Por João Lucas Cavalcanti
Primeiramente, tomarei o
conceito de Cultura Política como foi debatido em sala de aula. Sendo este conceito, a
reunião de várias formas de representações culturais, em forma de costumes,
hábitos, um conjunto de expressões ou práticas sociais que caracterizam uma
sociedade em torno de uma abordagem culturalista dos fenômenos relacionados às
disputas de poder. Este conceito expressa assim uma identidade coletiva que é
construída necessariamente ou consolidada em longo prazo.
Sendo assim, podemos
apontar o Brasil como um país constituído de uma Cultura Política jovem ou em
formação mas, ainda assim com certas tendências e pré-disposições já formadas. Identificando
esta Cultura Política brasileira no texto de Rodrigo Patto, taxada como
“conciliatória” é caracterizada com o horror aos conflitos e grandes
tempestades políticas, no geral procura se manter sobre bases estáveis em busca de
mudanças com estabilidade. Vejo estas características com veracidade no povo
brasileiro de forma geral, chegando inclusive a levar ao esquecimento questões
que trouxeram grande pavor e sofrimento à sociedade, ou seja, momentos de
grande instabilidade.
Este tema foi inclusive
debatido em sala como o “jeitinho brasileiro”, que repercute de várias formas e
sentidos diferentes na sociedade brasileira, como por exemplo: falamos da
ditadura militar de 1964 e posteriormente da anistia que não fez justiça plena aos
torturadores que continuaram impunes e que, independentemente dos argumentos
apresentados em sala, vejo como um símbolo de uma Cultura Política do
esquecimento e conseqüentemente de um profundo desrespeito à memória nacional.
Esquecimento este, carregado de enorme Peso Emocional onde não se trata de
fomentar ódio ou tristeza, mas sim, de uma necessidade de se fazer Justiça e de
respeito ao nosso passado. Sendo este respeito apenas relevante e valorizado se
constituído de necessária sensibilidade emocional.
O texto de Patto também
analisa as diferenças entre Brasil e Argentina para melhor identificar estas
características de suas Culturas Políticas, onde no Brasil, diferente da
Argentina, o “jeitinho brasileiro” mais uma vez surge com outro sentido: as
perseguições no regime militar seguidas de cooptação, utilizando-se de uma
violência extralegal com o uso de mecanismos legais amenizaram as penas para os
assassinos da ditadura, mostrando como com um “jeitinho” fizeram bem seu
trabalho sujo.
Enfim, acredito que estas
características se expliquem por parte, devido ao nosso histórico em geral de
“crescimento para fora” e as condições atreladas ao mesmo (Brasil como vítima
de um forte imperialismo), de uma fraca consolidação da identidade nacional, ou
raso desenvolvimento de um espírito coletivo. Mais além, Patto diz que esta
forma “conciliatória” da cultura brasileira abre caminhos de forma mais fácil
para mudanças, porém em conseqüência perduram certos problemas que tem previsão indefinida de resolução.
SÁ MOTTA, Rodrigo Patto. Culturas
Políticas na História: Novos Estudos. Belo Horizonte, 2009.
ok
ResponderExcluirNOTA: 8,5
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