segunda-feira, 22 de outubro de 2012


A Revolta da Chibata: Batalhas pela Memória para a Construção da Cidadania

 
 

Grupo: Derwin, Lucas Rossiter, Luiz Felipe, Paulo Luiz de Mendonça, Sebastião                                                                       

 

 

1 Introdução

 

O historiador José Honório Rodrigues em seu livro História  e  Historiografia, na década de 1970, argumentou quanto às diferenças entre a história do Brasil real e o oficial bem como a outro aspecto pouco estudado pela historiografia até então e que dizia respeito aos movimentos populares ao registrar:  “Já escrevi nas teses da conciliação e reforma no Brasil que o grande sucesso da história do Brasil é seu povo, e a grande decepção sua liderança, e que os momentos criadores resultam sempre da colaboração intima e estreita entre liderança e o povo. O Brasil real e oficial, a história do Brasil real e oficial são duas faces de uma unidade básica, que devem ser somadas e não divididas, devem ser solidárias e não separar-se.”[1]

 Através da análise de movimentos populares, como a Revolta da Chibata,  podemos discutir quais as perspectivas historiográficas anteriores e posteriores à esse processo, fazendo com que exista um enriquecimento para o fazer histórico e seus respectivos debates, ampliando a análise dos acontecimentos protagonizados pelas camadas populares.   Quem contribui nessa linha de análise é a pesquisadora Tânia Maria Bessone com o artigo A Imprensa e o contexto da revolta da chibata: história e historiografia, que tem como objetivo principal analisar a produção historiográfica relacionando a uma fonte muito importante:  a imprensa do Rio de Janeiro. A partir disso ela disserta que o tema ganhou uma nova importância entre 1990 e 2000,  pois novas teses acadêmicas foram produzidas buscando entender quem eram os homens do mar daquele período.  Utilizando-se de novas linhas teórico-metodológicas que retratam os fundamentos de uma civilização marítima no Atlântico, que busca os traços de cidadania nesses eventos e que é parte integrante de um processo histórico.    Com isso ela mostra que o contexto da jovem república brasileira tinha muitas características do Império, e estava tomada por contradições que por um lado estava passando por transformações urbanas e a introdução de novas tecnologias que modificavam a feição de muitas cidades, enquanto que a maior parte da população vivia em condições miseráveis e não eram assistidas pelo governo da época criando nestes uma continua insatisfação que se refletiu em inúmeras manifestações populares.  

            O Rio de Janeiro no começo do século XX tem todas as características expostas acima, sendo uma cidade cheias de nuances e transformações. A imprensa era uma importante fonte que vem retratar um Rio que busca pelo moderno e pela civilização, mais que também continha elementos nada promissores como: eleições fraudulentas, repressão policial nas ruas, deslocamentos forçado de moradias, e outros projetos ambiciosos que visavam “trazer a civilização” aos trópicos, como um novo templo ao livro e o prédio da Avenida Central para a Biblioteca Nacional, além da  música e o teatro. Essa importante fonte que é a centenária imprensa do Rio vai contribuir de maneira significativa na divulgação, análise e denúncias, com fotos, caricaturas e artigos de opinião sobre os acontecimentos mais variados e supreendentes que se produziam.     A Revolta da chibata terá uma das mais significativas participações da imprensa que a tornará visível aos olhos do Brasil da época e serviriam para a posteridade com importante fonte. 

Um outro autor, este da década de 1980,  é Marcos Silva, que em seu livro Contra a Chibata: marinheiros em 1910,  segue uma linhagem muito próxima a da historiadora Tânia Bessone, mais que diverge em alguns aspectos.   Ele mostra  como nas batalhas pelas memórias houve ações por parte de uma historiografia oficial e a grande imprensa para silenciar comemorações e reduzir a importância do movimento nos livros didáticos, pois não interessava ao Brasil daquele momento que manifestações de cunho popular estivessem em voga.   Com isso seu livro é de tamanha importância, pois além de ser um divulgador da revolta, mostra em que cenário se deu o movimento  e suas inter-relações com as contradições da época.  

O presente trabalho busca registrar algumas “batalhas” ocorridas pela apropriação da memória do movimento conhecido como A Revolta da Chibata, de 1910 até o início do século XXI, e de como a visão sobre esse movimento foi sendo modificada ao longo do tempo.  Cabe ao historiador, a qualquer tempo, buscar o entendimento mais aproximado sobre os processos históricos, através de uma narrativa cada vez mais clara e menos incompleta  pois “...cada vez mais historiadores estão começando a perceber que seu trabalho não reproduz ‘o que realmente aconteceu’, tanto quanto o representa de um ponto de vista particular.   Para comunicar essa consciência aos leitores de história, as formas tradicionais de narrativa são inadequadas.  Os narradores históricos necessitam encontrar um modo de se tornarem visíveis em sua narrativa, não de auto-indulgência, mas advertindo o leitor de que eles são são oniscientes ou imparciais e que outras interpretações, além das suas, são possíveis.”[2]

 

2 –  Contexto Histórico

 
O ano é 1910, ou seja,  “apenas” 21 anos após a abolição jurídica da      escravidão.  Um clima político efervescente, discussões sobre cidadania, política, sociedade, “belle époque” carioca.    Na Marinha, desde o Brasil Império, “se alistar” era algo totalmente negativo e involuntário;  os marinheiros que eram “escolhidos” ou entregues eram normalmente  órfãos,  jovens com pequenos delitos.    Esses jovens eram enviados por um corpo de recrutadores civis ou militares que recebiam um valor para cada homem “recrutado”.   Na virada do século XX são criadas escolas de marinheiros, o que muda o quadro de alistamentos forçados, mas não muda a fonte de ‘fornecimento’ desses alunos: Asilos de crianças.

Esses recrutados eram em sua em sua maioria de “não-brancos” como descreve Álvaro Pereira do Nascimento, em artigo publicado em 2010 em homenagem aos 100 anos da revolta.  Álvaro registra que diante da “nova sociedade” houve uma tentativa de mudança desse quadro, devido a convicção que esses homens “egressos do cativeiro” não teriam condições de formar uma base social adequada a um país que tendia a “potência econômica”.[3]  Enquanto a  mudança social não se dava pela presença de imigrantes europeus, os oficiais da marinha acreditavam que era necessário punir por meio da força para acelerar o equilíbrio da nova sociedade que se pretendia.   É aí que se insere os castigos físicos, a chibata.

Outra questão a ser abordada é o de porque que apenas na República ocorre a revolta da chibata,  se no império já existia esse tipo de punição.    A resposta é a de que no Império aparentemente existia “apenas” a chibatada, enquanto que na República, além da chibatada havia uma multa no salário, ou a opção de ficar por tempo indeterminado detido no navio, até que o seu superior acreditasse que o marinheiro estava redimido da sua ação.

 
3 – Os “Acontecimentos”

 

            Apesar de Fernand Braudel afirmar ser a “...história dos acontecimentos (histoire événementielle) como não mais que a espuma nas ondas do mar da história.”[4], os “acontecimentos” ajudam a nos situar no tempo e no espaço e a levantar questões sobre esses importantes elementos dos processos históricos.

            Em 22 de novembro de 1910 estoura uma revolta que segundo João Cândido Felisberto, principal nome dos revoltosos,  já era planejada há no mínimo dois         anos.     Segundo Joseph L. Love (Universidade de Illinois), existiria uma influência do modus operandi  da revolução ocorrida em Portugal poucas semanas antes, que resultou na deposição do rei D. Manuel II.    Os homens, bem como os oficiais do Adamastor, e os de outros navios portugueses,  teriam fornecido um modelo de revolta naval quando o São Paulo estivera em Lisboa seis semanas antes da insurreição de 22 de novembro no Rio de Janeiro.[5]           Os mais de mil marinheiros subalternos da Marinha de Guerra se rebelaram na baía de Guanabara,  conforme já registrado, exigiam melhores condições de trabalho e o fim dos castigos corporais, em particular, a abolição da chibata.   A rebelião durou aproximadamente cinco dias e mobilizou a sociedade e a opinião da época.   A revolta estava prevista inicialmente para o dia da posse do novo presidente da República, Hermes da Fonseca, no dia 15 de novembro, mas foi adiada em 10 dias, e executada antes devido a pena de 200 chibatadas em um marinheiro de nome  Marcelino. Nas ruas e nas folhas da cidade a maior discussão seria entre os civilistas que apoiavam Rui Barbosa e os militaristas que apoiaram o marechal, pois  diziam que a revolta era um golpe tramado pela oposição.

A carta em que João Cândido expõe as principais reivindicações dos marinheiros, dá uma idéia geral do sentimento dos amotinados.   João Candido demonstra que a chibata era a principal reivindicação, mas não a única.   Se juntarmos a carta de João Candido com o discurso de Rui Barbosa no Senado, conseguiremos notar que a discussão girava em torno da condição de cidadão, “brasileiro e republicano”, dos marinheiros, a reclamação girava em torno de aumento de soldo e outros                 itens.   “ Reformar o código imoral e vergonhoso que nos rege, a fim de que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos semelhantes; aumentar o nosso soldo pelos últimos planos do ilustre Senador José Carlos de Carvalho, educar os marinheiros que não têm competência para vestir a orgulhosa farda, mandar pôr em vigor a tabela de serviço diário, que a acompanha.” é um trecho que expressa a luta dos marinheiros por melhores condições de vida.

À luz da cidadania  é possível notar que o marinheiro não era considerado cidadão na plenitude da lei. Um trecho da primeira constituição republicana registrava:

  Art 70 - São eleitores os cidadãos maiores de 21 anos que se alistarem na forma da lei. 

        § 1º - Não podem alistar-se eleitores para as eleições federais ou para as dos Estados: 

        1º) os mendigos; 

        2º) os analfabetos; 

        3º) as praças de pré, excetuados os alunos das escolas militares de ensino superior; 

Em destaque temos as “as praças de pré;” item 3º, que seriam os militares sem graduação, que não poderiam votar.     Desconsiderados como cidadãos, os marinheiros não detinham direitos políticos e nem sociais, pois na Constituição estava registrado que  “nenhum cidadão irá punir outro cidadão fisicamente”.

Logo após a anistia e a entrega das armas, é deflagrada uma outra revolta que foi reprimida com muita ferocidade.   Alguns estudiosos levantam o questionamento se essa segunda revolta  teria sido uma revolta “plantada”, que não partiu dos revoltosos mas sim do governo, motivado pelas intensas críticas da imprensa e da sociedade ao presidente Hermes e a sua “derrota” frente aos revoltosos.     Diante disso Hermes anuncia a expulsão dos marinheiros que seriam considerados “inconvenientes à             disciplina”.     Era disseminado o medo frente a novas sublevações entre os marinheiros, que seria um motim imperdoável ao oficialato.    Com essa enorme quantidade de expulsões, o Capitão Anthero José Marques diz o seguinte: "No dia 29 de novembro começaram a circular boatos de nova sublevação nos navios e também no Batalhão Naval.    No dia 2 de dezembro a polícia efetuou a prisão de 8 marinheiros e um soldado naval, que se achavam conspirando em uma casa, na rua do Lavradio. No dia 4, foram presos pela polícia mais 22 marinheiros, que se achavam reunidos em uma casa, na Piedade. Pelo inquérito a que essas praças responderam, ficou apurado tratar-se de nova revolta a bordo dos navios, na qual o Batalhão Naval tomaria parte. No dia 5, foi ordenado no Batalhão Naval rigorosa prontidão, recolhendo-se ao quartel os destacamentos que estavam e que não eram necessários."[6]

Esse levante foi logo reprimido e resultou em um saldo de inúmeros marinheiros[7] fuzilados, presos e transportados em situações degradantes,  entre eles João Cândido, que quase morreu na prisão, mas acabou internado no Hospital de Alienados.   Os sobreviventes às más condições na prisão do complexo naval da Ilha das Cobras, durante o Natal de 1910, foram colocados no navio Satélite, que  foi preparado para deportar para o Norte do Brasil cerca de 491 pessoas.

 

 
4 – A Construção da Memória Sobre a Revolta da Chibata

 

            A construção do personagem João Cândido se dá a partir dos acontecimentos da noite de 22 de novembro de 1910.    Em 1912, o Conselho de Guerra absolve João Cândido e mais 9  companheiros.     A partir de então, qual a memória que se tem sobre João Cândido e a Revolta da Chibata ?   Que elementos são possíveis detectar na construção dessa memória ?     Segundo Daniel Aarão reis, são “...conhecidas as artimanhas da memória.  Imersa no presente, preocupada com o futuro, quando suscitada, a memória é sempre seletiva.  Provocada, revela, mas também            silencia.”[8]  Ao longo do tempo, que imagens foram sendo criadas e resignificadas.    Quais foram retiradas da construção sobre a Revolta da Chibata ?

            Em Novembro de 1910, o palhaço e compositor negro Eduardo das Neves (1874-1919), conhecido também como Dudu das Neves e Diamante Negro, compôs a cançoneta Os reclamantes, sobre a revolta dos marinheiros.    Nela, o desespero dos moradores do Rio, que fugiram  dos possíveis bombardeios, é retratado com humor, concretizando um segundo momento de recepção do acontecimento. O compositor exalta João Cândido, “marinheiro de opinião”, contribuindo, assim como outros órgãos de imprensa que desde logo o chamaram de “almirante”,9 para a sua transformação de anônimo em personagem famoso. Contudo, o grande momento destacado pela cançoneta é o retorno à ordem depois da revolta de novembro,  talvez como forma de se evitarem problemas com as autoridades que costumavam  censurar, no período, algumas manifestações culturais populares por intermédio da ação policial.”[9]

            Ainda em 1910 é produzido o curta-metragem  A Vida de João Cândido.  Esse filme teria sido uma das primeiras produções do  cinema brasileiro a serem censuradas.  Tido como desaparecido, temos poucas  informações sobre seu conteúdo. Uma nota publicada no Correio de Manhã 23 de janeiro de 1912 dizia que o chefe de polícia do Rio de Janeiro proibiu a sua representação, mandou apreender os cartazes-reclamos e deu ordens para que prendesse os distribuidores dos reclamos.”[10]

            Em 1912, o jornalista e escritor Paulo Barreto decidiu publicar uma série de artigos intitulados Memórias de João Cândido, o marinheiro.      Esses artigos  são apontados como sendo de co-autoria do próprio João Cândido, cabendo a Paulo Barreto, a introdução de elementos ficcionais na narrativa.   As Memórias de João Cândido podem ser dividias em três partes.  “Num  primeiro momento, ele conta o seus inícios na Marinha e suas viagens internacionais.  Nesse sentido, suas memórias lembram um ‘diário de viagem’ (narrativa na primeira pessoa, tempo cronológico, descontinuidades e impressões sobre o Outro). Esse tipo de texto pode ser encontrado com frequência em publicações dos oficiais da Marinha, os quais costumam dotar seus textos, assim como o marujo, de um forte sentimento nacionalista. A especificidade das “Memórias” reside, no entanto, no fato de que o testemunho é feito por um marinheiro subalterno, a quem muito raramente se atribui o ‘lugar da escrita’.   Em um segundo tempo, as “Memórias” narram os fatos da revolta dos marinheiros, desde a organização até a anistia. Fornece aos leitores uma série de informações que somente uma pessoa que se encontrava nos navios poderia conhecer. João Cândido revela igualmente diversos detalhes, como as horas precisas, os nomes de outros ‘comandantes rebeldes’ (como ficaram conhecidos em parte da imprensa da época) e a movimentação dos navios. Aqui, o texto assume um vigor típico dos ‘diários de guerra’, outro tipo de narrativa geralmente própria dos oficiais.   Enfim, um terceiro momento da história de João Cândido cumpre uma função de denúncia: ele acusa o governo de ter contribuído para a preparação  da revolta de dezembro no Batalhão Naval, e, à guisa de conclusão, o marujo expõe seu sentimento de injustiça quanto à sua exclusão da Marinha.”[11]

          A partir da década de 1930, surgem os primeiros escritos que tomam partido dos marinheiros rebeldes, como o livro escrito em 1931 pelo poeta comunista e surrealista francês Benjamin Péret (1899-1959).   “A revolta dos marinheiros brasileiros  seria, segundo ele, uma versão tupiniquim do motim russo [a revolta do encouraçado russo Potemkim acontecida em1905]. Entretanto,  seu livro, que se intitulava O Almirante Negro em homenagem a João Cândido,  nunca chegou a ser publicado, pois os manuscritos foram apreendidos pela  polícia de Getúlio Vargas e provavelmente destruídos quase em sua integralidade.   Somente quatro páginas foram encontradas posteriormente, na década   de 1980.  Péret analisa a revolta como uma expressão da luta de classes e convida  o conjunto dos trabalhadores brasileiros para fazerem uma ‘greve geral revolucionária.’”[12]

Outra publicação, de 1934, utiliza a revolta dos marinheiros como pano de fundo para se incentivar a conscientização e a “luta de classes”.    O livro, editado clandestinamente em Pelotas, Rio Grande do Sul, foi assinado com o “...pseudônimo de Benedito Paulo, [que] foi identificado  como o médico Adão Pereira Nunes, ainda escritor e político filiado ao  Partido Comunista Brasileiro (PCB). O Brasil é apresentado como um “país  semicolonial”, cujo “povo oprimido” tinha necessidade de conhecer histórias  como a da revolta dos marinheiros para que se formasse uma consciência de  classe popular.”[13]

            Porém, teria sido João Cândido um homem de esquerda ?   Teria o mesmo se identificado com o socialismo ou com as teorias revolucionárias subjacentes a tal modelo de sociedade ?    Não achamos em nossa pesquisa elementos suficientemente consistentes que pudessem apontar nessa direção.    O mais provável, conforme já registrado, seria “limitar” o pensamento de João Cândido e de seus companheiros às reivindicações apresentadas no auge do movimento de 1910.      “O  fato de ter participado de uma revolta popular que se tornou um legítimo ícone  para intelectuais e políticos de esquerda não significa, no entanto, que João Cândido fosse assumidamente um homem de esquerda. Ao contrário, devemos considerá-lo em seu contexto e em sua complexidade como agente histórico” [14]   Pelo contrário,  na década de 1930, João Cândido “...assumia no período uma orientação política  bastante oposta: era simpatizante da Ação Integralista Brasileira, movimento  de tendência fascista fundado em 1932, cujas palavras de ordem eram “Deus,  Pátria e família”.   João Cândido contava que havia sido abordado pessoalmente  pelo líder Plínio Salgado, e que havia aderido à organização junto a vários companheiros marinheiros e oficiais da Marinha.” [15]

            Quando o próprio João Cândido afirma que Vesti a camisa verde. Pertenci ao núcleo da Pavuna e várias vezes fui recebido pelo Dr. Plínio Salgado, sempre cercado de oficiais da Marinha, com os quais conversei de igual para igual. Entrei no integralismo, por ver a minha gente, de corpo e alma, mergulhada no casarão da rua Sachet (quartel-general dos galinhas verdes). Fiz parte da marcha sobre o catete, ao lado de patentes superiores das Forças Armadas.”[16] está corroborando para o entendimento de que suas ações foram e são apropriadas tanto pela direita quanto pela esquerda.    O seu envolvimento ao movimento integralista se deu por causa da participação da Marinha, com a qual se identificava, nunca querendo instigar a causa revolucionária; porém saiu frustrado com o movimento.

            Durante o Estado Novo (1937-1945), a narrativa sobre a Revolta da Chibata parecia ter desaparecido.     Não só a memória sobre a revolta dos marinheiros, mas qualquer movimento popular que fosse de encontro ao pensamento vigente pelo poder à época, era duramente reprimido, como o comunismo, por exemplo.   “Todavia, com o retorno à democracia, o tema retorna às páginas da imprensa e anima polêmicas envolvendo oficiais da Marinha. O comandante reformado Luís Altran de Alencastro Graça reage, em jornal de grande tiragem, a uma reportagem sobre a memória da revolta dos marinheiros publicada pelo jornalista Raimundo  Magalhães Junior no Diario de Noticias em 1948. O oficial diz, a respeito de João Cândido, que: ‘se o nome desse infeliz pertencesse à História, na opinião do ilustre jornalista, que tão bondosamente o apadrinha, não devia ser à guisade herói.  Melhor então não possuir história, para não confundi-la com os anais da criminologia’.”[17]

Em 1959, um jornalista conhecido do Rio de Janeiro escreve um livro em que expõe 10 anos de pesquisa sobre o tema.      Trata-se de Edmar Morel   (1912-1989), que publica, no Rio de Janeiro, A Revolta da Chibata.    A publicação torna-se um marco para a memória do acontecimento, batizando  a rebelião.    Narrativa de um “historiador amador”, a obra de Edmar Morel é uma fonte importantíssima sobre o tema.   “Os temas históricos eram frequentemente escolhidos pelo repórter Morel,  e ele utilizava métodos próximos aos do historiador, como o recurso a fontes impressas localizadas em arquivos e nas coleções da imprensa. Porém, ele sempre se apresentou como jornalista ou repórter, assumindo mais facilmente a importância do tempo presente como ponto de partida. Além disso, se o procedimento  de investigação do autor é próximo do método do historiador, sua  escrita é bastante diferente. Enquanto o historiador sente necessidade de citar datas, de fazer referências às fontes, de interromper seu texto com notas de rodapé, o repórter Morel prefere privilegiar a fluência da narrativa, que não deve ser muito interrompida com esse gênero de referências.    No entanto, mesmo sem evidenciar suas relações com outras escolas do pensamento, estabelece diálogos com outras linhas da historiografia, nomeadamente através da  recuperação da figura de um “herói da ralé”, nos seus dizeres.[18]  A obra de Edmar Morel pode se encaixar, então, na perspectiva de uma proposta de leitura de uma história “...vista de baixo’; em outras palavras, com as opiniões das pessoas comuns e com sua experiência da mudança social.”[19]  

Sem dúvida a obra de Edmar Morel  foi o primeiro trabalho sistematizado sobre a “Revolta da Chibata”, título que ele colocou para o movimento e que até hoje se perpetua.   Conforme já registrado, existiram narrativas sobre a revolta antes de Edmar Morel produzir sua pesquisa, porém, a obra de Edmar Morel, como afirmam muitos autores, ajudou a preservar a memória do movimento liderado pelo marinheiro João Cândido. Aliás, o livro tem também o cunho biográfico desse líder, numa tentativa de preservar a memória desse marinheiro na História do Brasil, que na famosa afirmação de Gilberto Amado foi “o negro que violentou a história”.[20]

A primeira edição foi publicada em 1959, sendo publicadas mais quatro (1963, 1979, 1986 e 2009). Ao mesmo tempo em que novas edições foram sendo lançadas, o autor ampliou o livro com mais informações e inclusão de documentos que ajudaram a preservar a memória de João Cândido. A edição usada para essa pesquisa foi a última (publicada em 2009),  produzida devido à aproximação do centenário do movimento em 2010, e organizada pelo filho do autor,  Marco Morel.  Essa edição é mais completa, uma vez que faz um relata a história do livro e de seu autor e inclui informações  significativas que não estiveram ao alcance de Edmar Morel, incluindo anexos importantes.    Tais inclusões são constituídas pelas Memórias de João Cândido publicado na Gazeta de Notícias e pela versão oficial de Luís Alves de Oliveira Bello, que procurou desconstruir a narrativa de Edmar Morel.

O objetivo do livro, além de narrar as revoltas de novembro e de dezembro de 1910, é enaltecer a figura de João Cândido e colocá-lo em um patamar de herói para o povo brasileiro, mais especificamente para os marujos, dando-lhe a alcunha de ter acabado com a chibata na Marinha. Assim como enaltece a figura do jangadeiro cearense Francisco José do Nascimento, que no século XIX impediu o transporte de escravos para outras partes do Brasil – sendo intitulado Dragão do Mar – Edmar Morel afirma ser João Cândido um dos heróis que deve ser lembrado e registrado em nossa história.

Vale ressaltar que outras versões tentaram desconstruir a de Edmar Morel contida nesse livro como a do oficial da marinha Luís Alves de Oliveira Bello.[21]    Essa versão coloca João Cândido como um líder indeciso, sem muita capacidade de liderança sobre a tripulação e que tinha uma má reputação entre eles.     É evidente o tom racista dessa versão.

Morel mostra que longe de ser um levante desorganizado, sem planejamento, com uma liderança incapacitada, a Revolta da Chibata – ou seja, o movimento insurgido em novembro - foi um movimento louvável em seus objetivos, em sua organização e humanidade. Através de relatos do próprio João Cândido, Morel narra como foi planejado o movimento que foi organizado com dois anos de antecedência; traz à tona a capacidade de liderança do “almirante negro”, que é marcado por sua profunda humanidade, sendo paciente em não ter bombardeado a cidade do Rio de Janeiro, que estava à mercê dos marinheiros revoltosos; e mostra que tal movimento não incitou nenhuma revolta política contra o governo brasileiro, mas procurou se deter em acabar com as práticas retrógradas que existiam na Marinha, em meio a um sistema político – República -  instaurado poucos anos antes, que não dava lugar aqueles costumes repugnantes – como os severos castigos físicos típico à época da escravidão, má alimentação e aumento da carga horária de trabalho.    De acordo com Morel  “Com João Cândido, almirante por cinco dias, negro, gente do povo, a história era outra. Não havia política na sua insurreição. Não existia nenhum interesse em busca de uma maior boa posição na vida. Reclamava, apenas, o direito de viver com dignidade, sem relho, comida farta e sadia, enfim, vida de gente.”[22]

     Percebemos em algumas passagens do livro, que os marinheiros não reivindicavam uma maior participação na política, ou seja, uma ampliação dos seus direitos políticos. Em uma delas, a marujada, ao enviar a seguinte mensagem exigindo a anistia ao governo, afirma que está    “Confiante na pessoa de V. Exa. a marujada faz humilde aos vossos pés, mas não se descuidando, desta data em diante, de andarmos prevenidos para uma outra ocasião, quando forem violados nossos direitos, bem como pedimos que nesses direitos o marinheiro tem por fim de proceder com a melhor forma de correção. Outrossim a Marinha pede a garantia de todos revoltosos e que nenhum castigo soframos depois da nossa entrega Em nome da Marinha Brasileira, somos de S. Exa. humildes subordinados – Saúde e fraternidade. Os marinheiros revoltados.”[23]

            Percebemos nessa afirmação que havia sim uma busca por maiores direitos sociais sem, contudo, exigirem uma maior reivindicação de direitos políticos. Portanto, também em Edmar Morel, seria equivocado afirmarmos que a revolta dos marinheiros liderada por João Cândido representava uma luta política, a exemplo do que tentavam alguns movimentos políticos ocorridos na primeira metade do século XX, principalmente por setores comunistas que usavam a revolta para arregimentar o apoio de militares à causa revolucionária.     

A reflexão que podemos fazer a respeito da Revolta da Chibata é que a mesma está inserida em um contexto histórico brasileiro em que o significado da palavra cidadania encontrava-se ainda em seus momentos iniciais de definição, uma vez que tal conceito tem sido construído pela sociedade brasileira ao longo da República.[24] Hoje podemos conceituar o termo “...como um complexo de direitos e deveres atribuídos aos indivíduos que integram uma Nação, complexo que abrange direitos políticos, sociais e civis. Cidadania é um conceito histórico que varia no tempo e no espaço” [25], porém a mentalidade dos marujos revoltosos, ao analisarmos a obra de Edmar Morel, era desprovida dessa conceituação de cidadania que temos atualmente. Para eles, especialmente para João Cândido, conforme já registrado, as exigências gravitavam em torno dos direitos sociais.   Podemos refletir também, sobre o que os marinheiros revoltos esperavam do regime republicano. Quanto a isso, Edmar Morel tenta problematizar o fato da permanência da chibata em meio ao regime republicano.  Após a proclamação da república, o governo provisório havia proibido o uso dos castigos físicos na marinha.    No entanto, devido a pressões de oficiais da marinha a chibata tinha sido retornada.   Os revoltos viam o próprio governo republicano como a instituição responsável a abolir essa prática.

Edmar Morel também faz comparações com o levante de novembro aos movimentos que ocorreram no Brasil, na época da Colônia e do Império, e o encouraçado Potemkin. Em relação aos movimentos insurretos ocorridos nos séculos anteriores no Brasil, Edmar Morel distingue o movimento liderado por João Cândido por ter sido mais organizado, com líderes vindo da parte mais baixa da sociedade.

 Em comparação ao levante ocorrido no encouraçado Potemkin na Rússia, Morel enaltece a dignidade com que ficou caracterizada a Revolta liderada por João Cândido, na qual os marinheiros trataram com respeito à oficialidade e mantiveram a disciplina entre a tripulação, jogando ao mar todas as bebidas e deixando os navios em perfeita ordem.    “Ressaltem-se, por fim, os sentimentos de humanidade de João Cândido, mandando para terra os corpos dos seus superiores abatidos, quando, de arma em punho, tentavam restabelecer a ordem a bordo. A lancha que conduziu os cadáveres do Comandante Batista das Neves, dos capitães-tenentes José Cláudio da Silva e Mario Lahmeyer levou, também os despojos dos marujos mortos pelos seus superiores.  [...] No Potemkin os oficiais assassinados foram atirados ao mar...”[26]

No que se refere aos objetivos, a revolta de João Cândido não foi, segundo Morel, por causa de comida, como foi o caso do movimento do encouraçado Potemkin, mas sim pelo fim dos castigos físicos aos marinheiros.    Porém, a obra de Edmar Morel não discute com mais detalhes as outras reivindicações dos marinheiros no levante de novembro e principalmente de dezembro. Apesar de registrar o recrutamento forçado existente para a Marinha, o autor não aborda a questão do racismo existente nesta mesma instituição, que impulsionava ou justificava os castigos corporais aos marujos negros.    Quem vai fazer um registro histórico mais acurado sobre essas reivindicações dos marinheiros é o historiador Álvaro Pereira do Nascimento em seu artigo A Revolta da Chibata e seu centenário.    Esse autor procura discutir, de forma acadêmica, a questão da reivindicação dos marinheiros por um melhor tabelamento de serviços, por aumento dos salários,  o porquê do pedido da retirada dos oficiais carrascos,  a luta pela mudança no código disciplinar e a educação para os marinheiros.

Outro ponto importante na obra de Edmar Morel é a riqueza documental que foi utilizada para fundamentar a sua produção.   Dentre eles, destacam-se os discursos de Rui Barbosa, principal defensor da anistia para os marinheiros, e de outros políticos nos deixando a par do que ocorria no senado naquele tenso momento, e deixando patentes as ideologias que fundamentavam cada argumento. Outra fonte escrita são as cartas e mensagens dos marinheiros ao presidente deixando evidente que a revolta não tinha uma intenção política, mas sim as melhores condições de trabalho para os    marinheiros. Outra fonte, oral, é a dos depoimentos de João Cândido concedidos ao próprio autor.

            A obra de Edmar Morel tem sido obrigatória para aqueles que desejam pesquisar a revolta dos marinheiros de 1910, sendo indispensável na bibliografia referente a esse  assunto.

Em fevereiro de 1960, o comandante Oliveira Bello escreveu um relatório sobre a vida de João Cândido, o qual foi publicado na quarta edição do livro de Edmar Morel sob o título Versão Oficial.   No relatório, o oficial recupera as origens de João Cândido, sua entrada na Marinha, as viagens feitas.   Faz também  uma descrição física e psicológica do marujo orientada pelo pensamento  racial:  “É preto, de cabelos negros e encrespados, olhos escuros, alto e nutrido, olhar esquivo, feio, boca larga, andar vagaroso, introvertido, de poucas palavras e gestos; tudo isso herdado dos pais. Temperamento híbrido … Inteligência vulgar e pouco desenvolvida, ladino e sonso...”[27]

            João Cândido torna-se uma figura particularmente explorada por um novo  grupo de marinheiros, organizados na Associação de Marinheiros e Fuzileiros  Navais do Brasil (AMFNB), criada em 1962 num contexto de politização  da sociedade e de medo, de ambos os lados, de um golpe de Estado. A associação  dos marinheiros pedia melhorias de sua condição e ampliação de seus  direitos civis, mas se inseria num quadro mais amplo de reivindicações, que marcou o governo João Goulart  (1961-1964).   No dia 25 de março de 1964,  data de aniversário da associação, os marinheiros

organizaram um evento na sede do sindicato dos metalúrgicos e terminou com a prisão de vários membros, porém, assim como depois da revolta de 1910, os marinheiros e fuzileiros presos foram anistiados pelo presidente João Goulart, fato que foi utilizado como um dos pretextos para o golpe militar alguns dias mais tarde.  João Cândido estava presente na reunião. O jornal carioca Ultima Hora do dia 27 de março de 1964 publicou, abaixo do título “Revolta de 1910 presente em 1964”, uma foto do ex-marinheiro aos 84 anos trajando um terno, como gostava  em ocasiões do gênero, ao lado do novo líder dos marujos e fuzileiros, o  chamado Cabo Anselmo. A imagem reproduz em um mesmo plano os dois  líderes dos praças da Marinha, o do passado e o do tempo presente.    Subentende-se assim a existência de uma continuidade entre os dois movimentos, ao  mesmo tempo em que as autoridades e setores conservadores da sociedade  brasileira eram avisados sobre a possibilidade de uma nova rebelião. 

             No início da década de 1970, o tema alimenta outras manifestações       culturais,  como o samba O mestre-sala dos mares, gravado em 1975 por João Bosco  e Aldir Blanc.     A música teve problemas com a censura.   As palavras revolta e sangue foram censuradas; as palavras marinheiro, almirante e negros foram substituídas, respectivamente por feiticeiro, navegante e santos, gerando uma total descaracterização da canção, tornando-a mais próxima de elementos míticos do que da realidade mais concreta que pudesse encontrar maior eco na memória coletiva.

Outro pesquisador muito importante para a revolta dos marinheiros é Álvaro Pereira que em 1997, fez sua tese de mestrado no assunto, procurando dar uma nova abordagem ao mesmo, começa escrevendo seu trabalho a partir de suas memórias da infância que vai fazer com que ele se interesse pelo assunto como pesquisador. Usando ele um modo de escrita simples narra o episódio com enorme desenvoltura, sempre procurando se aprofundar e responder questões que ainda não foram debatidas pela grande maioria dos historiadores, nesta perspectiva retrata as lutas pelas memórias do pós-fato e sai do âmbito de olhar o fato sobre uma dicotomia apaixonante, adotando para sua pesquisa um olhar inovador.  Questionava Álvaro Pereira: Quem eram  aqueles marinheiros ? O que eles pensavam dos castigos recebidos? Será que aconteceram revoltas no período imperial ?  Ou isso só fez parte da República? A conscientização dos marinheiros para tentarem extinguir os castigos físicos só havia começado em   1910 ?     Com uma enorme diversidade de fontes, Álvaro Pereira passa pelo caminho da historiografia sobre a figura do João Cândido.   No decorrer de sua tese procura mostrar como era o espaço de trabalho do marinheiro, e como o processo de recrutamento era desumano e violento, que sempre fazia suscitar conflitos entre oficiais e marinheiros.

Um autor que tem uma visão totalmente diferente da maioria dos autores sobre a Revolta da Chibata é Hélio Leôncio Martins.    O vice-almirante Hélio publicou, em 1988, A Revolta dos Marinheiros, 1910, como forma de livro-resposta ou de atualização da versão oficial da Marinha de forma mais elaborada e  aprofundada.   Nessa obra, o autor retrata a repressão às rebeliões de novembro e dezembro de 1910 como uma reação “natural” dos oficiais à grande violência praticada pela marujada em              fúria.    Tentando aparentar uma suposta neutralidade em sua narrativa, o autor registra que os oficiais, vítimas de agressões físicas, do rompimento brusco da disciplina a que estavam condicionados, mantiveram uma atitude defensiva em relação à própria honrabilidade da Marinha.    Afirma ainda o autor que, escritores de esquerda, utilizaram a sublevação, puramente militar que foi, para transformá-la num movimento popular, fato que mantêm certa coerência com as batalhas pela memória ocorridas ao longo do século XX sobre a Revolta da Chibata.     Em entrevista a Silvia Capanema, em 2006, o vice-almirante Hélio contou que seu pai teria assistido a uma cerimônia de punição corporal com  uso da chibata, ainda quando aspirante a guarda-marinha. Nos seus dizeres:  “Ele aguentou, mas ele tinha um colega mais moço, que se chamava Pareras,  que era um rapaz de 14 anos, que desmaiou à vista daquele sangue. Tal era a  impressão que dava, era horrível”. [28]    Para Hélio, a perpetuação dos castigos corporais era um signo do atraso brasileiro, mas a supressão efetiva das punições só poderia mesmo acontecer no dia em que fosse feita uma substituição das  tripulações, tentando justificar assim, a instituição da chibata como um elemento “civilizador” e controlador do negro.    Termina por afirmar, contraditoriamente que “Nunca houve esse preconceito na Marinha. O Colégio Naval está cheio [de negros].  Agora, é difícil entrar … o nível intelectual do preto continua muito baixo,  porque ele tem relação com o nível econômico. Então a Marinha tinha essa dificuldade.”[29]

 

O estudo sobre a Revolta da Chibata é um importante elemento para se entender a construção da cidadania no Brasil.    Como a História está permanentemente a ser descoberta, esperamos que essa pequena contribuição ajude na construção do edifício da História do Brasil.

 

 
5 –  Bibliografia

 

ALMEIDA, Silvia Capanema P.  Do marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p.  61-84,    mai. 2010.

 

BURKE, Peter.  A Escrita da História – Novas Perspectivas.    São Paulo: UNESP, 1992.

 

CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo caminho. 12ª Edição. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

 

FERREIRA, Tânia Maria T. B. da Cruz. A imprensa e o contexto da Revolta da Chibata: história  e historiografia in Antíteses, v. 3 n. p. 11-23, dez. 2010.

 

LOVE, Joseph L.   Aspectos internacionais da Revolta da Chibata in Antíteses, v. 3, n. esp. p. 39-51, dez. 2010.    

 

MOREL, Edmar.   A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo marinheiro João Cândido em 1910. 5º Ed. Comemorativa do centenário da Revolta da Chibata, organizada por Marco Morel – São Paulo: Paz e terra, 2009

Nascimento, Álvaro Pereira do. A Revolta da Chibata e seu centenário.

 

NASCIMENTO, Álvaro Pereira do.  A Revolta da Chibata e seu centenário.  Artigo.

 

_____________, Álvaro Pereira do. Cidadania, cor e disciplina na Revolta dos Marinheiros de 1910. Rio de Janeiro: FAPERJ, 2008.

 

_____________, Álvaro Pereira do.  Marinheiros em revolta:  recrutamento e disciplina na Marinha de Guerra  de 1880-1910.   Campinas: 1997.

 

REIS, Daniel Aarão.    Ditadura e Sociedade: As Reconstruções da Memória in REIS, Daniel Aarão, RIDENTI, Marcelo e MOTTA, Rodrigo Patto Sá (Orgs.). O golpe e a ditadura militar. 40 anos depois (1964-2004).  Bauru: Edusc, 2004.

 

RODRIGUES, José Honório. Hitória e Historiografia.  Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1970.

 

SILVA, Henrique Maciel e SILVA, Kalina Vanderlei. Dicionário de conceitos históricos. Ed. Contexto, 3ºed. São Paulo, 2010.

 

SILVA, Marcos A.    Contra a Chibata: marinheiros brasileiros em 1910.  São Paulo: Brasilense, 1982.



[1]  RODRIGUES, Honório José. Historia e Historiografia,  p. 65-88
[2] BURKE, Peter.    A Escrita da História – Novas Perspectivas.
[4] BURKE, Peter.    A Escrita da História – Novas Perspectivas,  p. 12.
[5] ALMEIDA, Silvia Capanema P.  Do marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, p.  61-84.
 
[7] Segundo  Eduardo Seabra, historiador e criador do blog chibatas.blogspot.com.br
[8]  REIS, Daniel Aarão.    Ditadura e Sociedade: As Reconstruções da Memória in REIS, Daniel Aarão, RIDENTI, Marcelo e MOTTA, Rodrigo Patto Sá (Orgs.). O golpe e a ditadura militar. 40 anos depois (1964-2004).
[9] ALMEIDA, Silvia Capanema P.  Do marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p.  61-84.
[10] Idem
[11] ALMEIDA, Silvia Capanema P.  Do marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p.  61-84.
[12] ALMEIDA, Silvia Capanema P.  Do marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p.  61-84.
[13] Idem
[14] Ibidem
[15] Ibidem
[16]  Morel, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo    marinheiro João Cândido em 1910, p. 243. 
[17] ALMEIDA, Silvia Capanema P.  Do marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p.  61-84.
 
[18] ALMEIDA, Silvia Capanema P.  Do marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p.  61-84.
[19] BURKE, Peter.    A Escrita da História – Novas Perspectivas,  p. 12-13.
[20] Morel, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo    marinheiro João Cândido em 1910, p.  57.  
[21] Morel, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo    marinheiro João Cândido em 1910, p. 327 – 367.
[22]  Idem, p. 103.
[23]  Morel, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo    marinheiro João Cândido em 1910, p. 103.
[24]  Sobre o assunto ver  CARVALHO, José Murilo de. Os bestializados: O Rio de Janeiro e a República que não foi. Ed. Companhia das Letras, 1998. 
[25] SILVA, Henrique Maciel e SILVA, Kalina Vanderlei.  Dicionário de conceitos históricos.  p. 47.
[26]  Morel, Edmar. A Revolta da Chibata: subsídios para a história da sublevação na Esquadra pelo    marinheiro João Cândido em 191,  p. 143.
[27] ALMEIDA, Silvia Capanema P.  Do marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p.  61-84.
 
[28] ALMEIDA, Silvia Capanema P.  Do marinheiro João Cândido ao Almirante Negro: conflitos memoriais na construção do herói de uma revolta centenária in Revista Brasileira de História, vol. 31, nº 61, p.  61-84,    mai. 2010.
[29]  idem

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