhos está o trabalho de “ler” a historia por meio dos arcaicos livros didáticos e termos a compreensão de como o ensino de História acaba por restringir a nossa própria História.



Bibliografia:
1.                               SÁ MOTTA, Rodrigo Patto. Culturas Políticas na História: Novos Estudos. Belo Horizonte, 2009
2.                              2.       CARVALHO, José Murilo. A Formação das Almas: o imaginário da república do Brasil, São Paulo, Companhia das Letras, 1990
3.                              CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados. O Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo, Companhia das Letras

domingo, 4 de novembro de 2012



Por Adizailma Maria




             No livro A Formação das Almas, Jose Murilo apresenta um relato de como foi preciso a introdução dos ideais da República através de simbolismo para legitimar o movimento e tenta conquista o apoio do povo, mas ao mesmo tempo manter esse povo distante da direção do movimento, sendo no caso o governo do povo, para o povo, mas sem o povo.
         O simbolismo era para manter uma aproximação relativa do povo, ou seja, o povo tinha que ter conhecimento sobre a República, mas sem fazer parte dela ativamente, de jeito nenhum a elite do movimento queria que no Brasil houvesse o que houve na França.
          Usando como o modelo a República americana e a francesa, onde a primeira tinha uma menor participação popular e a segunda uma maior, principalmente, na primeira fase da francesa, o autor demonstra como esses dois modelos tiveram influência no Brasil para determinar a participação da população no processo de formação do sistema Republicano. Alberto Sales defensor de uma República nos moldes americano com o federalismo e uma menor participação popular e Silva Jardim defensor da República jacobina, feita pelo povo e que povo seja soberano, mas o que acabou prevalecendo foi a República positivista feita pelos militares. Essa República foi feita para atender os anseios do povo e sim para uma classe que queria uma maior participação no controle econômico do País, o exemplo de Revolução que a França fez era assustadora para os militares, que viam nela a falta de controle do Estado e a massa dominando tudo, de jeito nenhum isso seria permitido no Brasil e a solução seria um controle sobre as massas tentando fazer com que elas aceitassem o novo sistema sem questionar o que parece que acabou ocorrendo, não ha relato de levante em protesto a República e a derrubada da Monarquia, o livro passa a impressão de que a população não percebeu a mudança e se percebeu não se revoltou com isso. O que é até aceitável pela a imagem que até hoje o brasileiro parece ter de se revoltar quando parece ser tarde demais ou até nem isso. Talvez venha do inicio da formação do povo, isso provavelmente justifica a passividade durante o processo de implantação da República no Brasil.
           Para consolidar a República foi necessário a criação de um herói nacional que representasse a República e três personagens foram apresentados no primeiro momento, Deodoro da Fonseca, Floriano Peixoto e Benjamin Constant. Deodoro não queria de jeito algum a participação civis, achava que o movimento era uma questão a ser resolvida pelos militares, Floriano era visto com desconfiança pelo movimento pela sua ligação com a monarquia e Benjamin apareceu como um idealizador do movimento, mas nenhum deles apresentou o carisma que o movimento precisava para fazer uma ligação com o povo. Monumentos foram erguidos em homenagens a esses heróis, mas pouca influência teve na população ou pouco contribuiu para uma aproximação, ainda havia uma carência de simbolismo que legitimasse o movimento, mesmo com a retirada da monarquia a sua presença ainda se fazia forte, o povo não enxergava a mudança se é que havia, para o povo a situação parecia continuar na mesma e levando em consideração que por mais que a imagem da monarquia estivesse gasta o seu último ato como governo foi libertar os escravos, então para a população  a suposta liberdade já existia, a República parecia não trazer uma novidade, por isso a impressão que passa que o povo assistiu de camarote o espetáculo sem fazer parte ou sem querer  fazer parte.
            Foi com a figura de Tiradentes que a República conseguiu o seu herói, aproximou o movimento do povo e tendo sido Tiradentes soldado manteve o vinculo militar com a República. Tiradentes foi praticamente montado pra República, ou seja, da sua morte se fez uma mártir do movimento, fizeram do seu sofrimento causado pela monarquia o significado de toda uma luta, teria que ser na sua suposta imagem a mensagem a ser passada para a população, foi sua montagem para se adapta ao movimento que acabou juntando as várias lideranças como foi o caso dos monarquista, republicanos e anarquistas.  
               
 



     

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Movimento Operário I: Anarquismo/Tendências


Alunos: Adizailma Maria
            Cintia Marques
            Felipe Aragão
            Natália Ferraz
            Sandra Mendes


INTRODUÇÃO

Era comum que os anarquistas se referissem ao anarquismo como uma aspiração natural humana, a relação do anarquismo com o desenvolvimento do espírito antiautoritário da humanidade é frequentemente realizada pelos anarquistas. Defendiam que o espírito libertário é inerente à natureza humana, a partir dessa ideia são citados supostos anarquistas ao longo da história da humanidade. Os seguidores de Tolstoi, por exemplo, consideravam Jesus Cristo o verdadeiro fundador da Anarquia. Outros anarquistas reivindicavam Rabelais e La Boétie como seus precursores. Kropotkin também afirmava que os filósofos do século XVIII romperam com a tradição religiosa e procuraram seu apoio na ciência e na razão e, nesse sentido, essa filosofia teria sido também anarquista.
O anarquismo enquanto movimento organizado surge em um momento histórico muito preciso na crítica à sociedade industrial e aos males do capitalismo. Como na Europa, o anarquismo brasileiro surge nesse contexto.
Grupos anarquistas começaram a serem formados; de modo geral, todos os seus integrantes compartilharam a desilusão, o sofrimento, e algumas vezes a revolta. São Paulo, como o centro econômico do país concentrou o maior número de anarquistas e foi o cenário perfeito para o desenvolvimento da ideologia libertária. Formada por pessoas de culturas distintas, mas que compartilhavam a mesma realidade, nos cortiços, nos bondes, nas fábricas ia sendo compartilhadas as suas ideias, ilusões e desilusões.
É interessante observar que o anarquismo tinha um caráter de conversão quase religiosa; não era apenas um conjunto de idéias políticas, o anarquismo era uma forma de vida.
"O anarquismo nos tomava inteiramente porque nos exigia tudo, oferecia-nos tudo. Não havia um recanto da vida que ele não iluminasse, ou ao menos assim nos parecia. Podia-se ser católico, protestante, liberal, radical, socialista, até sindicalista, sem que nada mudasse na vida de cada um e, portanto, na vida. Afinal bastava ler o jornal respectivo, a rigor, freqüentar uns ou outros cafés. Tecido de contradições, dilacerado em tendências e subtendências, o anarquismo exigia antes de tudo o acordo entre atos e palavras." [1]  


FORMAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DO OPERARIADO

O movimento operário no Brasil começou a ganhar força a partir do início do século XX, no momento em que a cafeicultura passou a ser o principal produto da economia brasileira, principalmente em São Paulo e no Distrito Federal, naquela época o Rio de Janeiro. Na medida em que cresceu a demanda de exportação em larga escala surge à necessidade de investir na modernização, em especial, no sistema de transportes e na construção de vias férreas que seria importante no escoamento da produção para os portos estratégicos.
Com o crescimento da produção do café e a crise do sistema escravista, acontece a imigração em grande escala no país, espanhóis, portugueses e, em sua grande maioria, italianos chegam ao país para trabalhar, sobretudo, no campo. A indústria nesse momento, segundo Claudio Batalha, era, essencialmente, de pequeno porte com poucos operários e sem haver uma concentração, sendo espalhadas por um imenso espaço geográfico.
Claudio Batalha afirma que a grande parcela desses imigrantes viria do campo e com um pensamento de juntar dinheiro, fazer fortuna, para voltarem ao país de origem, ou seja, muitos deles não eram operários e não tiveram contato com as ideologias que estavam impulsionando trabalhadores no movimento operário europeu. Vamos encontrar no eixo centro-sul a maior concentração de mão de obra, contudo, a maioria com baixa qualificação, vindo para atender um setor que estava em plena expansão. Exatamente em São Paulo e no Rio de Janeiro onde se concentraram em maior número os imigrantes, o primeiro porque se consolidou como o maior mercado distribuidor e a capital pela relevante atração que exercia sobre os imigrantes que entravam no país.
A condição operária no Brasil no inicio de século era da coexistência de fases da revolução industrial ao mesmo tempo, como diz Claudio Batalha:
As diversas experiências de trabalho e de relações de trabalho do artesão independente, passando pelo trabalhador doméstico produzindo para um empregador, o empregador em uma pequena oficina e, finalmente, o operário industrial (...) ilustra o que era o mundo do trabalho urbano no Brasil das primeiras décadas do século XX. (BATALHA,pag.9,2000).
Porém, com o declínio do setor agrícola e o difícil acesso a terra um grande número desta mão de obra vai se deslocar para o meio urbano. Neste momento, a industrialização vai ganhando força e crescendo nas cidades. Esses imigrantes vão se concentrando cada vez mais nas capitais, e disputando espaço com brasileiros e com eles mesmos, pois, existia rivalidade entre estrangeiros de diferentes países, como também, entre aqueles que tinham a mesma nacionalidade, mas provinham de diferentes regiões.
A partir do momento que ocorre o crescimento da industrialização, especialmente, em algumas capitais do país é que teremos uma maior proximidade dos operários, iniciaria, assim, uma melhor situação para a formação da consciência de classe. Outro fator que contribuiria para isto foi à ligação entre o interior e cidade através das suas linhas férreas, segundo o historiador Boris Fausto, é nas proximidades destas que se encontra parte das indústrias e, conseqüentemente, a aglomeração dos trabalhadores, com a formação de cortiços, por exemplo.
Os trabalhadores reivindicavam, em especial, melhores condições de trabalho, aumento nos salários e diminuição da jornada de trabalho. Contudo, existiam algumas diferenças que atrapalhavam essa junção do operariado na reclamação junto ao patronato. A diferença entre trabalhadores qualificados e não qualificados, os primeiros tinham melhores salários e melhor condição de trabalho e de vida, geralmente, eram organizados por ofícios.
Alguns outros fatores dificultaram a organização desses trabalhadores. Como já citado, a rivalidade entre brasileiros e estrangeiros, as diferenças étnicas. Além disso, segundo Batalha, a diferença de língua, raça, cultura, temperamento e hábitos também dificultariam neste processo. A grande quantidade disponível de mão de obra e a oposição entre setores organizados e não organizados trariam outro problema, porque em meio a uma greve, para ilustrar, os patrões recorreriam a essa mão de obra reserva e aos fura greves.
É nesse contexto o anarquismo surgiria no Brasil como principal formulador dos pensamentos dos movimentos operários do inicio do século. Defendendo a organização de uma sociedade sem nenhuma forma de autoridade, considerando o Estado como uma força coercitiva, organização sindical autônoma e pregando a extinção do Estado, da Igreja e da propriedade privada. Assim como a maioria da mão-de-obra se encontrava no eixo Rio de Janeiro/São Paulo, era nesses estados que predominava a ideologia anarquista.
A repressão do Estado, principalmente, por meio da força policial também é destaque, pois a concepção anarquista aceitava o uso da violência, invasão das fábricas e quebras de equipamentos como forma de reivindicação. Além, logicamente, de evitar a paralisação em setores fundamentais para os interesses do próprio Estado, a exemplo, setor de transporte e distribuição, pois, apesar da queda do domínio agrícola, o país ainda dependeria fortemente da agro exportação.
Apesar das dificuldades e diferenças entre trabalhadores que integravam a classe operária, a primeira Republica fica marcada pelo momento de mobilização coletiva e enorme organização da classe, que mesmo sendo uma minoria começava a dar um passo em busca da formação de consciência de classe, o proletariado.
O trabalho nas fábricas no início da República no Brasil apresentava uma grande diversidade em relação ao trabalho e ao tipo de trabalhador, tanto em relação ao sexo, como idade e cor. Mas uma coisa era comum nas várias regiões do Brasil, onde as fábricas estavam instaladas, que era a exploração do trabalhador, com jornadas de trabalho de 14 a 16 horas por dia, dependendo da região, com habitações precárias, problemas de infraestrutura e transporte e, em muitos casos, esses trabalhadores moravam em vilas operárias sob o domínio do patrão, tudo isso, representando a ausência do Estado na vida desse trabalhador.
O Estado para manter a satisfação dos patrões, repreendia as manifestações de revolta dos trabalhadores com prisões arbitrárias, expulsões de estrangeiros sem processo regular, invasões de domicílios, espancamento e destruição de jornais.
A organização operária começou desde século XIX, os trabalhadores urbanos livres mais qualificados começaram a se organizar em sociedades de socorros mútuos. Como a Constituição de 1824 não permitia a formação de cooperativa e sindicatos, as sociedades mutualistas puderam agir em defesa do trabalhador, em muitos casos essas sociedades mutualistas eram financiadas pelo Estado, por isso, elas não recorriam às greves ou qualquer tipo de manifestação contraria ao Governo. Essa era a postura também dos sindicatos reformistas que vem a surgir, como as sociedades, eles também não se envolviam em manifestação que fosse contrária a política do Estado, pelo contrario, queriam fazer vínculos políticos para poder conseguir melhoria para a classe trabalhadora e acreditavam que as greves não seria o caminho para isso.
As sociedades mutualistas eram, na verdade, uma reunião de pessoas com interesses parecidos, com o intuito de proporcionar ajuda aos seus membros, na omissão do Estado, essa ajuda poderia ser paga ou não por quem recebia. As ajudas eram constituídas pelo pagamento de pensões, indenizações, financiamento de enterros, fornecimento de remédios e atendimento hospitalar.
Mesmo com a Constituição proibindo as formações de sindicatos e cooperativas, assim mesmo eles se formaram, mas usando para sua legalidade o Código Comercial de 1850, o registro era feito como uma sociedade comercial, que em todo caso tinha que registrar seus estatutos em cartório e comunicar a sua existência a polícia. O grande atuante na República como organizador de um operariado de luta foi o sindicato revolucionário, que era chamado também de sindicato operário, para diferenciar do sindicato reformista, que como as sociedades mutualistas eram contrario as manifestações e acreditavam no diálogo com os políticos e que uma união seria melhor para o trabalhador.
No início houve três tipos de sindicatos que poderiam ser tanto reformista quanto revolucionário. Foram as associações pluriprofissionais, que basicamente era a reunião de operários de diferentes ofícios; as sociedades por ofícios, que reunia membros de um determinando oficio; e o sindicato de indústria, que era a reunião de todos os trabalhadores de uma determinada indústria indiferente de qual seja a sua ocupação. Tanto os sindicatos reformistas como os revolucionários se mobilizaram para reivindicar ao Governo melhoria para os trabalhadores, a diferença foi à forma e o discurso que os dois sindicatos usaram. Os reformistas chegaram a formar quatro Congressos com datas de 1892, 1902, 1906 e 1912, mas com pouca manifestação publica.
Já os Congressos formados pelos sindicatos revolucionários foram de grande impacto na sociedade, com uma data semelhante ao dos reformistas, com o Primeiro Congresso de 1906, Segundo de 1913 e o Terceiro de 1920, mas com discurso bem diferente, os revolucionários não aceitavam o Estado, negava o poder que era atribuído a Igreja e queria a federação dos sindicatos.

CORRENTES ANÁRQUICAS

              Como já fora dito, o Brasil abriu suas portas à imigração. São Paulo se tornou,  assim, o maior centro econômico da nação.  Essa mão de obra fora absorvida principalmente nas fazendas de café, após algum tempo trabalhando nas plantações, esses imigrantes se dirigiram para as grandes cidades do país a fim de exercerem atividades artesanais ou industriais, o que já praticavam nos seus respectivos países. Essa nova mão de obra contribuiu enormemente para o surgimento de um proletariado urbano, além da nova força de trabalho, esses imigrantes traziam também novas ideias. Muitos deles, principalmente italianos, espanhois e portugueses, traziam o ideário do anarquismo em suas mentes. Boris Fausto:
O Anarquismo, como movimento, é um “[...] sistema de pensamento social visando a modificações fundamentais na estrutura da sociedade, com o objetivo de substituir a autoridade do Estado por alguma forma de cooperação não governamental entre indivíduos livres”. (FAUSTO,pag.63,1983)
Segundo Boris Fausto, para conseguir o intento de suplantar o capitalismo faz-se necessário alcançá-lo pela via direta, ou seja, limitada ao terreno ideológico e econômico, com recusa as lutas políticas. Sendo assim, liberdade, autodisciplina e responsabilidade são palavras de ordem do movimento anarquista, o futuro da humanidade exclui todo e qualquer princípio de autoridade, de domínio e de exploração do homem pelo homem. Sendo esses individuos livres, estes podem optar por integrar um sindicato, participar de uma greve ou de um movimento insurrecional, ou seja, segundo Fausto: “a ‘ação direta’, vincula-se ao princípio de que as transformações sociais só são possíveis através de órgãos não coercitivos, expressando a decisão individual de seus membros”.
Para Boris Fausto o Estado  é a corporificação da ideia de autoridade, sendo utilizado como instrumento pela classe dominante para atender os seus objetivos. Sendo assim: “[...] toda a prática política, que tem como nível específico o Estado, é um ‘jogo corruptor’, dentro dos limites da autoridade”.
Nas concepções de Boris Fausto, os conflitos entre as classes estava baseado nas relações econômicas de produção/exploração e é justamente, no terreno dessas relações que se pode encontrar o método revolucionário que poderá dar fim a desigualdade social, ou seja, a adesão dos trabalhadores às associações livres, pressupõe a possível evolução da consciência dos setores de explorados da sociedade ao nível libertário. Essas associações seria um meio pelo qual sem a presença de um patrão ou a regulamentação do Estado, os produtores diretos teriam em suas mãos um modo de suprimir e acabar com o poder estatal e de todo o sistema opressor através do ato revolucionário.
Fausto ressalta que as correntes anarquistas não consideravam o proletariado como “classe universal”. Sendo a sociedade, a grosso modo, composta de “exploradores e explorados, e estes abrangiam os camponeses, a classe operária e o lumpenproletariado. Segundo a sociologia marxista o lumpenproletariado era composto por uma camada social carente de consciência política, constituída pelos operários que viviam na miséria extrema e por indivíduos que viviam direta ou indiretamente desvinculados da produção social e que se dedicavam a atividades marginais. Segundo o teórico russo Bakunin, é injusto o desprezo que Marx e Engels professa em relação ao lumpenproletariado, visto que é nesse grupo que residem à força e o espírito da futura revolução social e não na camada aburguesada da massa operária.
            É a partir desse tronco comum que se distinguem o mutualismo proudhoniano, o anarco-coletivismo, o anarco-comunismo e o anarco-sindicalismo. Começando pelo mutualismo proudhoniano, corrente baseada no associativismo e no cooperativismo, ou seja, na associação de indivíduos livres que se apóiam mutuamente para garantir as condições de produção sem exploração. Nas palavras de Boris Fausto: “O mutualismo proudhoniano investia contra o capital e o Estado capitalista, pretendendo substituí-lo por uma livre associação de produtores diretos, possuidores dos meios de produção”.(Idem,pag.64,1983).
            Os meios de produção podiam permanecer sendo utilizados de forma individual, mas o produto final pertencia a quem trabalhou nele diretamente, portanto não permitindo o seu usufruto pelas classes parasitas. Boris Fausto:
“O mundo do futuro era concebido como uma grande federação de comunas e cooperativistas de trabalhadores, ligadas por contratos de troca e crédito mútuo que assegurariam a cada indivíduo o produto de seu trabalho”. (Idem,pag.64,1983)

O anarco-coletivismo que teve em Bakunin sua figura mais importante distingue-se do mutualismo, visto que prega a necessidade de expropriação revolucionária imediata de toda a propriedade excludente pelos trabalhadores para organizar a sociedade e a produção com bases libertárias. Segundo Boris Fausto essa distinção é marcante, pois opta claramente pela coletivização dos meios de produção, por sua defesa da violência e principalmente pela ênfase no papel que os sindicatos desempenhariam na obra emancipadora da sociedade. Bakunin compara a autogestão por parte das massas de trabalhadores como um germe que pode até em primeira instância libertar economicamente esta classe, mas esta é apenas uma premissa insuficiente para impedir o surgimento de uma classe de exploradores. Esta autogestão só poderá de fato ocorrer quando “os capitais, os estabelecimentos industriais, as matérias-primas e instrumentos de trabalho se tornaram propriedade coletiva das associações operárias produtivas, tanto industriais como agrícolas, livremente organizadas entre si”. Enquanto a revolução de fato não ocorria às cooperativas serviam, segundo Bakunin como um instrumento que habilitaria o operariado a autodirigir-se, mas a sua eficácia como instrumento de luta era limitada, sendo assim, Bakunin incitava os trabalhadores a irem à luta, ou seja, ocupando-se mais de greves do que de cooperação. Assim, segundo Boris Fausto: “a ênfase no papel do sindicato representa uma ponte entre o anarco-coletivismo e o anarco-sindicalismo”.
            Essa ponte entre o anarco-coletivismo e o anarco-sindicalismo não é uma constante no pensamento de Bakunin e seus seguidores cujas concepções de uma revolução espontânea se baseiam com frequência nos lumpenproletariado e nos camponeses. Foi em meados da década de setenta que Bakunin acentuou a importância do trabalho dos anarquistas nos sindicatos, através dos sindicatos as massas iriam de organizar naturalmente, e este seria um instrumento de guerra verdadeiramente eficaz. Boris Fausto:
“O sindicato operário seria o articulador da autogestão e um instrumento do plano econômico e da unidade da produção. As diversas associações produtivas deveriam ser coordenadas pelas federações sindicais, que impediriam a ‘gestão egoísta’ capaz de gerar novas diferenças sociais”. (Idem,pag.65,1983)
Enquanto os mutualistas optaram pela multiplicação pacífica das organizações cooperativas, os anarco-coletivistas se inclinaram pelo caminho revolucionário, caminho no qual Bakunin dedicou toda a sua vida.
            Outra corrente demasiado importante quando se fala em anarquismo é o anarco-comunismo.  Esta corrente reivindicava a abolição de todo o sistema de salários e preços, o controle de toda a economia pela comuna popular. Tanto os meios de produção quanto os próprios bens produzidos, devendo ser de propriedade comum. Segundo Boris Fausto, as relações de produção/apropriação no interior da comuna libertária constituíram o ponto central de divergência entre esta corrente e as demais correntes citadas à cima. Kropotkin desferiu duras críticas às noções de “mutualismo” e “coletivismo”, afirmando que essas correntes mantinham intactas as formas de exploração e assim, abriam caminho a novas desigualdades. Kropotkin também teceu diversas críticas ao sistema de distribuição de Proudhon e Bakunin, este se baseava na quantidade e qualidade do trabalho e pressupunha a permanência de alguma forma de salário, através dos Bancos Operários ou de cheques de trabalho.
Os anarco-comunistas sentiam a necessidade de realizar de imediato um principio fundamental da sua corrente: “de cada um conforme as suas capacidades, e a cada um conforme as suas necessidades”. O critério a ser adotado era de se distribuir os bens e serviços conforme a necessidade de cada um, e não através do trabalho destes, suprimindo-se assim o salário como fonte de desigualdades no interior da comuna. Esta tática radical de Kropotkin fez contraponto com outra moderada, este teórico via com relutância o uso da força para conseguir os seus objetivos, pois segundo o mesmo, a violência aconteceria de todo modo, para o bem ou para o mal no curso das revoluções, sendo a violência um estágio inevitável do progresso humano.
Segundo as concepções de Kropotkin o evolucionismo tendia a conceber as revoluções muito mais como um produto espontâneo de condições sociais do que da ação humana, ou seja, evolução e revolução se alternavam, as revoluções nada mais eram do que períodos de evoluções aceleradas, estas evoluções pertencem às unidades da natureza tanto quanto os períodos em que a evolução ocorre de forma mais vagarosa.
Por fim e não menos importante, o anarco-sindicalismo, uma das últimas correntes surgidas na história do movimento operário, esta corrente é filha direta das posições de Bakunin. Em curso dos anos noventa, na França a partir de organizações sindicais desenvolveu-se o anarco-sindicalismo, com sua principal tática no papel do sindicato não só como órgão de luta – cuja principal tática era a greve geral, mas como núcleo básico da sociedade do futuro. Para Boris Fausto:
“[...] a originalidade do anarco-sindicalismo consistia na adaptação de elementos do passado ás circunstâncias do mundo industrial de fins do século XX, considerando o sindicato e não a comuna a unidade social fundamental, e ressaltando a ação operária, oposta à conspiração ou à insurreição popular”.(Idem,pag.66,1983).


O ANARQUISMO NO BRASIL

Segundo Boris Fausto[2], o anarquismo brasileiro está vinculado a um sistema de pensamento cientificista, calcado no evolucionismo e no livre pensamento, cuja influencia é perceptível nos núcleos urbanos brasileiros no inicio do século XX. Este sistema de pensamento consistiu numa tentativa de implantação de uma racionalidade burguesa, no momento em que as transformações da sociedade apontavam pra emergência do capitalismo. A luta contra o poder da igreja assume, no Brasil, uma forma de combater a velha ordem patrimonialista, em nome de uma nova ordem baseada no progresso e na verdade cientifica. Tais ideias anticlericais contribuíram para formação de uma elite dirigente pouco receptiva a encontrar na igreja um aparelho ideológico de sustentação do regime.
A campanha contra a igreja tomou forma nos jornais. Em “O livre Pensador” que era dirigido por Everardo Dias, adepto ao anarquismo, era combinado elogios a Lamarck, Darwin, Spencer, Haeckel, com artigos socialistas e anarquistas. A oposição aos dogmas católicos surge no momento em que se formaram duas importantes figuras do movimento libertário. José Oitica foi diretor de uma escola em Santa Catarina, na qual aplicou concepções anarquistas, foi também líder da liga anticlerical do Rio de Janeiro, entrando posteriormente em contato com o movimento libertário.  Astrojildo Pereira, antes de iniciar sua carreira como anarquista, foi também um anticlerical, admirador de Benjamin Constant e Rui Barbosa.
No plano das concepções teóricas, Spencer aparece nas folhas anarquistas ao lado de Bakunin, Proudon e Malatesta. Alguns anarquistas adotaram as concepções de Spencer no aspecto da identificação da evolução social com a do organismo vivo, sujeita ao mesmo tipo de transformações. O que atraia em Spencer não era o progresso ou darwinismo social e sim outros aspectos do liberalismo spenceriano: a redução das grandes fortunas, o equilíbrio entre produtores, a forte limitação do poder do Estado. Em nota, Boris Fausto ressalta que as relações entre evolucionismo e anarquismo não se limitam ao Brasil, pelo contrario, a ajuda mútua de Kropotkin se fundamenta no modelo evolucionista, associado ao princípio de solidariedade da espécie.
A ligação do pensamento anarquista com o pensamento cientificista e laico gerou criticas, pelo fato de levar ao acordo com elementos estranhos a área libertária. Tais “desvios” foram apontados criticamente por Gigi Damiani, que após um ano de cerrada campanha contra a igreja, defendia uma estratégia puramente anárquica, pois a luta anticlerical estaria servindo a interesse de terceiros. Dizia Gigi: “quem não crê em Deus, mas crê no Estado não mudou nada: não se inclina ao padre, mas se inclina ao patrão” (Boris Fausto, pag.74,1983). A luta puramente anárquica defendida por Gigi era o anarco-sindicalismo, que se tornara tendência predominante nos círculos libertários. O sindicato, instrumento de conquista de direitos da classe trabalhadora e pré-figuração da sociedade futura, seria o único órgão capaz de agrupar, solidarizar os operários conscientes tendo por base seus interesses econômicos comuns. Esses interesses seriam o eixo da luta política e da rejeição das “táticas políticas”, pois estas dividem o proletariado e são o campo dos partidos, organismos autoritários onde predominam burgueses, semiburgueses, literatos, idealistas.
A grande questão era a criação do sindicato. A princípio, acreditara-se na tendência espontânea do operariado a organização sindical e o papel da propaganda, ao mesmo tempo em que concepções de técnicas de organização coercitivas, disseminada entre os trabalhadores qualificados, encontram um eco favorável nos meios anarquistas. É o caso, por exemplo, das medidas tendentes a impedir a obtenção do emprego pelos operários não sindicalizados. Nessa visão, o sindicato seria um órgão regulador da oferta de força do trabalho, responsável pela qualidade deste, como também órgão normativo de conduta dos associados e mediador de conflitos no nível das empresas.
            No plano dos princípios, o anarco-sindicalismo brasileiro definia o sindicato como órgão de luta, que recusa funções assistenciais- fazendo um contraponto às associações mutualistas- aberto aos operários de todas as tendências políticas. A verdadeira força do sindicato repousaria na solidariedade e não nos recursos materiais. O dinheiro corruptor deveria constituir apenas uma caixa de resistência, e deve ser gasto sem muita demora na propaganda, na agitação. Nas greves, é preferível contar com o apoio mútuo entre os operários do que com esse tipo de recurso. A defesa de reivindicações imediatas tinha o mesmo objetivo de reforçar a solidariedade, despertar a consciência dos trabalhadores, em busca da emancipação final.
Os instrumentos de luta - a greve geral ou parcial, o boicote, a sabotagem, a manifestação pública – fundam-se sempre na ação direta. O recurso à atividade normativa do Estado é visto como inútil, mesmo em áreas de alcance restrito. Como um instrumento privilegiado, a greve geral surge como arma reivindicatória e premonição do ato emancipatório final: “a greve única, mundial, precursora do grande cataclismo de que brotará a sociedade nova, liberta dos privilégios e da opressão” (Idem, pag. 76 e 77). A sabotagem assume as formas da queda do ritmo de trabalho, da produção defeituosa, da destruição das maquinas. Um exemplo desta última foi vivenciado na greve dos têxteis na fábrica carioca Cruzeiro, em 1908.
Tanto a organização interna do sindicato, como os laços entre ele e os organismos mais amplos, são concebidos a partir do principio da soberania individual dos seus membros. Esse princípio aponta para a necessidade de não distinguir entre base e direção –germe do autoritarismo – e de evitar qualquer tipo de centralização. O sindicato seria:
“A coesão dos operários que se unem para a ação contra o capital e que, portanto, essa ação deve ser de todos, pois, do contrário, seria insubsistente; e que as delegações de poder e mando levam os operários á obediência passiva e prejudicial nas suas lutas [...] A associação dos trabalhadores não tem por base a soberania da classe, mas a individual de seus membros que não pode ser delegada através de um mandato”. (Idem, pag.77,1983).
A repulsa pelas delegações de poderes não ocorria apenas no interior dos sindicatos, as formas centralizadoras nas relações entre sindicatos, federação e confederação deveriam ser combatidas pelos mesmos motivos. Assim, devia-se conservar a mais larga autonomia do individuo no sindicato, do sindicato na Federação regional e da Federação na Confederação.
Seguindo na análise de Boris Fausto, por volta dos anos 1917-1920, momentos de sua ascensão e crise, o anarco-sindicalismo esteve sujeito a críticas no interior dos círculos anarquistas. As críticas se direcionavam, grosso modo, a eficácia da greve parcial ou geral, posições de aberta rejeição aos seus princípios. Começa a circular uma pronunciada corrente de opinião descrente do sindicalismo como instrumento capaz de levar o proletariado a transformação social ou mesmo como meio de proporcionar elementos para que se desenvolvam as ideias libertárias. A análise do sindicalismo no Brasil traz à tona sua artificialidade: as melhores mobilizações operárias sempre se realizaram antes da existência das associações e estas foram consequências e não causa das mobilizações. Mostra-se incoerente as grandiosas declarações sindicalistas e a mesquinhez da ação dos sindicatos, o que resulta em confusão e mistificação do anarquismo, que passa a ser compreendido de forma diferente do que realmente é. Chega-se a conclusão de que os anarquistas poderiam até pertencer a essas associações, mas que deveriam centrar suas atividades na propaganda anárquica.
Essa grande decepção deriva dos magros resultados da atividade organizatória, com a distância entre o discurso dirigido à emancipação e a dificuldade da luta cotidiana. Outro fator que emerge nesse quadro de decepção é a maneira que os operários de vanguarda se referem à grande massa. Fazem isso com os mesmos estereótipos de uma visão paternalista e patronal: “as concepções da mentalidade infantil do operariado, ou melhor, da massa anônima, são sempre muito exíguas. O seu cérebro embrutecido só lhe deixa conceber o que seja imediatamente palpável, concreto. Não lhe é dado abstrair, ponderar, deduzir” (Idem, pag. 80). O trecho revela a influência do quadro mental da classe dominante e uma decepção gerada pela distancia do projeto de emancipação final e a dura realidade cotidiana de uma massa “atrasada”, com poucas condições de organizar-se de maneira estável em busca de reivindicações econômicas.  O que se percebe, no caso do anarquismo, é que na medida em que se acentua o significado da opção individual, com menor ênfase nas determinações sociais, tende-se a estabelecer um corte entre os elementos conscientes e a massa informe, corte que aparece, segundo Boris, em mais de um escrito e no comportamento de muitos libertários.
Francisco Hardman[3], em sua tese de mestrado, afirma que há várias razões para o predomínio anarquista no movimento operário, mas aponta para tendências históricas as quais considera importante.  Citando Boris Fausto, no primeiro tópico, ele aponta que as doutrinas anarquistas propagaram-se em regra nas áreas de menor concentração industrial – Itália, França, Espanha, Portugal- onde predominava a pequena indústria de propriedade individual ou familiar, na qual a organização do trabalho se baseava amplamente em trabalhadores qualificados, nos ex-artesãos convertidos em assalariados. Boris afirma que a ideia tradicional de que o papel ideológico representado pelos imigrantes no Brasil tem a ver com a similaridade do estágio de desenvolvimento do capitalismo industrial em seu país de origem foi duramente criticada por Sheldon Maram, este procurou demostrar que não há nenhuma relação entre o grau de desenvolvimento capitalista e a maior ou menor influência do anarquismo. Seu argumento se funda na ideia de que o problema da articulação dos trabalhadores não deve ser visto sob o ângulo de ideologias mais ou menos adaptáveis a determinadas formas produtivas. Os operários qualificados teriam se organizado primeiro pela maior facilidade de se articularem, enquanto a sindicalização das massas dos não qualificados surgiu depois, após décadas de esforço.  Critica também a associação trivial do imigrante ao anarquismo, afirmando também que havia outras correntes no movimento operário da Itália, Espanha e Portugal.
No segundo tópico, Hardman, ainda citando Boris, afirma que não se pode ignorar nem reduzir o papel dos imigrantes na implantação do anarquismo, e a importância de sua proveniência de países onde o movimento libertário tenha pelo menos um grande prestígio. Se o anarquismo logrou êxito no Brasil, isto não se deve unicamente ao fato de ter encontrado um campo de germinação na pequena empresa de base artesanal, mas a outros elementos, elementos esses que são destacados tanto por Boris Fausto quanto por Edilene Toledo[4]. A recusa da luta política e o implícito economicismo tinham particular atração sobre a massa de imigrantes, chegados à nova terra em busca de ascensão social e não de um mundo político estranho. Quando têm a primeira expectativa frustrada, passam a defrontar-se com o Estado. O anarquista corporificava este sentimento e lhe dava um conteúdo de luta, pela via da organização dos sindicatos e da greve geral revolucionária. No contexto brasileiro da época, o Estado era sentido como fonte de opressão, a ideia de que ele era nocivo e desnecessário e que existiam alternativas viáveis de organização social voluntária eram fatores de atração considerável.
A dificuldade de conquistar direitos e melhorias por meio da política institucional, e a exclusão política de amplos setores da população pelo pacto de dominação vigente na República oligárquica funcionou como fator de incentivo a adoção do anarquismo, fazendo do mundo do trabalho um terreno fértil para ideias libertárias, já que os anarquistas recusavam a participação dos oprimidos na política institucional propondo outras formas de atuação. Os anarquistas denunciavam constantemente o caráter classista do Estado brasileiro e o caráter fraudulento de todo o processo político e eleitoral. Assim, os trabalhadores demonstravam receptividade a essas ideias e práticas que representavam uma contribuição para o melhoramento de sua vida cotidiana e que apontavam para uma futura emancipação.
Por fim, Hardman, no seu terceiro e último tópico, reafirma a ideia de Leôncio Martins Rodrigues, ressaltando que as condições ideais para a expansão do anarquismo parecem se criar quando se conjugam, no plano político, Estados burocráticos e autoritários e, no plano econômico, a pequena oficina. Não obstante as óbvias diferenças entre os Estados burocráticos e autoritários europeus e o Estado oligárquico latino-americano é possível constatar a mesma combinação de sistema político excludente e pequena empresa.

EDUCAÇÃO ANARQUISTA NO BRASIL

O movimento anarquista tinha por objetivo a divulgação de ideias políticas que englobavam também a construção de uma cultura e moral operárias não contaminadas pelos dogmas da Igreja, do Estado e pela moral burguesa. Além da propagação desse ideário político, cultural e moral, o anarquismo procurava incentivar a luta do operariado contra a exploração capitalista.
Apesar da heterogeneidade de opiniões entre os anarquistas, havia unanimidade em relação a certos aspectos: a necessidade da abolição do Estado, a recusa da tática eleitoral e parlamentar, a oposição à idéia de um partido centralizado. Para todos os teóricos anarquistas, a anarquia era um estado social em que tivesse desaparecido toda autoridade.
Segundo os anarquistas, a ignorância era o maior empecilho para a conquista da liberdade e, consequentemente, a maior motivadora do poder de dominação que o governo tinha sobre a sociedade. Assim, o meio mais eficiente para se alcançar as ideias libertárias seria através da educação.
Com esse intuito, o de atingir a população através do conhecimento e da cultura, os anarquistas usaram de vários artifícios. Os periódicos são os mais famosos, houve vários; o tempo de vida desses periódicos geralmente era curta, alguns duraram anos, mas a maioria resistiu apenas por meses. Mas todos eles foram importantes para a expansão das ideias e reivindicações anarquistas. Como exemplos temos o jornal La Battaglia, que era escrito em italiano, entretanto sua tiragem variou entre 3.500 a 5.000 exemplares entre os anos de 1904 a 1912, sendo distribuído em mais de 100 localidades no Brasil – muitas no interior de São Paulo – e no exterior (Cf. FELICI, 1994, p. 345).
O primeiro jornal anarquista, em língua portuguesa, a ter uma publicação regular foi O Amigo do Povo, que alcançou três anos de existência. Além de ter sido o pioneiro entre os periódicos em português, O Amigo do Povo estava ligado à origem da constituição de um movimento político e sindical organizado, que influenciou sem dúvida a nascente classe operária e despertou um interesse geral pelo anarquismo gerando o surgimento de outros periódicos. A imprensa operária no período de 1847 a 1920 contou com a publicação de 341 jornais que, de alguma forma, tratavam da questão do proletariado (FERREIRA, 1978).
Entretanto, o primeiro número do jornal O Amigo do Povo já enfatizava a necessidade da fundação de Centros Educativos Anarquistas. Outra maneira de formar cidadãos mais conscientes e que daria condições para a luta através do conhecimento. Esses centros tinham a finalidade de “promover a instrução entre associados e propagar as ideias libertárias” (FERNANDEZ, 1905).
Tais centros promoviam várias atividades que variavam de reuniões onde ocorriam leituras em voz altas dos periódicos para aqueles que não sabiam ler e para que houvesse uma discussão em torno dos assuntos abordados nestes, como havia também a própria alfabetização. Eram muitas as conferências realizadas nos centros, que também promoviam cursos profissionalizantes para os seus adeptos.
(...) Difundir a cultura nos meios populares, o Centro de Cultura Social prossegue no desenvolvimento de sua fecunda atividade despertando cada vez mais interesses principalmente entre os trabalhadores.
Além das conferências sobre as questões que se relacionam com o problema social, vêm agora realizando sessões de debates, que têm o duplo resultado de ventilar assuntos úteis para o desenvolvimento da cultura popular e generalizar o hábito de discutir em público com serenidade e espírito de tolerância mútua.”
(C. C. S. ,1934B).
Além dos Centros Culturais, foi fundado em 1934 o Ateneu de Estudos Científicos e Sociais, que tinha por finalidade:
(...) permitir o estudo dos problemas humanos com absoluta independência de credos políticos, sociais ou filosóficos, à margem do partidarismo político e das paixões religiosas.
O interesse por esse problema levou ao salão dos Contadores um bom número de pessoas que haviam sido convidadas, notando-se vários estudantes das escolas superiores, intelectuais e operários.
(...) Deu-se, então, por fundado o Ateneu de Estudos Científicos e Sociais que tem por fim promover conferências, leituras comentadas e editar uma revista de caráter científico, crítico e filosófico (ATENEU..., 1934).
Quando se remete ao anarquismo e sua ação educacional e cultural não se pode deixar se citar as escolas libertárias, além de promover a alfabetização, as crianças tinham acesso as informações das lutas libertárias, a ideologia anarquista era apresentada aos seus futuros militantes. Foi criado ainda, o jornal O Início, que era escrito e dirigido pelos alunos das Escolas Modernas, visando divulgar trabalhos escritos e fornecer informações das atividades sociais.
A primeira escola libertária brasileira foi a “Escola União Operária”, no Rio Grande do Sul, provavelmente originária dos ex-integrantes da Colônia Cecília. Outras começaram a surgir em distintas regiões do país como a Escola Germinal no Ceará (1906) e a Escola Moderna em Petrópolis (1913).
Como em São Paulo era observado uma maior efervescência das ideias libertárias, na cidade foram fundadas duas escolas libertárias Escolas Modernas nº 1 e nº 2. A inauguração da segunda escola moderna em São Paulo foi noticiada nos periódicos:
Cientificamos às famílias que se acha instalada no prédio da Rua Muller 74, a Escola Moderna nº 2, criada sob o auspício do Comitê pró Escola Moderna.
Esta escola servir-se-á do método indutivo, demonstrativo e objetivo, e baseia-se na experimentação, nas afirmações científicas e racionadas, para que os alunos tenham idéias claras do que se lhes quer ensinar.
(...) Na tarefa de educação tratar-se-á de estabelecer relações permanentes entre a família e a escola, para facilitar a obra dos pais e dos professores. Os meios para criar estas relações serão as reuniões em pequenos festivais, nos quais se recitará, se cantará, e se realizarão exposições periódicas dos trabalhos dos alunos: entre os alunos e professores haverá palestras a propósito de várias matérias, onde os pais conhecerão os progressos alcançados pelos alunos.
S. Paulo, 16 de agosto de 1913.
A Diretoria (O ENSINO..., 1914).
Os propósitos da Escola Moderna podem ser assim resumidos: as crianças devem ser instruídas na justiça, na verdade, livres de preconceitos e capazes de raciocinar e, ao saírem da escola, devem continuar “inimigas mortais dos prejuízos, serão inteligências substantivas, capazes de formar convicções pensadas, próprias, suas, a respeito de tudo que seja objeto do pensamento” (FERRER, s.d., p.26). As escolas modernas também defendiam a prática como meio de aprendizagem, sendo o convívio com a realidade juntamente com o professor um ponto fundamental da pedagogia libertária.
Outro diferencial das escolas libertárias é que os anarquistas acreditavam que a educação mista era necessária, para eles “crianças de ambos sexos tenham idêntica educação; que por semelhante maneira desenvolvam a inteligência, purifiquem o coração e moderem suas vontades; que a humanidade feminina e masculina se complementem, desde a infância, chegando a mulher, a ser não do homem, sim na verdade, a companheira do homem (FERRER, s.d., p.30). provocando, assim, mais um embate com a Igreja que promovia a educação em escolas exclusivas para meninas e meninos separadamente.
Através das escolas libertárias, os anarquistas promoveram um bem para todo o país. Independente do objetivo de formar militantes anarquistas, tanto as Escolas Modernas como os Centros Culturais contribuíram para a formação de uma sociedade mais bem informada, diminuindo, inclusive, o analfabetismo entre a classe operária. Alem de ter promovido uma reciclagem dos métodos educacionais, como a co-educação de meninos e meninas, a relação não autoritária entre professor e aluno, a participação ativa da família, a produção e apresentação de temas científicos pelos alunos como parte de eventos realizados nas escolas, a presença dos assuntos do cotidiano proletário dentro da produção de conhecimento curricular, entre outros.
  
CONCLUSÃO

              No decorrer das nossas leituras percebemos que o anarquismo teve uma amplitude ideológica e política, no contexto das movimentações operárias, da qual não tínhamos conhecimento. Podemos desconstruir várias ideias, como por exemplo, o estereótipo comum que associava o imigrante ao italiano-anarquista, como também ter a noção de que o anarquismo não foi uma ideologia homogênea, tendo várias correntes. O ideário anarquista foi demasiado importante para a contribuição na formação de uma consciência de classe e, no caso brasileiro, a sua atuação foi, sobretudo, através dos sindicatos revolucionários. A divulgação do pensamento anarquista se deu através dos periódicos, assim como nos centros culturais e escolas modernas.
Para finalizar, achamos interessante trazer à tona a concepção de Caio Túlio Costa a respeito dos anarquistas:
“Ninguém, mais do que os libertários, olharam para a história como o Angulus Novus de Paul Klee, como disse o Walter Benjamim; um quadro que ‘representa um anjo como se estivesse a ponto de distanciar-se de algo que o deixa pasmado. Seus olhos e boca estão desmesuradamente abertos, as asas estendidas. E este deverá ser o aspecto do anjo da história. Tem o rosto voltado para o passado. Onde nós vemos simplesmente uma sequência de datas ele vê uma catástrofe única que amontoa incansavelmente ruína sobre ruína, arrojando-as a seus pés.’ Assim também os anarquistas, envolvidos pela catástrofe e pasmados ante a barbárie que o próprio homem produziu.”        
(COSTA, pág. 120, 1996)


BIBLIOGRAFIA

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Site:


[1] SERGE, Victor. Memórias de um Revolucionário. 1901-1941. São Paulo, Cia. das Letras,
1981, p. 51.

[2] FAUSTO, Boris. Trabalho Urbano e Conflito Social. 3. Ed. São Paulo: DIFEL, 1983.

[3] HARDMAN, Francisco Foot. A estratégia do desterro: situação operária e contradições da política cultural anarquista, Brasil 1889-1922. Campinas. 1980. Dissertação (Mestrado) IFCH/UNICAMP.
[4]  TOLEDO, Edilene. A trajetória anarquista no Brasil na Primeira República. In: FERREIRA, Jorge; REIS, D. A. As Esquerdas no Brasil. A Formação das Tradições (1889-1945). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007.