segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Movimento Operário: Greve de 1917


Movimento Operário: Greve Geral de 1917[i]

Alvaro Duarte dos Santos Silva[ii]
Alzernan Elvis Barbosa da Silva[iii]
Andrezza Bárbara Romualda de Melo[iv]
Bruno Leandro Araújo Vitor[v]
Pablo Henrique Oliveira de Lucena[vi]
Wellington Soares e Silva Júnior[vii]


Resumo

           Este artigo traça um panorama da organização sindical no Brasil durante a Primeira República, com suas origens, seu desenvolvimento e a atuação, a partir da historiografia produzida por expressivos autores, além de algumas publicações da imprensa operária da época, contrapondo principalmente as visões dos historiadores Bóris Fausto - com uma obra mais antiga – e de Cláudio Batalha – mais contemporâneo. É dada uma importância de análise especial a Greve Geral de 1917, ocorrida no Estado de São Paulo, como um dos marcos das lutas operárias brasileiras, tratando de entender os fatores que contribuíram para sua eclosão, sua repercussão e suas conquistas.


Palavras-chave: Movimento Operário. Primeira República. Sindicato. 1917. Greve.






1.    Introdução

Este artigo busca analisar estudos e pesquisas através de análises historiográficas com os livros e artigos já existentes sobre a Greve Geral ocorrida em São Paulo no ano de 1917. É importante conhecer os fatos através de uma bibliografia relevante e trocar ideias entre os textos dos autores já consagrados estudiosos deste tema e os trabalhos mais novos que vem sendo produzidos para esclarecer melhor os fatos ocorridos. A Greve Geral de 1917 pode ser considerada um marco, em relação à força do Movimento Operário no Brasil. Assim, procura-se expor neste artigo alguns conhecimentos do que alguns autores se dispuseram a fazer nos estudos dessa Greve, sem perder o foco na história abordada por ela, mas, expondo algumas visões para ser possível ter um entendimento mais amplo dela. O processo de substituição de mão-de-obra e a industrialização no Brasil concorreram para o surgimento de uma classe operária organizada, sendo as primeiras associações de caráter assistencialista.
O processo de industrialização e a substituição da mão-de-obra ocorrida na Primeira República contribuíram para o surgimento de uma classe trabalhadora organizada, sendo as primeiras associações de caráter assistencialista. Com a divisão por categorias, surgem os primeiros sindicatos. Em 1906, ocorre o I Congresso Operário Brasileiro, onde figurariam duas tendências: a anarco-sindicalista e a socialista reformista. Uma parte da organização sindical já contava com a participação do Estado, sendo que a atuação dos sindicatos atrelados ao governo era mais imediatista e a dos não atrelados (anarquistas) via na organização sindical um meio de vencer o capitalismo como um todo. As greves constituíam o principal instrumento de reivindicação dos trabalhadores.
Em seus estudos sobre a greve geral, Bóris Fausto (1977, pg.192) analisa o seguinte:
“Julho de 1917 assumiu na memória social o sentido de um ato simbólico e único. Símbolo de uma mobilização de massas impetuosas, das virtualidades revolucionárias da classe operária [...]. Por sua vez, longe de ser um fenômeno isolado, abre com um imenso eco uma fase de Ascenso do movimento operário.”[viii].

Será mesmo que as palavras de Fausto fazem sentido ainda nos dias atuais? O que não se pode negar é que o Movimento grevista de 1917[ix] daria forma ao Comitê de Defesa Proletária (CDP) constituído por militantes anarquistas e socialistas enquanto órgão organizador das reivindicações e instrumento de denúncia das arbitrariedades patronais e da truculência policial. Dando mostra da sua violência, no mês de julho um regimento policial - encorajado pelo governador do estado a tomarem medidas mais enérgicas -, abre fogo contra manifestantes de uma passeata, resultando na morte do sapateiro José Martinez, intensificando ainda mais o movimento grevista.


2.    Desenvolvimento

O processo de formação do movimento operário no Brasil é um tema bastante complexo, devido aos mais diversos fatores que contribuíram para o seu surgimento, muitos estudiosos já se debruçaram sobre os aspectos que influenciaram tal desenvolvimento. Os autores que serão utilizados neste trabalho delimitaram em suas respectivas obras não só um corte temporal em seu objeto de estudo, como também geográfico. Desta forma, nesta breve proposta de se ater as questões da formação da classe operária brasileira, o foco será o estado de São Paulo, embora o Rio de Janeiro até as décadas iniciais do século XX seja o detentor do maior contingente de trabalhadores. Através das visões divergentes de dois importantes autores, Bóris Fausto e Cláudio Batalha, o assunto será abordado.
Para Bóris Fausto a formação da classe operária brasileira se inicia no final do século XIX e estaria altamente ligada a expansão da economia cafeeira, que teria impulsionado o capitalismo agrário, porém, a descentralização das pequenas indústrias no meio rural impossibilitava uma maior ampliação dos benefícios causados pelo excedente econômico. E que atrelada a este fator, ainda estaria relacionado à crise do sistema escravista e a crescente leva de imigrantes, gerando um aumento do mercado, especialmente de mão-de-obra. Já Cláudio Batalha, um historiador formado na Universidade Federal Fluminense (UFF), não crê que a formação da classe operária está puramente associada à estrutura produtiva, nem pela imposição do trabalho assalariado sem a concorrência do trabalho escravo, pois para ele os dois poderiam coexistir, acredita que a construção de classe é um processo mais demorado, e os resultados só seriam perceptíveis após essa massa trabalhadora adquirir experiências em comum, através da construção de uma consciência e interesses coletivos.
Ainda a respeito de São Paulo, Fausto destaca a eminência imigratória estrangeira, apesar de não desconsiderar a leva migratória interna, para a contribuição do excedente de trabalhadores. No âmbito ideológico ele credita aos imigrantes a inserção das ideologias reivindicatórias. Discordando – em parte – desta ideia, Batalha afirma que os estrangeiros influenciaram a militância, mas não poderiam ser os únicos responsáveis, pois a maior parte dos que vieram ao Brasil eram oriundos dos campos europeus, sem qualquer experiência de engajamento sindical ou político.
Ao traçar o perfil do operariado, os autores destoam novamente, enquanto Bóris Fausto alega que é uma mão-de-obra masculina, branca e fabril, com certa homogeneidade, Claudio Batalha afirma que há uma falsa imagem, pois embora fosse maioria em São Paulo e no sul do país, se encontravam cidades ou até regiões em que esse perfil não representava a realidade, mesmo sendo poucos os relatos sempre existiam conflitos étnicos dentro do movimento operário, por este ser demasiadamente heterogêneo, quando cita outro estudioso em seu trabalho Formação da Classe Operária e Projetos de Identidade coletiva:

“(...) Não se deve esquecer que a classe trabalhadora no Brasil é constituída de elementos díspares e variada em raça, língua, temperamento, cultura e hábitos, o que torna mais difícil o entendimento e a organização.”[x](AMBRIS, 1979, p. 40)


Neste contexto, é possível analisar o operariado feminino ao qual no âmbito fabril estava concentrado nas fábricas têxteis, aonde era parte majoritária da força de trabalho, quanto a esse dado, ambos os autores possuem um denominador comum, ao relatar a grandiosidade das tecelagens, como o tipo de indústria que por muito tempo empregava grandes levas de funcionários.
Claudio Batalha vai além ao tentar explicar o surgimento do movimento operário, para ele a classe é uma manifestação histórica e o embrião seria os trabalhadores qualificados, detentores de um ofício, porque desde o século XIX já não se encontravam artesãos com frequência, pois muitos trabalhadores já estavam submetidos a patrões, e com o intuito de obter poder de barganha frente aos empregadores, se uniam para pleitear melhores condições de trabalho.
Com o advento da República criou-se uma expectativa positiva de melhores condições para a classe operária, mas Batalha relata que a desilusão logo veio, ao perceberem a continuidade vinda com o novo regime. A esperança descrita pelo autor é evidenciada nos meios organizados pelo operariado, sonhavam com novas perspectivas de direitos políticos e sociais. Novos horizontes se abrem ao povo brasileiro, com o estabelecimento da forma republicana de governo no país. A democracia, que na sua acepção pura [...] é o regime de igualdade dos direitos como dos deveres, veio enfim nivelar todas as classes na partilha dos bens sociais, libertando-as do privilégio de umas sobre outras. O Proletariado nacional, que até hoje foi apenas uma força anônima servindo de base para todas as ambições, por inconfessáveis que fossem, passou destarte a ser uma força preponderante na sociedade, um elemento de prosperidade, de riqueza e de progresso. Sob a base da ordem, representada pelos poderes que se constituíram, o industrialismo tomará ingente impulso, valorizando a entidade moral e social do operário, que é modestamente o grande fator da civilização e da grandeza dos povos[xi].
Para entender o porquê de isso ocorrer é necessário estabelecer alguns pontos importantes a respeito da situação de vida do operariado que estava em formação nos grandes centros urbanos naquele momento da Primeira República, visando suas condições de moradia e trabalho. Existe uma ampla bibliografia historiográfica que permeia olhares sobre os meios operários, assim, trouxemos de maneira sucinta aspectos importantes sobre o cotidiano do movimento operário que se iniciava nessa época, compreendendo sua importância na organização e formação da classe operária.
A vida operária não foi substanciada apenas pelas relações sociais, como também por suas condições de vida. Bóris Fausto nos diz, assim como outros, que a vida operária se dava em áreas desvalorizadas (Ex. nos vales, em São Paulo, e em morros, no Rio de Janeiro), novas indústrias e imigrantes recém-chegados eram atraídos pelos seguintes fatores: preço baixo dos terrenos e proximidade das estações ferroviárias. Havia um padrão de moradia nos bairros operários que era expresso pelo excesso de cortiços. Essas habitações eram pobres em estilo (estética), estrutura, higiene e organização. Eram disformes umas das outras, em frangalhos, e suas ruas eram maltratadas e imundas. Essas condições se repetiam em grandes proporções. Pinheiro e Hall citam um jornal, Fanfulla, que estimava a presença desse tipo de moradia em um terço das habitações existentes em São Paulo. O aglomerado desse tipo de moradia acabava por originar muitos cortiços, estes logo se assemelhavam bastantes às vilas operárias.
A particularidade das vilas operárias é que era comum sua formação em torno das indústrias, pois sua contingência poderia ser utilizada como força de pressão ou instrumento de força contra greves. As famílias operárias procuravam se estabelecer perto das indústrias que se localizavam próximas às linhas férreas, devido à logística de escoamento da produção, como já visto se trata das mesmas características que atraíam as novas indústrias e os imigrantes recém-chegados. O caráter comum das vilas operárias se dava por sua ligação com a indústria representando uma relação entre capital e trabalho, pois, esse prolongamento da fábrica, servia como função normativa e disciplinar sobre o comportamento do operário no domínio privado e cotidiano fora da esfera de produção. Aliado a esse mecanismo de organização habitacional e controle, estavam às escolas profissionais que tinham o objetivo de formar cidadãos obreiros de hábitos cívicos. Assim, obtendo-se um controle social amplo. E sob este controle, as vilas buscavam oferecer facilidades – que devem ser observadas com cautela e criticamente – em educação, saúde e moradia. Um exemplo desse caso foi à vila operária Maria Zélia, concebida por um arquiteto francês, Pedarrieux. A vila se constituía numa cidadela operária fechada com escola, creche, clube, igreja, local para práticas esportivas, etc. De acordo com Maria A. de Decca “um mundo autossuficiente e um prolongamento da fábrica ordenava a vida dos operários pela disciplina e ordem através do controle social”.
Foi devido às precárias condições de vida que a insatisfação cresceu em meio aos operários e sintonizou-se com o descontentamento geral da população, provocando a organização das greves. A partir da contradição entre as aspirações destes operários não qualificados e a realidade de suas condições de vida e trabalho foi que os primeiros movimentos reivindicatórios ganharam impulso. É nesse âmbito que surgem as reivindicações por direitos trabalhistas sob diversas orientações e origens. Para uma ideia marcante dessas condições de trabalho/vida dos operários, observemos a citação:

“Vi, certa vez, um vidreiro, furioso porque a peça ficara inutilizada, despedaçá-la na cabeça do mal-aventurado aprendiz, que berrava feito louco, pois os pedaços de vidro, ainda quente, penetraram-lhe pela camisa adentro. E o monstro ainda ria, ao ver sua vítima pulando de dor... [...] O ambiente era o pior possível. Calor intolerável, dentro de um barracão coberto de zinco, sem janelas nem ventilação. Os cacos de vidro espalhados pelo chão representavam outro pesadelo para as crianças descalças. A água não primava pela higiene nem pela salubridade. [...] Havia sempre uns infelizes, os menores, de 7 ou 8 anos, que ficavam por último, pois não podiam enfrentar os maiores, que empregavam a força, tomando-lhes a dianteira da bica. Era a lei do mais forte.[...]” (PENTEADO, 1962, 117-121)[xii]


As reações variaram entre individuais ou coletivas. Casos de assassinatos e revoltas. O campo não se distinguiu, apesar da diversidade da vida no campo, da realidade dura da região urbana. Houve uma resistência coletiva dos trabalhadores. Decca diz que em 1913, em Ribeirão Preto chegou-se a congregar de dez a quinze mil colonos durante uma greve.
De maneira geral, havia o predomínio da miséria e exploração nas fábricas, tornando a situação do trabalho insustentável. As tensões provocadas pela relação entre capital e trabalho culminam em manifestações grevistas, onde temos o maior expoente na Greve de 1917. Lembremos que a expansão da economia cafeeira em fins do século XIX é um marco, pois foi o avanço da economia capitalista de exportação que gerou condições internas para a formação de um núcleo de trabalhadores de serviço, fazendo surgir o proletariado fabril.
Conhecendo um pouco da formação da classe trabalhadora e, analisando as condições de vida que levaram o operário a se organizarem, não se pode deixar de lembrar-se do papel importante da imprensa operária na luta dos trabalhadores. Ao contrário da grande imprensa, a operária está ligada de alguma forma a organização da classe trabalhadora, seu conteúdo é resultado de informações, preocupações, propostas produzidas pela e para a coletividade. Esse tipo de imprensa não pode ser analisado se não for levado em conta os movimentos operários que a acompanhou. Nesse sentido, fala-se que a Revolução Industrial criou novas atitudes e uma nova classe, o proletariado. Para melhor compreensão da história dessa imprensa operária é que Maria Nazareth Ferreira faz uma análise da imprensa operária brasileira, dividindo-a em três partes: a primeira sendo a anarcossindicalista, que vai desde o processo de urbanização (século XIX) até os anos de 1922; a segunda fase, a sindical-partidária, na qual é tratada a imprensa comunista e a da política de Getúlio Vargas (1922 – 1964); e a terceira que aconteceu somente após o golpe de 64, que é a imprensa sindical propriamente dita.
Neste artigo o real interesse está na imprensa referente ao início do processo de urbanização do país, que se iniciou no final do século XIX e início do XX. Neste contexto há grande incidência de imigrantes que vieram trabalhar na lavoura cafeeira e contribuiu para o desenvolvimento e difusão das novas ideias sociais, era a orientação anarcossindicalista. Os trabalhadores não contavam com nenhum meio de comunicação que unificasse e divulgasse suas lutas. Com os militantes anarquistas houve a proliferação da imprensa operária, que por possuir qualidade e quantidade de informações a respeito deste período, tornou-se muito valioso do ponto de vista histórico para o pesquisador. É interessante ressaltar que dos 343 títulos de jornais deste período, 60 eram editados em idioma estrangeiro, principalmente italiano. Isso mostra a forte presença dos imigrantes no país. Foram também eles que fundaram os jornais editados em português. Além de tratar do trabalho, os problemas enfrentados pelos imigrantes e a vida que levavam aqui eram os assuntos tratados pelos jornais.
O mais antigo jornal desta fase data de 1847, fundado em Recife, com o nome de O Proletário, outros também foram importantes como: O Jornal dos Tipógrafos, O Trabalho, A Barricada, O Grito do Povo, entre outros. A maior preocupação dos líderes era atingir o maior número possível de trabalhadores, o que dificultava bastante a sua ação eram as cisões por motivos religiosos e políticos. A imprensa operária também não conseguiu encontrar certa regularidade em sua distribuição, ora devido a dificuldades financeiras, ora devido perseguição por parte do Estado. Seu formato variava de acordo com as condições de papel e máquinas disponíveis, e sua periodicidade era determinada pelos acontecimentos. Percebe-se ainda ausência de publicidade e a figura do repórter não existia, a notícias eram feitas pelos próprios operários.
A importância da imprensa operária desta época está intimamente ligada a um forte personagem – Edgard Frederico Leuenroth[xiii] (1881-1968) –, nascido em Mogi Mirim, São Paulo. Desde os 12 anos, ele trabalhou como tipógrafo e em 1897 publicou seu primeiro jornal “crítico e literário”, O Boi. Nos primeiros anos de 1900, interessou-se pelo socialismo e frequentou o Círculo Socialista; logo a seguir, foi atraído para o movimento anarquista do qual jamais se afastou. Em 1903 fundou o Centro Tipográfico de São Paulo e no ano seguinte transformou-o em União dos Trabalhadores Gráficos. Fundou, dirigiu e colaborou com a imprensa operária e libertária, algumas vezes sob os pseudônimos Palmyro Leal, Frederico Brito, Siffleur, Len, Routh, entre outros.  Desempenhou papel de destaque na Greve Geral de 1917, em São Paulo. Para dar força a propaganda grevista e aos anseios revolucionários professados pelos libertários, fora criado o periódico A Plebe[xiv], que já pela escolha do seu nome revelava as pretensões anarquistas, de através de uma Greve Geral, como a que se equacionaria no transcurso de 1917, dar os primeiros passos rumo a Revolução Social, mediante “(...) à magnitude deste extraordinário momento histórico por que está atravessando a humanidade”. (KHOURY, 1981: 130). Escrevia assim, sobre os objetivos de A Plebe – o secretário do Comitê de Defesa Proletária (CDP) e jornalista libertário –, Edgard Leuenroth (1881 – 1968). Assim através de suas mãos nasceu em 1917, o referido jornal, tendo como um dos motes norteadores as insurreições que sacudiam a Rússia, desde fevereiro do corrente ano.  
Esse periódico sofreu várias intervenções policiais e por diversos períodos teve a sua circulação suspensa. Edgard Leuenroth encerrou definitivamente a publicação dele no ano de 1949. O jornal O Estado de São Paulo”, fala assim sobre Edgard Leuenroth, em 9 de janeiro de 1918:  "Toda a imprensa o considera um sonhador, um utopista, desses que põem toda a sua alma na propaganda das ideias que um dia irão dominar o mundo inteiro.".
Compreendendo como estava a vida do operariado, vendo a formação dos sindicatos e o papel fundamental da imprensa operária, é possível analisar melhor a greve geral de julho de 1917. Esta realizada em São Paulo fora um dos marcos de manifestação política durante a Primeira República; sua ressonância transpassou a cidade paulista e ecoou em diferentes lugares no território nacional. Serviu também como força motriz para o retorno do movimento operário que ao longo dos anos vivia em constantes oscilações e crises internas.
A influência do momento político-econômico se faz presente para a busca do entendimento de revoltas urbanas e sociais desse porte que não ficaram presas no âmbito da cidade de São Paulo, mas se constituíram como contestações em órbita global. A Primeira Guerra Mundial trouxe grandes transformações; seu prolongamento afetando a economia, trazendo a galope a inflação; a perda do poder de compra, enfim, um período nefasto ligando, infelizmente, a todos na guerra. Os altos índices inflacionários também atingiram o território nacional: São Paulo que ao longo dos anos fora se constituindo um grande polo econômico, com uma crescente estrutura industrial e quantitativo operariado, formado majoritariamente por imigrantes ou descentes dos mesmos, atravessava um momento delicado. O alto custo de vida e com salários que não conseguiam suprir as necessidades básicas, trazia assim, a insatisfação e descontentamento da classe operária como o descaso do governo vigente. Aliado a essa conjuntura, as péssimas condições de trabalho, os atrasos salariais, o tolhimento das possibilidades de organização sindical foram pontos importantes para o movimento de 1917. A greve em sua fase incipiente inicia-se quando em 9 de junho de 1917  os trabalhadores  do Cotonifício Crespi, grande  empresa de fiação e tecelagem  de algodão, localizada na Móoca paralisaram  parcialmente sua atividades; um dos fatores agravantes fora o prolongamento do serviço noturno sem acréscimo salarial. 
Os operários descontentes com as imposições, reivindicavam 15% a 20% de aumento salarial; nesse período um setor da fábrica com cerca de 400 trabalhadores  entram em greve e as reivindicações se ampliam: regulamentação do trabalho das mulheres e dos menores, supressão da  contribuição pró-pátria; as exigências feitas pelo operariado não são atendidas pela Crespi que tenta forçar a volta dos trabalhadores, acarretando no descontentamento dos operários levando a paralisação total da empresa. Em 26 de junho surge uma greve em outra fábrica, também do setor têxtil – A Estamparia Ipiranga – de Nami Jafet & Cia com cerca de 1.500 operários. Os mesmos possuíam exigências parecidas com os trabalhadores da Crespi, as variações são a respeito de aumento girando em torno de 20% a 25%; não havia contribuição pró-pátria, mas existia 2 meses de atraso salarial. Desde o início, a direção da empresa se mostrou inclinada a aceitar as propostas dos operários. Após 10 dias de paralisação os grevistas voltam ao trabalho com todas as exigências aceitas.
Destaca-se, segundo Bóris Fausto (1977), a participação das mulheres nos discurso de rua e também a presença da Liga Operária da Móoca um reduto importante para a formação organizacional da greve. Essa participação feminina na greve de 1917 poderia se tornar um tema de um trabalho futuro, tendo um maior enfoque nas pesquisas. A maioria das empresas que paralisavam exigia dentre outras coisas, a regulamentação do trabalho da mulher nas fábricas.
É interessante salientar a importância das ligas operárias no movimento grevista. Situadas nos bairros operários seu objetivo maior era de articulação e organização da classe; a conscientização de suas condições de trabalho e também sobre a opressão do patronato. Ligas como da Móoca, que teve grande influência a paralisação da Crespi, tendo sua sede servido de local para conversações a respeito da mesma; Belenzinho, Bom Retiro, Cambuci são exemplos da transformação das ligas operárias em centros de resistência operariada. Em 7 de julho a greve alcança uma outra empresa importante, a fábrica da Antártica, situada na Móoca com aproximadamente 1.000 operários. Antes de entrarem em greve, os operários chegaram a enviar vários ofícios para a direção da empresa, porém não foram atendidos. Ofícios esses, que giravam em torno de aumento salarial de 13% e da fixação da jornada de trabalho em 9 horas. Além disso, durante o verão, a demanda de bebidas aumentava, elevando as horas de trabalho sem acréscimo na renda dos operários.
Os ânimos começam a se acirrar, havendo passeatas e até mesmo trocas de tiros entre os grevistas e a polícia. Em meio dessa efervescência, surge como ponto alto do movimento de 1917 a morte de José Ineguez Martinez, um jovem sapateiro de 21 anos, atingido por uma bala no estômago durante uma das manifestações grevistas, acabando por se tornar um mártir do movimento. Seu enterro é acompanhado por cerca de 10.000 pessoas.

“No dia seguinte ao enterro de Martinez, a cidade de transforma em um campo de batalha. Seria excessivo imaginar, porém, que o governo tenha perdido o inteiro controle da situação. A gravidade da revolta provoca uma extensa mobilidade militar, com o deslocamento de tropas do interior do Estado e o apoio do governo federal, calculando-se a 13 de julho em 7.000 o número de milicianos estaduais na cidade.” (FAUSTO, pg. 197, 1977)


A partir daí, a greve, de julho de 1917, ganha maiores proporções; 35 empresas entram em greve, inclusive a Estamparia Ipiranga, que volta a paralisar por solidariedade aos demais grevistas. Durante os conflitos, os grevistas chegam a atacar algumas autoridades. Em um dos tiroteios, os manifestantes atacam o carro do delegado Rudge Ramos, que consegue fugir. Outro grupo tenta assaltar a casa do secretário de justiça na Avenida Paulista, mas é impedido pela força que guardava o prédio. Além disso, armazéns, veículos que se arriscam a transitar pelas ruas e até mesmos algumas casas são assaltadas; como na Revolta da Vacina, os lampiões de iluminação são alvos de depredações.
Nesse momento de ebulição temos a formação do Comitê de Defesa Proletária, formado por representantes dos grevistas, que cria uma comissão paralela composta por jornalistas para a negociação com o patronato; nomes como Edgard Leuenroth, Teodoro Monicelli, Candeias Duarte e Gigi Damiani tem o papel de mediar às negociações entre os operários e Empresário/Estado. O Comitê formula um programa de reivindicações que tinha como pauta aumento salarial de 35% para os salários inferiores a 5$000 e de 25% para os mais elevados; proibição do trabalho de menores de 14 anos; abolição do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos; jornada de trabalho de 8 horas; acréscimo de 50% nas horas extras; respeito ao direito de associação; libertação dos grevistas presos; permanência no emprego dos participantes da greve.
Além das propostas enviadas para as empresas, que beneficiariam os trabalhadores; estava na pauta dos grevistas reivindicações para o governo, que melhorariam a vida do consumidor em geral. Neste ponto podemos observar a importância da greve de 1917 não só para o operariado, mas para a massa popular. Nessas reivindicações encontramos pedidos para a redução do preço do aluguel, controle da inflação e até mesmo para que houvesse uma maior fiscalização estatal para impedir a adulteração dos alimentos. A comissão de jornalistas em 13 de julho media as negociações com os operários e os patrões, que lançam a contra proposta, um aumento de 20%, promessas de respeitar os direitos dos operários e de não demitir os grevistas. Também durante a reunião as reivindicações feitas pelo o Comitê ao governo para controlar a inflação e fiscalizar para que os direitos dos trabalhadores fossem atendidos. Dois dias depois, o Comitê aceita a proposta patronal e do governo. Comícios foram programados para com a finalidade de comunicar aos grevistas a resolução e processo de conduzir o final do movimento que fora se dissolvendo gradativamente.
Quando se fala da Greve de 1917 deve-se relembrar que movimentos grevistas eram frequentes, mas em sua maioria sendo resolvidas rapidamente e tendo com a força policial para abafa-las de forma eficaz. Como grande palco para a eclosão dessas manifestações devido, seu posicionamento diferenciado diante as outras capitais nacionais, São Paulo possui exemplos de processo de insatisfação da classe operária ao longo do início da República: o movimento grevista da Companhia Paulista em 1906, como salienta Bóris Fausto “a principal greve ferroviária do Estado, em toda a história da Primeira República” (pg.135,1977) traz motivações recorrentes em tantos outros movimentos grevistas como o descontentamento salarial e opressão a livre associação sindical. A greve da Paulista não durou muito; seu desfecho é violento e muitos operários são demitidos e presos. Suas reivindicações não foram atendidas. Um ano após, em 1907, surge à greve pelas oito horas de trabalho, abrangendo fábricas no centro da capital paulista e aderindo setores inicialmente da construção civil, na indústria metalúrgica e depois sapateiros, gráficos, têxtil; outro ponto em destaque, fora a escassez de organização dos grevistas evidenciada por Fausto, recorrência nestes movimentos. Pouco das reivindicações foram atendidas e demissões, repressão e prisões são palavras chaves para os acontecimentos.
Outro movimento que retorna as mobilizações operárias é em 1912 com operários da Mariângela e Santana que eram no momento as duas maiores empresas têxteis de São Paulo com reivindicações de aumento de salário, muito permeado pelo momento vivido na economia brasileira:

“A acentuada expansão da economia brasileira nos anos de 1910/meados de 1913 foi acompanhada, a partir de 1911, de uma tendência à elevação de preços. Na Capital de São Paulo, jornais apontavam circunstâncias particulares para o agravamento do problema: a cidade recebera um grande afluxo populacional sem que a oferta de bens fosse suficiente para atender às novas necessidades; a escassez de casas de aluguel se tornara aguda, multiplicando-se as queixas contra o critério adotado pelo prefeito Antônio Prado no seu esforço de remodelar a cidade” (FAUSTO, pg.150,177)


Vários elementos das outras manifestações estão contidos na Greve de 1917 para se perceber o quão a luta da classe operária é formada por diferentes momentos, ora em hiato, ora por uma eclosão que desatina em processos de mobilização grevista e, tentativas de organização da classe. O que acontece em São Paulo em 1917 é marcante também por seu teor das reivindicações, pedidos que sendo executados trariam benefícios, não só à classe operária, mas sim para o trabalhador assalariado como um todo, entretanto, o que fora acordado entre  os operários e o Patronato/Governo durante as negociações não foram seguidas devidamente. Mobilizações grevistas ao longo de 1917, porém, sem a amplitude e articulação na que se instaurou em julho, percorreram ao longo dos meses. Segundo PINHEIRO & HALL (1979, pg. 228) “a grande greve de maio de 1919, em São Paulo foi sob alguns aspectos, a continuação sendo as mesmas, as características gerais do movimento eram similares”.
Outras questões também giram em torno da Greve de 1917 como o seu possível caráter espontâneo: indagações sobre a greve como uma rebelião das massas proletárias, assim instaurando as paralisações ou um movimento de certa forma em processo previamente articulado, que ao longo dos seus desdobramentos buscam instigar a classe operária a se rebelar contras os patrões e governo.
Bóris Fausto, em trabalho de 1974 – Conflito Social na República Oligárquica: a greve de 1917 – cita Leôncio Martins Rodrigues a respeito dessa questão; Rodrigues sinaliza em sua obra Conflito social e sindicalismo no Brasil que a greve de 1917 não possui ligação com o avanço do sindicalismo ou movimento organizado, mas foi reflexo das questões sociais, a carestia e possivelmente a Revolução Russa. Empresas e Governo foram tomados e o Comitê de Defesa Proletária foi formado às pressas. Posicionamento como esses nos levam a tentar definir a Greve de 1917 com uma espécie de “tomada de bastilha”, essa visão fora ao longo do tempo reforçada com publicações, usando o termo atribuído por Cláudio Batalha (1995) de “produção militante” trabalhos que buscavam ver o movimento de 1917 como “insurreição das massas proletárias”. Nome como Edgard Leuenroth, um dos integrantes da comissão mediado da greve possuía um posicionamento nessa linha de raciocínio:
“[...] A greve geral de 1917 foi um movimento espontâneo do proletariado sem interferência, direta ou indireta, de quem quer seja. Foi uma manifestação explosiva, consequente de um longo período de vida tormentosa que então levava a classe trabalhadora[...]” (HALL, PINHEIRO, 1979).


Segundo Fausto a greve não fora algo acidental. O autor tenta explicar o significado do espontaneísmo: “A espontaneidade pura só existe nos livros de contos de fada acerca do movimento operário e não em sua verdadeira história.” (FAUSTO, 1974).
É importante salientar que para Fausto o momento político e socioeconômico é importante para o movimento de 1917, a inflação, a carestia, as condições do operariado nas fábricas. Entretanto, temos que observar as possíveis comunicações entre os operários trazendo novamente em questão a influência das ligas operárias; as tensões nos meses antecedentes da Greve de 1917 foram também acompanhadas de um esforço organizatório, apesar de todos os seus limites.
A greve geral de 1917 não fora um movimento que sanou todos os problemas da classe operária, mas um ponto para as tentativas de organização da estrutura sindical brasileira: greves, passeatas, comissão, conflitos com a polícia foram constante na história do movimento operário em sua eterna busca por transformações e melhorias das condições de vida e trabalho.
Assim, é possível perceber nas reivindicações do movimento operário na Primeira Republica traços do que posteriormente se concretizaria numa legislação trabalhista. Também é possível notar a inexistência de um conjunto de leis que regulassem as relações de trabalho nesse período, principalmente por conta da influência do liberalismo no Estado. Como bem coloca Luiz Werneck Vianna, o liberalismo defendia a propriedade privada e as relações entre entes privados. Logo, o empregador detinha a propriedade de algum meio de produção e o trabalhador possuía a si mesmo como propriedade, o seu trabalho. A relação trabalhista se estabelecia entre dois entes privados: trabalhador e empregador.
Uma vez que o Estado liberal não deveria intervir em relações privadas, não lhe competia estabelecer uma legislação para regular tal relação, cabendo ao patrão e ao empregado a assinatura de contrato, de forma que o primeiro oferecia o pagamento ao segundo em troca dos seus serviços. Nesse caso, cada empregado era considerado individualmente nesse processo, o que dava certa margem para arbitrariedades, como diferenças salariais ou de tratamento entre os funcionários.
As tentativas de criação de uma legislação trabalhista esbarravam também em aspectos legais. Projetos nesse sentido eram barrados sob a alegação de ferir a Constituição de 1891, em seu artigo 72, parágrafo 24: “é livre o exercício de qualquer profissão moral, intelectual e industrial”. Ora, nesse caso o trabalhador, qualquer que seja, tem o direito de trabalhar quantas horas quiser, no turno que desejar, aceitando o pagamento que achar justo. É notório, no entanto, que na maioria dos casos o trabalhador era levado pelas circunstâncias a exercer suas atividades em condições degradantes, com jornadas excessivas e salários incompatíveis com o custo de vida. Temos duas realidades: a jurídica e a factual.
Com a formação dos sindicatos, os trabalhadores passam a ter maior expressividade e representatividade. Se antes eram tratados como entes individuais nas relações de trabalho, agora constituíam uma organização plural e consequentemente mais forte. Em casos de arbitrariedade patronal, o trabalhador poderia se aliar a seus pares e pressionar o empregador. Dentro dessa lógica, a relação de trabalho deixava de ser entre dois entes privados e passava a ser entre o patrão e os sindicatos de classe, portanto, “desigual”. Tal compreensão justificativa a ação do Estado na repressão às manifestações grevistas, uma vez que, na ótica do liberalismo, os trabalhadores unidos eram mais fortes que o patrão isoladamente e era preciso contrabalançar essa relação.
Uma legislação trabalhista propriamente dita só tomará forma com a Consolidação das Leis Trabalhista, no governo Vargas. Tal conjunto de leis abrangerá questões contratuais de trabalho (muitas, como já foi dito, já figuravam nas memórias das primeiras greves operárias), de previdência e também a organização sindical. Se por um lado os trabalhadores passam a possuir uma regulamentação formal, por outro a intervenção do Estado no sentido de regular a atuação dos movimentos reivindicatórios dos trabalhadores servirá para tornar os sindicatos órgãos menos combativos, devido às restrições previstas em lei.

3.    Considerações Finais

A organização e atuação do movimento operário no Brasil constitui um fenômeno complexo, que carrega elementos de diversas correntes ideológicas e uma ampla gama de possibilidades de análise.
Ao analisar brevemente a sua formação e uma das principais greves ocorridas na Primeira República, este artigo tentou com que o leitor compreendesse melhor a situação do operariado e, consequentemente, o fenômeno da constituição de organismos voltados para a luta por melhores condições de vida e trabalho. A greve como instrumento de reivindicação também é colocada como objeto de análise, principalmente quanto as suas motivações e formas de organização.
A revisão bibliográfica nos leva também a refletir sobre o avanço nesse campo da história e na necessidade constante de rever as produções acadêmicas, cruzando informações e enriquecendo a análise do fenômeno. Podendo perceber que ainda muito pode ser pesquisado neste campo, que ainda está em aberto.
Lembrando que as historiografias antigas são de extrema importância para fundamentar uma base em uma melhor análise futura. Portanto, historiadores como Bóris Fausto e outros de conceitos anteriores também podem ser utilizados para compreender o processo de formação e fundamentação operária, fazendo uma conceituação historiográfica com autores mais recentes que tratam deste período, como Cláudio Batalha.
A Greve Geral de 1917 foi marcante até os dias de hoje. Sendo lembrada por ter envolvido tantos operários de uma só vez, como pela importância na mudança realizada mais tarde na Constituição, de modo a repensar as questões trabalhistas e, servir de exemplo para mostrar que a população tem força, basta se unir.





Abstract

            This article presents an overview of union organization in Brazil during the Republic First, with its origins, its development and operation, from the historiography produced by significant authors, and some of the workers press publications of the time, mostly opposing the views of historians Boris Fausto - with an older work - and Claudio Batalha - more contemporary. Importance is placed special analysis of the General Strike of 1917, held in São Paulo, one of the landmarks of Brazilian workers' struggles, trying to understand the factors that contributed to its outbreak, its impact and its achievements.

Keywords: Labor Movement. Syndicate. First Republic. 1917. Strike.



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- VIANNA, Luís Werneck. Liberalismo e Sindicato no Brasil. 2 ed. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978.

Jornais e periódicos:
Fanfulla (1904)
A Voz do Trabalhador (1906)
A Plebe (1917)

Sites (vistos na quinta, 18/10, e revisitados no domingo, 21/10, e na segunda, 22/10):


Notas:

[i] Texto elaborado a partir das Normas da ABNT para avaliação da Cadeira de História do Brasil VII do Curso de Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco.

[ii] Aluno de Graduação do 6º Período do Curso de História da Universidade Federal de Pernambuco.                                     e-mail: mega_duarte@live.com

[iii] Aluno de Graduação do 6º Período do Curso de História da Universidade Federal de Pernambuco.                                     e-mail: elvis.barbosa22@gmail.com

[iv] Aluna de Graduação do 6º Período do Curso de História da Universidade Federal de Pernambuco.                                     e-mail: dedeu18@hotmail.com

[v] Aluno de Graduação do 6º Período do Curso de História da Universidade Federal de Pernambuco.                                     e-mail: bruno.vitor092@gmail.com

[vi] Aluno de Graduação do 6º Período do Curso de História da Universidade Federal de Pernambuco.                                     e-mail: lucena.pablo87@gmail.com

[vii] Aluno de Graduação do 6º Período do Curso de História da Universidade Federal de Pernambuco.                                     e-mail: wellingtonjunior_s@hotmail.com

[viii] FAUSTO, Bóris. Trabalho Urbano e Conflito Social. 2ª Ed. São Paulo. Editora Difel, pág. 192, 1977.

[ix] Movimento que dava os primeiros passos em meados de junho, através de trabalhadores da indústria têxtil Cotonifício Crespi, na Moóca, e que no transcurso de julho foi ganhando mais adeptos, deflagrando uma Greve Geral por três dias. Sobre tais acontecimentos destacamos um importante relato agregado a obra: BEIGUELMAN, Paula. Os companheiros de São Paulo. 2ª ed. São Paulo: Global, 1981.

[x] Alceste de Ambris. “II movimento operário no stato de São Paulo”. In II Brasile e gli italiani. Florença, 1906, reproduzido em Pinheiro e Hall (1979, p. 40).

[xi] “O operário e a República”. Voz do Povo, 1 (2), Rio de Janeiro, 7 de Janeiro de 1890, p. 1.
[xii] PENTEADO, 1962, 117-121, apud PINHEIRO e HALL, 1981, pp. 55-57.
[xiii] Importante militante anarquista envolvido na desenvoltura de diversos jornais anarquistas, entre os quais A Terra Livre, A Lanterna, A Plebe, A Vanguarda, Ação Direta, fora um dos fundadores da Federação Operária de São Paulo (1905) tendo participado da organização do Primeiro, Segundo e Terceiro Congressos Operários Brasileiros, ainda através de suas mãos ganhava forma um dos mais importantes arquivos sobre as lutas sociais no Brasil, hoje sob a responsabilidade da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Da autoria de Leuenroth publicou-se: Anarquismo: roteiro da libertação social. Rio de Janeiro: Mundo Livre, 1963 (reeditado em 2007 pela editora Achiamé); A organização dos jornalistas brasileiros (1908-1951). São Paulo: COM-ARTE, 1987. Igualmente, publicou-se uma pequena e interessante biografia sobre este combatente da liberdade na coleção Rebeldes Brasileiros, fascículo 7, da revista Caros Amigos.

[xiv] Importante jornal anarquista surgido em 1917, em São Paulo, pelas mãos do jornalista libertário Edgard Leuenroth. A Plebe, um dos mais duradouros jornais anarquistas no Brasil, perdurou até 1949 (tendo uma trajetória marcada por interrupções), sendo o mesmo um “momentâneo” substituto do periódico anticlerical A Lanterna, que interrompia suas atividades em 1916 (reaparecendo em 1933).







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