domingo, 13 de maio de 2012


ANÁLISE DE LIVRO DIDÁTICO

HISTÓRIA - PROJETO RADIX - 9º Ano
Autor: Cláudio Vicentino
Editora: Scipione
Edição: 2009.

Alunos:
Alexandre Aguiar;
Izabela Conceição;
Janaina Paz;
Raphael França
CONTEÚDO

·         Os projetos da República (pág.22)

Ø  O autor não expõe os diferentes projetos de República a partir de suas ideologias - Positivismo, liberal e jacobino - prefere classificar as propostas a partir das classes sociais que as propõe. Exemplo: Oligárquico, militar e democrático;

Ø  O autor cita o povo como um quarto grupo: movimentos operários no meio urbano e trabalhadores rurais;

Ø  Exposição de quase todos os governos da Primeira República;

Ø  Dedica uma parte a todos os presidentes, utilizando termos antiquados como “República da espada” e do “café com leite”;

Ø  O autor cita o livro Os Bestializados quando aborda a corrupção eleitoral.

Ø  O Autor dedica um capítulo às Revoltas populares ocorridas nesse período, dividindo-as em urbanas ou rurais:

Na cidade
Ø  Revolta da vacina
Ø  Revolta da chibata
Ø  Organização operária – influências socialistas e anarquistas
No campo
Ø  Contestados
Ø  Canudos
Ø  O autor apenas cita o Cangaço


COMO
O autor utiliza de uma Historia predominantemente narrativa, pontuando os principais fatos históricos que culminaram na proclamação da república. Utiliza-se de artifícios visuais como charges, fotos e pinturas.
            Um aspecto interessante é a ligação estabelecida pelo autor entre a Literatura e História. No capítulo analisado ele propõe uma atividade didática, utilizando o livro “O triste fim de Policarpo Quaresma” de Lima Barreto. Nesta parte temos um trecho da obra e um comentário do autor situando seu contexto histórico. De forma similar o autor utiliza charges.
            A utilização de fotos modernas, juntamente com fotos da época, quando aborda as revoltas populares. Observamos a foto de um ônibus queimado, ocupando a mesma página que uma charge da Revolta da Vacina.   

COMPREENSÃO DA REPÚBLICA
         A abordagem do autor limita-se a narração histórica. A obra é pobre na problematização da História, o que prejudica uma apropriação crítica do conhecimento histórico. Vicentino utiliza as classes sociais para explicar os projetos de República, não informando quais ideologias operavam na mentes destas classes, se positivista, liberal ou jacobina. Também discorre pouco sobre a situação popular nesta transição do Império para a República. Assim a compreensão que resta aos alunos, após realizar uma leitura da obra é a seguinte: A república brasileira foi realizada de forma pacífica, pela ação dos militares. Posteriormente a oligarquia estabelece a “República do café com leite” e as elites paulistas e mineiras passam a dominar a política nacional, contando com a ajuda dos governadores. O povo é uma massa de excluídos, sem direitos plenos e que se manifestava através de revoltas populares. A problematização relativa à conquista da cidadania, dos direitos políticos e civis, que poderia ser abordada no capítulo das revoltas populares, não é realizada.  
           Em nenhum momento o autor desperta no aluno a possibilidade de que as massas populares no Brasil eram muito diversificadas, não devendo ser resumidas em revoltas populares. Talvez, Vicentino seja vítima do mesmo reducionismo que José Murilo de Carvalho sofre em sua obra “Os Bestializados”.
Também não é abordada a situação dos negros e sua integração à sociedade no contexto pós-abolição que coincide com a República, tendo em vista que os negros representavam a maior parcela da sociedade brasileira. O que poderia acontecer se estabelecendo uma ligação com o presente.
Alguns artifícios do autor são louváveis, a utilização da literatura, fotos e charges enriquece a didática em sala de aula. Os links entre passado e presente são muito interessantes, desde que o professor esteja atento aos anacronismos.

           Concluímos que o livro didático analisado está muito aquém do necessário ao ensino de uma História crítica. Dificuldade ampliada com a pouca carga horária da disciplina. Cabe ao professor, proporcionar uma releitura crítica da História aos seus alunos, utilizando-se de seu conhecimento apreendido nas produções historiográficas, atualizadas de acordo com o que é produzido na academia. O que remete a necessidade constante do professor se reciclar, atualizando constantemente sua biblioteca com as novas releituras da História.

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