Por Andrezza Melo
Mulheres sentadas estão a
bordar um manto,uma delas está dando o peito a seu pequeno;crianças um pouco
maiores também estão em cena, uma delas trás ao seu corpinho aquele manto
contraído ao peito como buscasse proteção e reconforto.Sobre o chão repleto de
estrelinhas cortadas,carretéis,fitas azuis e verdes,brinca deitada com uma
dessas estrelinhas,uma outra criança que também está protegida envolta pelo
manto.O infante tão pequeno ainda não sabe o que a vida pode lhe reservar, o
futuro é incerto,mas a esperança está sempre nos nossos corações.
O trabalho continua,o manto
tem de ser finalizado.É preciso,a hora está chegando.Mas que importância e o
que é esse manto?É o símbolo,a ideia a esperança,as boas novas:a bandeira
republicana.
Essa é a descrição de um
quadro muito conhecido - A Pátria- de
Pedro Bruno, e que nele representa a construção do imaginário da República,da
bandeira nacional que junto ao hino,símbolos mor desse processo.Em A formação
das Almas de José Murilo de Carvalho trás à tona a análise,entre outros elementos, a ideia de construção do
imaginário social e que nela os símbolos, alegorias tentaram a legitimação do
regime político republicano.
No estudo anterior do autor
– Os Bestializados – que transcorre a
análise também do período de transição do Império para a República se questiona
sobre apatia popular sobre a proclamação,como em outros casos,a participação
popular fora de suma importância em outros países como na França em oposição a
República brasileira extremamente manipulada pelas elites e é nessa questão que
A formação das Almas denota a busca pela perguntas já feitas em Os Bestializados: se o povo não teve
participação nos embates para construção e idealização da República,mas como
coopá-los e regimentá-los para os
verdadeiros idealizados da República,a elite brasileira?A criação de um
arcabouço de elementos que sanassem os anseios populares em meio de um momento
emblemático no cenário político.
Numa época de temores,insatisfações,
a esperança sempre mananceou os corações
e a construção de símbolos se faz importante para o acalento das massas,entretanto,a
elaboração como o próprio autor,do imaginário, conclui é que não ajudou a
saciar as inquietações e celeumas do momento,mesmo os republicanos com sua
habilidade manipulação dos símbolos não conseguiram trazer a nação as glórias e
felicidades prometidas.
A “formação da alma” da
República brasileira ficou no campo da abstração. Tentaram tecer o manto o mais
rápido possível ,mas o trabalho é árduo, e também esmerado, paulativo.porém
tentaram içar-lo depressa demais mesmo
não estando pronto.
Referências
bibliográficas
A
formação das almas: o imaginário da República no Brasil. José Murilo de
Carvalho. São Paulo: Companhia da Letras,1990
Os
Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. José Murilo de
Carvalho. São Paulo: Companhia da Letras,1987
Andrezza, sua escrita é muito interessante, mas neste caso ficou faltando argumentar mais convincentemente uma ideia. Será que podemos mesmo afirmar que a criação de um imaginário político serve unicamente à manipulação das massas? E a criação de identidades, de amor à pátria, etc...considere que cada argumento tem uma complexidade que precisa ser matizada na escrita...
ResponderExcluir8,5