sábado, 24 de março de 2012

O Símbolo: Representações do Imaginário da República Brasileira


Por Andrezza Melo


Mulheres sentadas estão a bordar um manto,uma delas está dando o peito a seu pequeno;crianças um pouco maiores também estão em cena, uma delas trás ao seu corpinho aquele manto contraído ao peito como buscasse proteção e reconforto.Sobre o chão repleto de estrelinhas cortadas,carretéis,fitas azuis e verdes,brinca deitada com uma dessas estrelinhas,uma outra criança que também está protegida envolta pelo manto.O infante tão pequeno ainda não sabe o que a vida pode lhe reservar, o futuro é incerto,mas a esperança está sempre nos nossos corações.

O trabalho continua,o manto tem de ser finalizado.É preciso,a hora está chegando.Mas que importância e o que é esse manto?É o símbolo,a ideia a esperança,as boas novas:a bandeira republicana.

Essa é a descrição de um quadro muito conhecido - A Pátria- de Pedro Bruno, e que nele representa a construção do imaginário da República,da bandeira nacional que junto ao hino,símbolos mor  desse processo.Em  A formação das Almas de José Murilo de Carvalho trás à tona a análise,entre  outros elementos, a ideia de construção do imaginário social e que nela os símbolos, alegorias tentaram a legitimação do regime político republicano.

No estudo anterior do autor – Os Bestializados – que transcorre a análise também do período de transição do Império para a República se questiona sobre apatia popular sobre a proclamação,como em outros casos,a participação popular fora de suma importância em outros países como na França em oposição a República brasileira extremamente manipulada pelas elites e é nessa questão que A formação das Almas denota a busca pela perguntas já feitas em Os Bestializados: se o povo não teve participação nos embates para construção e idealização da República,mas como coopá-los e regimentá-los  para os verdadeiros idealizados da República,a elite brasileira?A criação de um arcabouço de elementos que sanassem os anseios populares em meio de um momento emblemático no cenário político.

Numa época de temores,insatisfações, a esperança sempre mananceou  os corações e a construção de símbolos se faz importante para   o acalento das massas,entretanto,a elaboração como o próprio autor,do imaginário, conclui é que não ajudou a saciar as inquietações e celeumas do momento,mesmo os republicanos com sua habilidade manipulação dos símbolos não conseguiram trazer a nação as glórias e felicidades prometidas.

A “formação da alma” da República brasileira ficou no campo da abstração. Tentaram tecer o manto o mais rápido possível ,mas o trabalho é árduo, e também esmerado, paulativo.porém tentaram içar-lo  depressa demais mesmo não estando pronto.

Referências bibliográficas
A formação das almas: o imaginário da República no Brasil. José Murilo de Carvalho. São Paulo: Companhia da Letras,1990
Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. José Murilo de Carvalho. São Paulo: Companhia da Letras,1987



Um comentário:

  1. Andrezza, sua escrita é muito interessante, mas neste caso ficou faltando argumentar mais convincentemente uma ideia. Será que podemos mesmo afirmar que a criação de um imaginário político serve unicamente à manipulação das massas? E a criação de identidades, de amor à pátria, etc...considere que cada argumento tem uma complexidade que precisa ser matizada na escrita...
    8,5

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