ANÁLISE
DE LIVRO DIDÁTICO
HISTÓRIA
- PROJETO RADIX - 9º Ano
Autor:
Cláudio Vicentino
Editora:
Scipione
Edição:
2009.
Alunos:
Alexandre
Aguiar;
Izabela
Conceição;
Janaina Paz;
Raphael França
CONTEÚDO
·
Os projetos da República (pág.22)
Ø O
autor não expõe os diferentes projetos de República a partir de suas ideologias
- Positivismo, liberal e jacobino - prefere classificar as propostas a partir
das classes sociais que as propõe. Exemplo: Oligárquico, militar e democrático;
Ø O
autor cita o povo como um quarto grupo: movimentos operários no meio urbano e
trabalhadores rurais;
Ø Exposição
de quase todos os governos da Primeira República;
Ø Dedica
uma parte a todos os presidentes, utilizando termos antiquados como “República
da espada” e do “café com leite”;
Ø O
autor cita o livro Os Bestializados quando
aborda a corrupção eleitoral.
Ø O
Autor dedica um capítulo às Revoltas populares ocorridas nesse período,
dividindo-as em urbanas ou rurais:
Na
cidade
Ø
Revolta da vacina
Ø
Revolta da chibata
Ø
Organização operária – influências
socialistas e anarquistas
No campo
Ø Contestados
Ø Canudos
Ø O
autor apenas cita o Cangaço
COMO
O autor utiliza de uma Historia predominantemente
narrativa, pontuando os principais fatos históricos que culminaram na
proclamação da república. Utiliza-se de artifícios visuais como charges, fotos
e pinturas.
Um aspecto interessante é a ligação
estabelecida pelo autor entre a Literatura e História. No capítulo analisado
ele propõe uma atividade didática, utilizando o livro “O triste fim de
Policarpo Quaresma” de Lima Barreto. Nesta parte temos um trecho da obra e um
comentário do autor situando seu contexto histórico. De forma similar o autor
utiliza charges.
A utilização de fotos modernas,
juntamente com fotos da época, quando aborda as revoltas populares. Observamos
a foto de um ônibus queimado, ocupando a mesma página que uma charge da Revolta
da Vacina.
COMPREENSÃO
DA REPÚBLICA
A abordagem do autor limita-se
a narração histórica. A obra é pobre na problematização da História, o que
prejudica uma apropriação crítica do conhecimento histórico. Vicentino utiliza
as classes sociais para explicar os projetos de República, não informando quais
ideologias operavam na mentes destas classes, se positivista, liberal ou
jacobina. Também discorre pouco sobre a situação popular nesta transição do Império
para a República. Assim a compreensão que resta aos alunos, após realizar uma
leitura da obra é a seguinte: A
república brasileira foi realizada de forma pacífica, pela ação dos militares.
Posteriormente a oligarquia estabelece a “República do café com leite” e as
elites paulistas e mineiras passam a dominar a política nacional, contando com
a ajuda dos governadores. O povo é uma massa de excluídos, sem direitos plenos
e que se manifestava através de revoltas populares. A problematização
relativa à conquista da cidadania, dos direitos políticos e civis, que poderia
ser abordada no capítulo das revoltas populares, não é realizada.
Em
nenhum momento o autor desperta no aluno a possibilidade de que as massas
populares no Brasil eram muito diversificadas, não devendo ser resumidas em
revoltas populares. Talvez, Vicentino seja vítima do mesmo reducionismo que
José Murilo de Carvalho sofre em sua obra “Os Bestializados”.
Também não é
abordada a situação dos negros e sua integração à sociedade no contexto
pós-abolição que coincide com a República, tendo em vista que os negros
representavam a maior parcela da sociedade brasileira. O que poderia acontecer
se estabelecendo uma ligação com o presente.
Alguns
artifícios do autor são louváveis, a utilização da literatura, fotos e charges
enriquece a didática em sala de aula. Os links entre passado e presente são
muito interessantes, desde que o professor esteja atento aos anacronismos.
Concluímos que o livro didático analisado está
muito aquém do necessário ao ensino de uma História crítica. Dificuldade
ampliada com a pouca carga horária da disciplina. Cabe ao professor,
proporcionar uma releitura crítica da História aos seus alunos, utilizando-se
de seu conhecimento apreendido nas produções historiográficas, atualizadas de
acordo com o que é produzido na academia. O que remete a necessidade constante
do professor se reciclar, atualizando constantemente sua biblioteca com as
novas releituras da História.
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