domingo, 18 de março de 2012

Sobre Uma Cultura Política do Esquecimento


                                                                                Por João Lucas Cavalcanti

Primeiramente, tomarei o conceito de Cultura Política como foi debatido em sala de aula. Sendo este conceito, a reunião de várias formas de representações culturais, em forma de costumes, hábitos, um conjunto de expressões ou práticas sociais que caracterizam uma sociedade em torno de uma abordagem culturalista dos fenômenos relacionados às disputas de poder. Este conceito expressa assim uma identidade coletiva que é construída necessariamente ou consolidada em longo prazo.
Sendo assim, podemos apontar o Brasil como um país constituído de uma Cultura Política jovem ou em formação mas, ainda assim com certas tendências e pré-disposições já formadas. Identificando esta Cultura Política brasileira no texto de Rodrigo Patto, taxada como “conciliatória” é caracterizada com o horror aos conflitos e grandes tempestades políticas, no geral procura se manter sobre bases estáveis em busca de mudanças com estabilidade. Vejo estas características com veracidade no povo brasileiro de forma geral, chegando inclusive a levar ao esquecimento questões que trouxeram grande pavor e sofrimento à sociedade, ou seja, momentos de grande instabilidade.
Este tema foi inclusive debatido em sala como o “jeitinho brasileiro”, que repercute de várias formas e sentidos diferentes na sociedade brasileira, como por exemplo: falamos da ditadura militar de 1964 e posteriormente da anistia que não fez justiça plena aos torturadores que continuaram impunes e que, independentemente dos argumentos apresentados em sala, vejo como um símbolo de uma Cultura Política do esquecimento e conseqüentemente de um profundo desrespeito à memória nacional. Esquecimento este, carregado de enorme Peso Emocional onde não se trata de fomentar ódio ou tristeza, mas sim, de uma necessidade de se fazer Justiça e de respeito ao nosso passado. Sendo este respeito apenas relevante e valorizado se constituído de necessária sensibilidade emocional.
O texto de Patto também analisa as diferenças entre Brasil e Argentina para melhor identificar estas características de suas Culturas Políticas, onde no Brasil, diferente da Argentina, o “jeitinho brasileiro” mais uma vez surge com outro sentido: as perseguições no regime militar seguidas de cooptação, utilizando-se de uma violência extralegal com o uso de mecanismos legais amenizaram as penas para os assassinos da ditadura, mostrando como com um “jeitinho” fizeram bem seu trabalho sujo.
Enfim, acredito que estas características se expliquem por parte, devido ao nosso histórico em geral de “crescimento para fora” e as condições atreladas ao mesmo (Brasil como vítima de um forte imperialismo), de uma fraca consolidação da identidade nacional, ou raso desenvolvimento de um espírito coletivo. Mais além, Patto diz que esta forma “conciliatória” da cultura brasileira abre caminhos de forma mais fácil para mudanças, porém em conseqüência perduram certos problemas que tem previsão indefinida de resolução.

                             
SÁ MOTTA, Rodrigo Patto. Culturas Políticas na História: Novos Estudos. Belo Horizonte, 2009. 

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