A Revolta da Chibata: Batalhas
pela Memória para a Construção da Cidadania
Grupo: Derwin, Lucas Rossiter, Luiz Felipe, Paulo Luiz de
Mendonça, Sebastião
1 – Introdução
O historiador José Honório
Rodrigues em seu livro História e Historiografia, na década de 1970,
argumentou quanto às diferenças entre a história do Brasil real e o oficial bem
como a outro aspecto pouco estudado pela historiografia até então e que dizia
respeito aos movimentos populares ao registrar:
“Já escrevi nas teses da
conciliação e reforma no Brasil que o grande sucesso da história do Brasil é
seu povo, e a grande decepção sua liderança, e que os momentos criadores
resultam sempre da colaboração intima e estreita entre liderança e o povo. O
Brasil real e oficial, a história do Brasil real e oficial são duas faces de
uma unidade básica, que devem ser somadas e não divididas, devem ser solidárias
e não separar-se.”[1]
Através da análise de
movimentos populares, como a Revolta da Chibata, podemos discutir quais as perspectivas
historiográficas anteriores e posteriores à esse processo, fazendo com que
exista um enriquecimento para o fazer histórico e seus respectivos debates,
ampliando a análise dos acontecimentos protagonizados pelas camadas
populares. Quem contribui nessa linha
de análise é a pesquisadora Tânia Maria Bessone com o artigo A Imprensa e o contexto da revolta da chibata: história e
historiografia, que tem como objetivo principal analisar a produção
historiográfica relacionando a uma fonte muito importante: a imprensa do Rio de Janeiro. A partir disso
ela disserta que o tema ganhou uma nova importância entre 1990 e 2000, pois novas teses acadêmicas foram produzidas
buscando entender quem eram os homens do mar daquele período. Utilizando-se de novas linhas teórico-metodológicas
que retratam os fundamentos de uma civilização marítima no Atlântico, que busca
os traços de cidadania nesses eventos e que é parte integrante de um processo
histórico. Com isso ela mostra que o
contexto da jovem república brasileira tinha muitas características do Império,
e estava tomada por contradições que por um lado estava passando por
transformações urbanas e a introdução de novas tecnologias que modificavam a
feição de muitas cidades, enquanto que a maior parte da população vivia em
condições miseráveis e não eram assistidas pelo governo da época criando nestes
uma continua insatisfação que se refletiu em inúmeras manifestações
populares.
O Rio de Janeiro no começo do século
XX tem todas as características expostas acima, sendo uma cidade cheias de
nuances e transformações. A imprensa era uma importante fonte que vem retratar
um Rio que busca pelo moderno e pela civilização, mais que também continha
elementos nada promissores como: eleições fraudulentas, repressão policial nas ruas,
deslocamentos forçado de moradias, e outros projetos ambiciosos que visavam
“trazer a civilização” aos trópicos, como um novo templo ao livro e o prédio da
Avenida Central para a Biblioteca Nacional, além da música e o teatro. Essa importante fonte que
é a centenária imprensa do Rio vai contribuir de maneira significativa na
divulgação, análise e denúncias, com fotos, caricaturas e artigos de opinião
sobre os acontecimentos mais variados e supreendentes que se produziam. A Revolta da chibata terá uma das mais
significativas participações da imprensa que a tornará visível aos olhos do
Brasil da época e serviriam para a posteridade com importante fonte.
Um outro autor, este da década de 1980,
é Marcos Silva, que em seu livro Contra
a Chibata: marinheiros em 1910, segue uma linhagem muito próxima a da
historiadora Tânia Bessone, mais que diverge em alguns aspectos. Ele mostra
como nas batalhas pelas memórias houve ações por parte de uma
historiografia oficial e a grande imprensa para silenciar comemorações e
reduzir a importância do movimento nos livros didáticos, pois não interessava
ao Brasil daquele momento que manifestações de cunho popular estivessem em
voga. Com isso seu livro é de tamanha
importância, pois além de ser um divulgador da revolta, mostra em que cenário
se deu o movimento e suas inter-relações
com as contradições da época.
O presente trabalho busca registrar algumas “batalhas” ocorridas pela
apropriação da memória do movimento conhecido como A Revolta da Chibata, de
1910 até o início do século XXI, e de como a visão sobre esse movimento foi
sendo modificada ao longo do tempo. Cabe
ao historiador, a qualquer tempo, buscar o entendimento mais aproximado sobre
os processos históricos, através de uma narrativa cada vez mais clara e menos
incompleta pois “...cada vez mais
historiadores estão começando a perceber que seu trabalho não reproduz ‘o que realmente aconteceu’, tanto quanto o
representa de um ponto de vista particular.
Para comunicar essa consciência aos leitores de história, as formas
tradicionais de narrativa são inadequadas.
Os narradores históricos necessitam encontrar um modo de se tornarem
visíveis em sua narrativa, não de auto-indulgência, mas advertindo o leitor de
que eles são são oniscientes ou imparciais e que outras interpretações, além
das suas, são possíveis.”[2]
2 – Contexto Histórico
Esses recrutados eram em sua em sua maioria de “não-brancos”
como descreve Álvaro Pereira do Nascimento, em artigo publicado em 2010 em
homenagem aos 100 anos da revolta. Álvaro
registra que diante da “nova sociedade” houve uma tentativa de mudança desse
quadro, devido a convicção que esses homens “egressos do cativeiro” não teriam
condições de formar uma base social adequada a um país que tendia a “potência
econômica”.[3] Enquanto a mudança social não se dava pela presença de
imigrantes europeus, os oficiais da marinha acreditavam que era necessário
punir por meio da força para acelerar o equilíbrio da nova sociedade que se
pretendia. É aí que se insere os
castigos físicos, a chibata.
Outra questão a ser abordada é o de porque que apenas na República
ocorre a revolta da chibata, se no
império já existia esse tipo de punição. A resposta é a de que no Império
aparentemente existia “apenas” a chibatada, enquanto que na República, além da
chibatada havia uma multa no salário, ou a opção de ficar por tempo
indeterminado detido no navio, até que o seu superior acreditasse que o marinheiro
estava redimido da sua ação.
3 – Os “Acontecimentos”
Apesar de Fernand Braudel afirmar
ser a “...história dos acontecimentos (histoire
événementielle) como não mais que a
espuma nas ondas do mar da história.”[4],
os “acontecimentos” ajudam a nos situar no tempo e no espaço e a levantar
questões sobre esses importantes elementos dos processos históricos.
Em 22 de novembro de 1910 estoura uma
revolta que segundo João Cândido Felisberto, principal nome dos revoltosos, já era planejada há no mínimo dois anos.
Segundo Joseph L. Love
(Universidade de Illinois), existiria uma influência do modus operandi da revolução ocorrida
em Portugal poucas semanas antes, que resultou na deposição do rei D. Manuel
II. Os homens, bem como os oficiais do
Adamastor, e os de outros navios portugueses, teriam fornecido um modelo de revolta naval
quando o São Paulo estivera em Lisboa seis semanas antes da insurreição
de 22 de novembro no Rio de Janeiro.[5]
Os
mais de mil marinheiros subalternos da Marinha de Guerra se rebelaram na baía
de Guanabara, conforme já registrado,
exigiam melhores condições de trabalho e o fim dos castigos corporais, em
particular, a abolição da chibata. A
rebelião durou aproximadamente cinco dias e mobilizou a sociedade e a opinião
da época. A revolta estava prevista inicialmente
para o dia da posse do novo presidente da República, Hermes da Fonseca, no dia
15 de novembro, mas foi adiada em 10 dias, e executada antes devido a pena de
200 chibatadas em um marinheiro de nome Marcelino.
Nas ruas e nas folhas da cidade a maior discussão seria entre os civilistas que
apoiavam Rui Barbosa e os militaristas que apoiaram o marechal, pois diziam que a revolta era um golpe tramado pela
oposição.
A carta em que João Cândido expõe as principais
reivindicações dos marinheiros, dá uma idéia geral do sentimento dos
amotinados. João Candido demonstra que
a chibata era a principal reivindicação, mas não a única. Se juntarmos a carta de João Candido com o
discurso de Rui Barbosa no Senado, conseguiremos notar que a discussão girava
em torno da condição de cidadão, “brasileiro e republicano”, dos marinheiros, a
reclamação girava em torno de aumento de soldo e outros itens. “ Reformar o código imoral e vergonhoso
que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos
semelhantes; aumentar o nosso soldo pelos últimos planos do ilustre Senador
José Carlos de Carvalho, educar os marinheiros que não têm competência para
vestir a orgulhosa farda, mandar pôr em vigor a tabela de serviço diário, que a
acompanha.” é um trecho que expressa a luta dos marinheiros por melhores
condições de vida.
À luz da cidadania é
possível notar que o marinheiro não era considerado cidadão na plenitude da
lei. Um trecho da primeira constituição republicana registrava:
Art 70 -
São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da
lei.
§ 1º - Não podem alistar-se eleitores para as eleições federais ou para as dos
Estados:
1º) os mendigos;
2º) os analfabetos;
3º) as praças de pré, excetuados os alunos das escolas militares de ensino
superior;
Em destaque temos as “as praças de pré;” item 3º, que seriam
os militares sem graduação, que não poderiam votar. Desconsiderados como cidadãos, os
marinheiros não detinham direitos políticos e nem sociais, pois na Constituição
estava registrado que “nenhum cidadão
irá punir outro cidadão fisicamente”.
Logo após a anistia e a entrega das armas, é deflagrada uma outra revolta
que foi reprimida com muita ferocidade. Alguns estudiosos levantam o questionamento se
essa segunda revolta teria sido uma
revolta “plantada”, que não partiu dos revoltosos mas sim do governo, motivado
pelas intensas críticas da imprensa e da sociedade ao presidente Hermes e a sua
“derrota” frente aos revoltosos. Diante disso Hermes anuncia a expulsão dos
marinheiros que seriam considerados “inconvenientes à disciplina”. Era disseminado o medo frente a novas
sublevações entre os marinheiros, que seria um motim imperdoável ao oficialato. Com
essa enorme quantidade de expulsões, o Capitão Anthero José Marques diz o
seguinte: "No
dia 29 de novembro começaram a circular boatos de nova sublevação nos navios e
também no Batalhão Naval. No dia 2 de
dezembro a polícia efetuou a prisão de 8 marinheiros e um soldado naval, que se
achavam conspirando em uma casa, na rua do Lavradio. No dia 4, foram presos
pela polícia mais 22 marinheiros, que se achavam reunidos em uma casa, na
Piedade. Pelo inquérito a que essas praças responderam, ficou apurado tratar-se
de nova revolta a bordo dos navios, na qual o Batalhão Naval tomaria parte. No
dia 5, foi ordenado no Batalhão Naval rigorosa prontidão, recolhendo-se ao
quartel os destacamentos que estavam e que não eram necessários."[6]
Esse levante foi logo reprimido e
resultou em um saldo de inúmeros marinheiros[7]
fuzilados, presos e transportados em situações degradantes, entre eles João Cândido, que quase morreu na
prisão, mas acabou internado no Hospital de Alienados. Os sobreviventes às más condições na prisão
do complexo naval da Ilha das Cobras, durante o Natal de 1910, foram colocados
no navio Satélite, que foi preparado para deportar para o
Norte do Brasil cerca de 491 pessoas.
4 – A Construção da Memória Sobre a Revolta da Chibata
A construção do personagem João
Cândido se dá a partir dos acontecimentos da noite de 22 de novembro de 1910. Em 1912, o Conselho de Guerra absolve João
Cândido e mais 9 companheiros. A partir de então, qual a memória que se
tem sobre João Cândido e a Revolta da Chibata ? Que elementos são possíveis detectar na
construção dessa memória ? Segundo
Daniel Aarão reis, são “...conhecidas as
artimanhas da memória. Imersa no
presente, preocupada com o futuro, quando suscitada, a memória é sempre
seletiva. Provocada, revela, mas também silencia.”[8] Ao
longo do tempo, que imagens foram sendo criadas e resignificadas. Quais foram retiradas da construção sobre a
Revolta da Chibata ?
Em
Novembro de 1910, o palhaço e compositor negro Eduardo das Neves (1874-1919),
conhecido também como Dudu das Neves e Diamante Negro, compôs a cançoneta Os
reclamantes, sobre a revolta dos marinheiros. “Nela,
o desespero dos moradores do Rio, que fugiram
dos possíveis bombardeios, é retratado com humor, concretizando um
segundo momento de recepção do acontecimento. O compositor exalta João Cândido,
“marinheiro de opinião”, contribuindo, assim como outros órgãos de imprensa que
desde logo o chamaram de “almirante”,9 para a sua transformação de anônimo em
personagem famoso. Contudo, o grande momento destacado pela cançoneta é o
retorno à ordem depois da revolta de novembro,
talvez como forma de se evitarem problemas com as autoridades que
costumavam censurar, no período, algumas
manifestações culturais populares por intermédio da ação policial.”[9]
Ainda em 1910 é produzido o
curta-metragem A Vida de João Cândido. “Esse filme teria sido uma das primeiras
produções do cinema brasileiro a serem censuradas. Tido como desaparecido, temos poucas informações sobre seu conteúdo. Uma nota
publicada no Correio
de Manhã 23 de janeiro de 1912 dizia que o chefe
de polícia do Rio de Janeiro proibiu a sua representação, mandou apreender os
cartazes-reclamos e deu ordens para que prendesse os distribuidores dos
reclamos.”[10]
Em 1912, o jornalista e escritor Paulo Barreto decidiu publicar uma
série de artigos intitulados Memórias de
João Cândido, o marinheiro. Esses artigos são apontados como sendo de co-autoria do
próprio João Cândido, cabendo a Paulo Barreto, a introdução de elementos
ficcionais na narrativa. As Memórias de João Cândido podem ser
dividias em três partes. “Num
primeiro momento, ele conta o seus inícios na Marinha e suas viagens
internacionais. Nesse sentido, suas
memórias lembram um ‘diário de viagem’ (narrativa na primeira pessoa, tempo
cronológico, descontinuidades e impressões sobre o Outro). Esse tipo de texto
pode ser encontrado com frequência em publicações dos oficiais da Marinha, os
quais costumam dotar seus textos, assim como o marujo, de um forte sentimento
nacionalista. A especificidade das “Memórias” reside, no entanto, no fato de
que o testemunho é feito por um marinheiro subalterno, a quem muito raramente
se atribui o ‘lugar da escrita’. Em um
segundo tempo, as “Memórias” narram os fatos da revolta dos marinheiros, desde
a organização até a anistia. Fornece aos leitores uma série de informações que
somente uma pessoa que se encontrava nos navios poderia conhecer. João Cândido
revela igualmente diversos detalhes, como as horas precisas, os nomes de outros
‘comandantes rebeldes’ (como ficaram conhecidos em parte da imprensa da época)
e a movimentação dos navios. Aqui, o texto assume um vigor típico dos ‘diários
de guerra’, outro tipo de narrativa geralmente própria dos oficiais. Enfim, um terceiro momento da história de
João Cândido cumpre uma função de denúncia: ele acusa o governo de ter
contribuído para a preparação da revolta
de dezembro no Batalhão Naval, e, à guisa de conclusão, o marujo expõe seu
sentimento de injustiça quanto à sua exclusão da Marinha.”[11]
A partir da década de 1930, surgem os
primeiros escritos que tomam partido dos marinheiros rebeldes, como o livro
escrito em 1931 pelo poeta comunista e surrealista francês Benjamin Péret
(1899-1959). “A revolta dos marinheiros brasileiros
seria, segundo ele, uma versão tupiniquim do motim russo [a revolta
do encouraçado russo Potemkim acontecida em1905]. Entretanto, seu livro, que se
intitulava O
Almirante Negro em homenagem a João Cândido, nunca chegou a ser publicado, pois os
manuscritos foram apreendidos pela
polícia de Getúlio Vargas e provavelmente destruídos quase em sua
integralidade. Somente quatro páginas
foram encontradas posteriormente, na década
de 1980. Péret analisa a revolta
como uma expressão da luta de classes e convida
o conjunto dos trabalhadores brasileiros para fazerem uma ‘greve geral
revolucionária.’”[12]
Outra publicação, de 1934, utiliza a revolta dos marinheiros como pano
de fundo para se incentivar a conscientização e a “luta de classes”. O livro, editado clandestinamente em
Pelotas, Rio Grande do Sul, foi assinado com o “...pseudônimo de Benedito Paulo, [que] foi identificado como o médico
Adão Pereira Nunes, ainda escritor e político filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). O Brasil
é apresentado como um “país
semicolonial”, cujo “povo oprimido” tinha necessidade de conhecer
histórias como a da revolta dos
marinheiros para que se formasse uma consciência de classe popular.”[13]
Porém,
teria sido João Cândido um homem de esquerda ?
Teria o mesmo se identificado com o socialismo ou com as teorias
revolucionárias subjacentes a tal modelo de sociedade ? Não achamos em nossa pesquisa elementos
suficientemente consistentes que pudessem apontar nessa direção. O mais provável, conforme já registrado,
seria “limitar” o pensamento de João Cândido e de seus companheiros às
reivindicações apresentadas no auge do movimento de 1910. “O fato de ter participado de uma revolta
popular que se tornou um legítimo ícone
para intelectuais e políticos de esquerda não significa, no entanto, que
João Cândido fosse assumidamente um homem de esquerda. Ao contrário, devemos
considerá-lo em seu contexto e em sua complexidade como agente histórico” [14] Pelo
contrário, na década de 1930, João
Cândido “...assumia no período uma
orientação política bastante oposta: era
simpatizante da Ação Integralista Brasileira, movimento de tendência fascista fundado em 1932, cujas palavras de ordem eram
“Deus, Pátria e família”. João Cândido contava que havia sido abordado
pessoalmente pelo líder Plínio Salgado,
e que havia aderido à organização junto a vários companheiros marinheiros e
oficiais da Marinha.” [15]
Quando
o próprio João Cândido afirma que “Vesti a camisa verde. Pertenci ao núcleo da
Pavuna e várias vezes fui recebido pelo Dr. Plínio Salgado, sempre cercado de
oficiais da Marinha, com os quais conversei de igual para igual. Entrei no
integralismo, por ver a minha gente, de corpo e alma, mergulhada no casarão da
rua Sachet (quartel-general dos galinhas verdes). Fiz parte da marcha sobre o
catete, ao lado de patentes superiores das Forças Armadas.”[16]
está corroborando para o entendimento de que suas ações foram e são apropriadas
tanto pela direita quanto pela esquerda.
O seu envolvimento ao movimento integralista se deu por causa da
participação da Marinha, com a qual se identificava, nunca querendo instigar a
causa revolucionária; porém saiu frustrado com o movimento.
Durante
o Estado Novo (1937-1945), a narrativa sobre a Revolta da Chibata parecia ter
desaparecido. Não só a memória sobre
a revolta dos marinheiros, mas qualquer movimento popular que fosse de encontro
ao pensamento vigente pelo poder à época, era duramente reprimido, como o
comunismo, por exemplo. “Todavia, com o retorno à democracia, o tema
retorna às páginas da imprensa e anima polêmicas envolvendo oficiais da
Marinha. O comandante reformado Luís Altran de Alencastro Graça reage, em
jornal de grande tiragem, a uma reportagem sobre a memória da revolta dos
marinheiros publicada pelo jornalista Raimundo
Magalhães Junior no Diario de Noticias em 1948. O oficial diz, a respeito de
João Cândido, que: ‘se o nome desse infeliz pertencesse à História, na opinião
do ilustre jornalista, que tão bondosamente o apadrinha, não devia ser à
guisade herói. Melhor então não possuir
história, para não confundi-la com os anais da criminologia’.”[17]
Em 1959, um jornalista conhecido do Rio de Janeiro escreve um livro em
que expõe 10 anos de pesquisa sobre o tema. Trata-se
de Edmar Morel (1912-1989), que
publica, no Rio de Janeiro, A Revolta da Chibata. A publicação torna-se um marco para a
memória do acontecimento, batizando a
rebelião. Narrativa de um “historiador
amador”, a obra de Edmar Morel é uma fonte importantíssima sobre o tema. “Os
temas históricos eram frequentemente escolhidos pelo repórter Morel, e ele utilizava métodos próximos aos do
historiador, como o recurso a fontes impressas localizadas em arquivos e nas
coleções da imprensa. Porém, ele sempre se apresentou como jornalista ou
repórter, assumindo mais facilmente a importância do tempo presente como ponto
de partida. Além disso, se o procedimento
de investigação do autor é próximo do método do historiador, sua escrita é bastante diferente. Enquanto o
historiador sente necessidade de citar datas, de fazer referências às fontes,
de interromper seu texto com notas de rodapé, o repórter Morel prefere
privilegiar a fluência da narrativa, que não deve ser muito interrompida com
esse gênero de referências. No
entanto, mesmo sem evidenciar suas relações com outras escolas do pensamento,
estabelece diálogos com outras linhas da historiografia, nomeadamente através
da recuperação da figura de um “herói da
ralé”, nos seus dizeres.[18] A
obra de Edmar Morel pode se encaixar, então, na perspectiva de uma proposta de
leitura de uma história “...vista de
baixo’; em outras palavras, com as opiniões das pessoas comuns e com sua
experiência da mudança social.”[19]
Sem dúvida a obra de Edmar Morel foi o primeiro trabalho sistematizado sobre a
“Revolta da Chibata”, título que ele colocou para o movimento e que até hoje se
perpetua. Conforme já registrado, existiram
narrativas sobre a revolta antes de Edmar Morel produzir sua pesquisa, porém, a
obra de Edmar Morel, como afirmam muitos autores, ajudou a preservar a memória
do movimento liderado pelo marinheiro João Cândido. Aliás, o livro tem também o
cunho biográfico desse líder, numa tentativa de preservar a memória desse
marinheiro na História do Brasil, que na famosa afirmação de Gilberto Amado foi
“o negro que violentou a história”.[20]
A primeira edição foi publicada em 1959, sendo publicadas mais quatro
(1963, 1979, 1986 e 2009). Ao mesmo tempo em que novas edições foram sendo lançadas,
o autor ampliou o livro com mais informações e inclusão de documentos que
ajudaram a preservar a memória de João Cândido. A edição usada para essa
pesquisa foi a última (publicada em 2009),
produzida devido à aproximação do centenário do movimento em 2010, e organizada
pelo filho do autor, Marco Morel. Essa edição é mais completa, uma vez que faz
um relata a história do livro e de seu autor e inclui informações significativas que não estiveram ao alcance de
Edmar Morel, incluindo anexos importantes. Tais inclusões são constituídas pelas Memórias de João Cândido publicado na Gazeta de Notícias e pela versão oficial
de Luís Alves de Oliveira Bello, que procurou desconstruir a narrativa de Edmar
Morel.
O objetivo do livro, além de narrar as revoltas de novembro e de dezembro
de 1910, é enaltecer a figura de João Cândido e colocá-lo em um patamar de
herói para o povo brasileiro, mais especificamente para os marujos, dando-lhe a
alcunha de ter acabado com a chibata na Marinha. Assim como enaltece a figura
do jangadeiro cearense Francisco José do Nascimento, que no século XIX impediu
o transporte de escravos para outras partes do Brasil – sendo intitulado Dragão do Mar – Edmar Morel afirma ser
João Cândido um dos heróis que deve ser lembrado e registrado em nossa história.
Vale ressaltar que outras versões tentaram desconstruir a de Edmar Morel
contida nesse livro como a do oficial da marinha Luís Alves de Oliveira Bello.[21]
Essa versão coloca João Cândido como
um líder indeciso, sem muita capacidade de liderança sobre a tripulação e que
tinha uma má reputação entre eles. É
evidente o tom racista dessa versão.
Morel mostra que longe de ser um levante desorganizado, sem planejamento,
com uma liderança incapacitada, a Revolta da Chibata – ou seja, o movimento
insurgido em novembro - foi um movimento louvável em seus objetivos, em sua
organização e humanidade. Através de relatos do próprio João Cândido, Morel
narra como foi planejado o movimento que foi organizado com dois anos de
antecedência; traz à tona a capacidade de liderança do “almirante negro”, que é
marcado por sua profunda humanidade, sendo paciente em não ter bombardeado a
cidade do Rio de Janeiro, que estava à mercê dos marinheiros revoltosos; e mostra
que tal movimento não incitou nenhuma revolta política contra o governo
brasileiro, mas procurou se deter em acabar com as práticas retrógradas que
existiam na Marinha, em meio a um sistema político – República - instaurado poucos anos antes, que não dava
lugar aqueles costumes repugnantes – como os severos castigos físicos típico à
época da escravidão, má alimentação e aumento da carga horária de trabalho. De
acordo com Morel “Com João Cândido, almirante por cinco dias, negro, gente do povo, a história
era outra. Não havia política na sua insurreição. Não existia nenhum interesse
em busca de uma maior boa posição na vida. Reclamava, apenas, o direito de
viver com dignidade, sem relho, comida farta e sadia, enfim, vida de gente.”[22]
Percebemos em algumas passagens do livro,
que os marinheiros não reivindicavam uma maior participação na política, ou
seja, uma ampliação dos seus direitos políticos. Em uma delas, a marujada, ao
enviar a seguinte mensagem exigindo a anistia ao governo, afirma que está “Confiante
na pessoa de V. Exa. a marujada faz humilde aos vossos pés, mas não se
descuidando, desta data em diante, de andarmos prevenidos para uma outra
ocasião, quando forem violados nossos direitos, bem como pedimos que nesses direitos o marinheiro tem
por fim de proceder com a melhor forma de correção. Outrossim a Marinha pede a
garantia de todos revoltosos e que nenhum castigo soframos depois da nossa
entrega Em nome da Marinha Brasileira, somos de S. Exa. humildes subordinados –
Saúde e fraternidade. Os marinheiros revoltados.”[23]
Percebemos nessa afirmação que havia
sim uma busca por maiores direitos sociais sem, contudo, exigirem uma maior
reivindicação de direitos políticos. Portanto, também em Edmar Morel, seria
equivocado afirmarmos que a revolta dos marinheiros liderada por João Cândido
representava uma luta política, a exemplo do que tentavam alguns movimentos
políticos ocorridos na primeira metade do século XX, principalmente por setores
comunistas que usavam a revolta para arregimentar o apoio de militares à causa
revolucionária.
A reflexão que podemos fazer a respeito da Revolta da Chibata é que a
mesma está inserida em um contexto histórico brasileiro em que o significado da
palavra cidadania encontrava-se ainda
em seus momentos iniciais de definição, uma vez que tal conceito tem sido
construído pela sociedade brasileira ao longo da República.[24] Hoje
podemos conceituar o termo “...como um
complexo de direitos e deveres atribuídos aos indivíduos que integram uma
Nação, complexo que abrange direitos políticos, sociais e civis. Cidadania é um
conceito histórico que varia no tempo e no espaço” [25],
porém a mentalidade dos marujos revoltosos, ao analisarmos a obra de Edmar
Morel, era desprovida dessa conceituação de cidadania que temos atualmente.
Para eles, especialmente para João Cândido, conforme já registrado, as
exigências gravitavam em torno dos direitos sociais. Podemos refletir também, sobre o que os
marinheiros revoltos esperavam do regime republicano. Quanto a isso, Edmar Morel
tenta problematizar o fato da permanência da chibata em meio ao regime
republicano. Após a proclamação da
república, o governo provisório havia proibido o uso dos castigos físicos na
marinha. No entanto, devido a pressões
de oficiais da marinha a chibata tinha sido retornada. Os
revoltos viam o próprio governo republicano como a instituição responsável a
abolir essa prática.
Edmar Morel também faz comparações com o levante de novembro aos
movimentos que ocorreram no Brasil, na época da Colônia e do Império, e o
encouraçado Potemkin. Em relação aos movimentos insurretos ocorridos nos séculos
anteriores no Brasil, Edmar Morel distingue o movimento liderado por João
Cândido por ter sido mais organizado, com líderes vindo da parte mais baixa da
sociedade.
Em comparação ao levante ocorrido
no encouraçado Potemkin na Rússia, Morel enaltece a dignidade com que ficou
caracterizada a Revolta liderada por João Cândido, na qual os marinheiros
trataram com respeito à oficialidade e mantiveram a disciplina entre a
tripulação, jogando ao mar todas as bebidas e deixando os navios em perfeita
ordem. “Ressaltem-se, por fim, os sentimentos de humanidade de João Cândido,
mandando para terra os corpos dos seus superiores abatidos, quando, de arma em
punho, tentavam restabelecer a ordem a bordo. A lancha que conduziu os
cadáveres do Comandante Batista das Neves, dos capitães-tenentes José Cláudio
da Silva e Mario Lahmeyer levou, também os despojos dos marujos mortos pelos
seus superiores. [...] No Potemkin os oficiais assassinados foram
atirados ao mar...”[26]
No que se refere aos objetivos, a revolta de João Cândido não foi,
segundo Morel, por causa de comida, como foi o caso do movimento do encouraçado
Potemkin, mas sim pelo fim dos castigos físicos aos marinheiros. Porém,
a obra de Edmar Morel não discute com mais detalhes as outras reivindicações
dos marinheiros no levante de novembro e principalmente de dezembro. Apesar de registrar
o recrutamento forçado existente para a Marinha, o autor não aborda a questão
do racismo existente nesta mesma instituição, que impulsionava ou justificava
os castigos corporais aos marujos negros. Quem vai fazer um registro histórico mais
acurado sobre essas reivindicações dos marinheiros é o historiador Álvaro
Pereira do Nascimento em seu artigo A
Revolta da Chibata e seu centenário. Esse
autor procura discutir, de forma acadêmica, a questão da reivindicação dos
marinheiros por um melhor tabelamento de serviços, por aumento dos salários, o porquê do pedido da retirada dos oficiais
carrascos, a luta pela mudança no código
disciplinar e a educação para os marinheiros.
Outro ponto importante na obra de Edmar Morel é a riqueza documental que
foi utilizada para fundamentar a sua produção. Dentre eles, destacam-se os discursos de Rui
Barbosa, principal defensor da anistia para os marinheiros, e de outros
políticos nos deixando a par do que ocorria no senado naquele tenso momento, e
deixando patentes as ideologias que fundamentavam cada argumento. Outra fonte
escrita são as cartas e mensagens dos marinheiros ao presidente deixando
evidente que a revolta não tinha uma intenção política, mas sim as melhores
condições de trabalho para os marinheiros.
Outra fonte, oral, é a dos depoimentos de João Cândido concedidos ao próprio
autor.
A obra
de Edmar Morel tem sido obrigatória para aqueles que desejam pesquisar a
revolta dos marinheiros de 1910, sendo indispensável na bibliografia referente
a esse assunto.
Em fevereiro de 1960, o comandante Oliveira Bello escreveu um
relatório sobre a vida de João Cândido, o qual foi publicado na quarta edição
do livro de Edmar Morel sob o título Versão
Oficial. No relatório, o oficial recupera as origens de
João Cândido, sua entrada na Marinha, as viagens feitas. Faz também
uma descrição física e psicológica do marujo orientada pelo
pensamento racial: “É
preto, de cabelos negros e encrespados, olhos escuros, alto e nutrido, olhar
esquivo, feio, boca larga, andar vagaroso, introvertido, de poucas palavras e
gestos; tudo isso herdado dos pais. Temperamento híbrido … Inteligência vulgar
e pouco desenvolvida, ladino e sonso...”[27]
João Cândido torna-se uma figura
particularmente explorada por um novo
grupo de marinheiros, organizados na Associação de Marinheiros e
Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB),
criada em 1962 num contexto de politização
da sociedade e de medo, de ambos os lados, de um golpe de Estado. A
associação dos marinheiros pedia
melhorias de sua condição e ampliação de seus
direitos civis, mas se inseria num quadro mais amplo de reivindicações,
que marcou o governo João Goulart
(1961-1964). No dia 25 de março
de 1964, data de aniversário da
associação, os marinheiros
organizaram
um evento na sede do sindicato dos metalúrgicos e terminou com a prisão de
vários membros, porém, assim como depois da revolta de 1910, os marinheiros e
fuzileiros presos foram anistiados pelo presidente João Goulart, fato que foi
utilizado como um dos pretextos para o golpe militar alguns dias mais
tarde. João Cândido estava presente na
reunião. O jornal carioca Ultima
Hora do dia 27 de
março de 1964 publicou, abaixo do título “Revolta de 1910 presente em 1964”,
uma foto do ex-marinheiro aos 84 anos trajando um terno, como gostava em ocasiões do gênero, ao lado do novo líder
dos marujos e fuzileiros, o chamado Cabo
Anselmo. A imagem reproduz em um mesmo plano os dois líderes dos praças da Marinha, o do passado e
o do tempo presente. Subentende-se
assim a existência de uma continuidade entre os dois movimentos, ao mesmo tempo em que as autoridades e setores
conservadores da sociedade brasileira
eram avisados sobre a possibilidade de uma nova rebelião.
No início da década de 1970, o
tema alimenta outras manifestações culturais, como o samba O mestre-sala dos mares,
gravado em 1975 por João Bosco e Aldir
Blanc. A música teve problemas com a
censura. As palavras revolta e sangue foram censuradas; as
palavras marinheiro, almirante e negros foram
substituídas, respectivamente por feiticeiro, navegante e santos,
gerando uma total descaracterização da canção, tornando-a mais próxima de
elementos míticos do que da realidade mais concreta que pudesse encontrar maior
eco na memória coletiva.
Outro pesquisador muito importante para a revolta dos marinheiros é
Álvaro Pereira que em 1997, fez sua tese de mestrado no assunto, procurando dar
uma nova abordagem ao mesmo, começa escrevendo seu trabalho a partir de suas
memórias da infância que vai fazer com que ele se interesse pelo assunto como
pesquisador. Usando ele um modo de escrita simples narra o episódio com enorme
desenvoltura, sempre procurando se aprofundar e responder questões que ainda
não foram debatidas pela grande maioria dos historiadores, nesta perspectiva
retrata as lutas pelas memórias do pós-fato e sai do âmbito de olhar o fato
sobre uma dicotomia apaixonante, adotando para sua pesquisa um olhar inovador. Questionava Álvaro Pereira: Quem eram aqueles marinheiros ? O que eles pensavam dos
castigos recebidos? Será que aconteceram revoltas no período imperial ? Ou isso só fez parte da República? A
conscientização dos marinheiros para tentarem extinguir os castigos físicos só
havia começado em 1910 ? Com uma enorme diversidade de fontes, Álvaro
Pereira passa pelo caminho da historiografia sobre a figura do João Cândido. No decorrer de sua tese procura mostrar como
era o espaço de trabalho do marinheiro, e como o processo de recrutamento era
desumano e violento, que sempre fazia suscitar conflitos entre oficiais e
marinheiros.
Um autor que tem uma visão totalmente diferente da
maioria dos autores sobre a Revolta da Chibata é Hélio Leôncio Martins. O vice-almirante Hélio publicou, em 1988, A
Revolta dos Marinheiros, 1910, como forma de livro-resposta ou de
atualização da versão oficial da Marinha de forma mais elaborada e aprofundada. Nessa obra, o autor retrata a repressão às
rebeliões de novembro e dezembro de 1910 como uma reação “natural” dos oficiais
à grande violência praticada pela marujada em fúria. Tentando aparentar uma suposta neutralidade
em sua narrativa, o autor registra que os oficiais, vítimas de agressões
físicas, do rompimento brusco da disciplina a que estavam condicionados,
mantiveram uma atitude defensiva em relação à própria honrabilidade da
Marinha. Afirma ainda o autor que,
escritores de esquerda, utilizaram a sublevação, puramente militar que foi,
para transformá-la num movimento popular, fato que mantêm certa coerência com
as batalhas pela memória ocorridas ao longo do século XX sobre a Revolta da
Chibata. Em entrevista a Silvia
Capanema, em 2006, o vice-almirante Hélio contou que seu pai teria assistido a
uma cerimônia de punição corporal com
uso da chibata, ainda quando aspirante a guarda-marinha. Nos seus
dizeres: “Ele aguentou, mas ele tinha
um colega mais moço, que se chamava Pareras,
que era um rapaz de 14 anos, que desmaiou à vista daquele sangue. Tal
era a impressão que dava, era horrível”.
[28] Para
Hélio, a perpetuação dos castigos corporais era um signo do atraso brasileiro,
mas a supressão efetiva das punições só poderia mesmo acontecer no dia em que
fosse feita uma substituição das tripulações, tentando justificar assim, a
instituição da chibata como um elemento “civilizador” e controlador do
negro. Termina por afirmar,
contraditoriamente que “Nunca houve esse preconceito na Marinha. O Colégio
Naval está cheio [de negros]. Agora,
é difícil entrar … o nível intelectual do preto continua muito baixo, porque ele tem relação com o nível econômico.
Então a Marinha tinha essa dificuldade.”[29]
O estudo sobre a Revolta da Chibata é um importante elemento para se
entender a construção da cidadania no Brasil.
Como a História está permanentemente a ser descoberta, esperamos que
essa pequena contribuição ajude na construção do edifício da História do
Brasil.
5 – Bibliografia
ALMEIDA, Silvia
Capanema P. Do marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na
construção do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de
História, vol. 31, nº 61, p. 61-84, mai. 2010.
BURKE, Peter. A Escrita da História – Novas
Perspectivas. São Paulo: UNESP,
1992.
CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no
Brasil: o longo caminho. 12ª Edição. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 2009.
FERREIRA, Tânia Maria
T. B. da Cruz. A imprensa e o contexto da
Revolta da Chibata: história e historiografia in Antíteses, v. 3 n. p.
11-23, dez. 2010.
LOVE, Joseph
L. Aspectos internacionais da Revolta da Chibata in Antíteses, v. 3, n. esp. p. 39-51, dez.
2010.
MOREL, Edmar. A
Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo
marinheiro João Cândido em 1910. 5º Ed. Comemorativa do centenário da
Revolta da Chibata, organizada por Marco Morel – São Paulo: Paz e terra, 2009
Nascimento, Álvaro Pereira do. A Revolta da Chibata e seu centenário.
NASCIMENTO,
Álvaro Pereira do. A Revolta da Chibata e seu centenário. Artigo.
_____________, Álvaro Pereira do. Cidadania, cor e disciplina na Revolta dos
Marinheiros de 1910. Rio de
Janeiro: FAPERJ, 2008.
_____________, Álvaro Pereira do.
Marinheiros
em revolta: recrutamento e disciplina na
Marinha de Guerra de 1880-1910. Campinas: 1997.
REIS, Daniel Aarão. Ditadura
e Sociedade: As Reconstruções da Memória in REIS,
Daniel Aarão, RIDENTI, Marcelo e MOTTA, Rodrigo Patto Sá (Orgs.). O golpe e a ditadura militar. 40 anos depois (1964-2004). Bauru: Edusc, 2004.
RODRIGUES, José Honório. Hitória e Historiografia. Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1970.
SILVA, Henrique Maciel e SILVA, Kalina
Vanderlei. Dicionário de conceitos
históricos. Ed. Contexto, 3ºed. São Paulo, 2010.
SILVA, Marcos A. Contra a Chibata: marinheiros brasileiros em
1910. São Paulo: Brasilense, 1982.
[1] RODRIGUES, Honório José. Historia e Historiografia,
p. 65-88
[2] BURKE, Peter. A
Escrita da História – Novas Perspectivas.
[4] BURKE, Peter. A
Escrita da História – Novas Perspectivas,
p. 12.
[5]
ALMEIDA, Silvia Capanema P. Do
marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção
do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História,
p. 61-84.
[7] Segundo Eduardo Seabra, historiador e criador do blog
chibatas.blogspot.com.br
[8]
REIS, Daniel Aarão. Ditadura e Sociedade: As Reconstruções da
Memória in REIS, Daniel Aarão, RIDENTI, Marcelo
e MOTTA, Rodrigo Patto Sá (Orgs.). O
golpe e a ditadura militar. 40 anos depois (1964-2004).
[9] ALMEIDA, Silvia Capanema P.
Do marinheiro João Cândido ao
Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta
centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p. 61-84.
[10] Idem
[11] ALMEIDA, Silvia Capanema P.
Do marinheiro João Cândido ao
Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta
centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p. 61-84.
[12] ALMEIDA, Silvia Capanema P.
Do marinheiro João Cândido ao
Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta
centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p. 61-84.
[13] Idem
[14] Ibidem
[15] Ibidem
[16] Morel, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a
história da sublevação na Esquadra pelo
marinheiro João Cândido em 1910, p. 243.
[17] ALMEIDA, Silvia Capanema P.
Do marinheiro João Cândido ao
Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta
centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p. 61-84.
[18] ALMEIDA, Silvia Capanema P.
Do marinheiro João Cândido ao
Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta
centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p. 61-84.
[19] BURKE, Peter. A Escrita da História – Novas Perspectivas, p. 12-13.
[20] Morel, Edmar. A
Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo marinheiro João Cândido em 1910, p. 57.
[21] Morel, Edmar. A
Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra
pelo marinheiro João Cândido em 1910, p.
327 – 367.
[22] Idem, p. 103.
[23] Morel, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a
história da sublevação na Esquadra pelo
marinheiro João Cândido em 1910, p. 103.
[24] Sobre o assunto ver CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: O Rio de Janeiro e a
República que não foi. Ed.
Companhia das Letras, 1998.
[25] SILVA, Henrique Maciel e
SILVA, Kalina Vanderlei. Dicionário de conceitos históricos. p. 47.
[26] Morel, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na
Esquadra pelo marinheiro João Cândido
em 191, p. 143.
[27]
ALMEIDA, Silvia Capanema P. Do
marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção
do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, vol.
31, nº 61, p. 61-84.
[28] ALMEIDA,
Silvia Capanema P. Do
marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção
do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, vol.
31, nº 61, p. 61-84, mai. 2010.
[29]
idem
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