domingo, 22 de abril de 2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS
GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA






Resenha do livro Os bestializados o Rio de Janeiro e a República que não foi. Em cumprimento as obrigações da cadeira Brasil sete.




Prof. Dr. Isabel Guillen
Aluno. Derwin Mandú Galdino






RECIFE - 2012
Os Bestializados,
O Rio de Janeiro e a República que não foi.
Resenha
            O José Murilo de Carvalho apresentar o texto inicialmente com opiniões de personalidades da época, que classificavam o povo brasileiro como apolítico não atuante em seu contexto social. Com isso o autor quer chamar a atenção para analise dicotômica baseada nos ideais do cidadão europeu, desses que viveram o período.  A Linha teórica seguida por Carvalho é entender o fenômeno social do período republicano como um viés de mão-dupla mesmo que pese para um dos lados. Sendo assim ele crítica a opinião dos autores da época de que a forte opressão social é que deixava a população apática ou a interpretação da realidade desta maneira que legitimava todo o sistema, mas em contraponto a essa situação inicialmente a República vai trazer a esperança do proscênio das pessoas para a política.
            Sendo um historiador tradicional expõe como os formadores de opiniões da época idealizavam uma República a moda francesa. Nesta perspectiva tradicional resgata o conceito de cidade que é tido como lugar de desenvolvimento da cidadania, com isso ele desenvolve seu caminho medotológico de entendimento da República do país, usando como ponto de partida a cidade do Rio de janeiro e a repercussão das transformações sociais, políticas e culturais desta no resto da nação. Sendo sua argumentatividade bem estruturada e convincente, pois ele comprova com dados estatísticos que a população do Rio era a maior de país, com dados geográficos, pois era capital administrativa e política do Brasil, que maior parte dos militares estava na capital, as lideranças sindicais e o desenvolvimento de uma política estruturada desde os municípios com uma rede de ligações até ao presidente.
               As transformações trazidas pela República no Rio irão repercutir, da economia a vida moral, com uma política econômica diferente da época da monarquia no sentido de maior liberdade, com as pessoas praticando um capitalismo predatório de especulação inconseqüente que não pensavam na coletividade, mas em sua própria situação. Na vida moral, as pessoas deixam de casar reduzido assim o número de famílias que era o núcleo social da época. O fenômeno republicano que tinha que melhorar a vida das pessoas, pois em seu conceito original de “coisa de todos” deu  assim uma esperança a muitos grupos da época, que ao ver  essa transformação política pensava em reivindicar seus direitos. Porém “a coisas de todos” aqui no Brasil não foi assimilada em seu significado original, mas adaptada ao modo de grupos dominantes fazer política. Onde maior parte da população ficava excluída das mudanças que lhe poderia beneficiar. Mesmo não tendo cidadãos como copias do modelo europeu aqui no Brasil houve durante esse período formas de resistências que a nega a idéia ser o povo bestializado como o grupo dos capoeiras que atuavam no Rio de Janeiro. Porém o que se contata é que o povo depois desse período inicial tinha perdido a esperança de participação para melhora de sua situação. Com a pluralidade brasileira não existiu um líder que orquestrasse o povo reunindo a grande variedade de ideologias que não trazia um entendimento em comum entre os cidadãos, tudo isso foi usado pelos grupos dominantes para assegurar as suas riquezas. Este pode ser um modo de analise antigo marxista, porém uma vez que a parte abastada da população quase sempre na história detém os meios de forma opiniões, de coerção, recebem melhor educação e tem os meios de produção em suas mãos, então este método ainda é válido tendo em vista as permanecias da história.
            Depois de mostra o Rio de Janeiro as vantagens e desvantagens da República o autor tentar definir as varias concepções de cidadania vigentes na época de mudança do regime político. Depois ele examina a participação eleitoral destes cidadãos na capital do país. Frente à grande mistura de ideais importadas, como positivismo, liberalismo e socialismo da Europa e mal assimiladas pela população. O autor deixa entender que houve uma lógica de exclusão uma vez que a cidadania era uma pratica de poucas pessoas é a própria lei da época classificavam-no em cidadãos ativos e inativos, onde os primeiros possuem os direitos civis e políticos e os segundos somente os direitos civis, pois se entendia nesta época que o direito político era por merecimento. Como bem colocado nas aulas, a perversidade desse sistema ser assim é por causa do medo, pois grande parte da população era ex- escravos ou descendente que vivia marginalizados e dá direitos de voto a essa população era perigoso, entre essa forma de exclusão outra era a de que analfabeto não podia votar, essa era mais uma maneira de deixar o povo sem saída, uma vez que o governo não era obrigado de dar educação primária.
            Neste período fez muito pouco para o alastramento dos direitos civis, ainda que alguns autores pregassem que a população teria que participar mais diretamente no novo regime, pois algumas concepções de cidadania e prática política contrastavam com a exercida aqui. Esses grupos que assimilavam essas idéias vindas de fora eram unidos pela idéia de pátria ao menos no interesse de ampliação de cidadania, onde diversos setores da sociedade do período irão lutar como o contexto lhe permite uns como os militares que usavam o próprio estado para poder participar do processo, mostrando assim a intensa dependência das pessoas da época que para serem incluídas tinham que ser funcionárias do Estado, outros como os operários reivindicavam seus direitos por meios de idéias anarquistas e socialistas fazendo greves e mobilizando massas de trabalhadores. Porém a resistência de ampliação dos direitos de cidadania fez com que se perdesse o encanto inicial da República. Mas cada grupo deste tinha uma noção de cidadania os positivistas não aceitavam os partidos e a democracia representativa e somente admitia os direitos civis, Já os socialistas buscavam uma cidadania que interviesse no poder público, para os anarquistas a idéia de pátria coloca-se em primeiro lugar, enquanto que cidadania em segundo, pois eles se referiam a pátria como a própria família que é integração, é comunidade e cidadania é cálculo, é pacto, é defesa dos interesses. Mesmo com tantas versões de cidadanias nem sempre compatíveis entre si,  já servir para mostra que esta população não tinha nada de bestializada e que lutava de acordo com as condições impostas. Onde na realidade segundo o autor a concepção de “cidadania” era a participação não a parti da organização de interesses, mas a parti da maquina governamental, ou em contato direto com ela.
            As conflitantes propostas de cidadania indicavam tanto a insatisfação com o passado como a incerteza quanto aos rumos do futuro. Parte das divergências poderia ser atribuída a conflitos reais entre os vários grupos sociais que naquele momento começavam a mobilizar-se contra a República.  A diversidade poderia ser também atribuída à insegurança dos formuladores das novas propostas e quanto à reação do público, a quem se dirigiam, ou em alguns casos, quanto à própria identidade desse público: assim o exame de cidadania deve ter como contraponto o estudo dos candidatos a cidadão e as práticas concretas de participação política. Quem eram estes cidadãos? Como o modelo de cidadania europeu irá influenciar na analise dos formadores de opinião brasileiro? Como os imigrantes irão se estabelecer e influenciar a cidadania brasileira? Dentro dá  perspectiva européia idealizada, o povo que estava presente, mas de uma forma desorganizada marginal  eram classificados como gentalha, escoria... Já para o governo o bom brasileiro era o republicano florianista e nacionalista; o mau povo era o estrangeiro, particularmente o português antinacional, monarquista ou na melhor das hipóteses apático a situação política. Muitos outros imigrantes chegaram ao Brasil para trabalhar nas fabricas e esses chegavam com os ideais socialistas, anarquistas da Europa, poucos queriam se naturalizar brasileiro, pois os países protegiam muito bem seus cidadãos, e não queriam servir no exército e nem arcar com os custos da naturalização. Os que aderiram em maior número à cidadania são os africanos e portugueses, os primeiros por não terem cidadania e os segundos por que o governo português não conseguia proteger seu interesse dentro do país.
Quanto à cidadania no processo eleitoral, analfabeto, mulheres, frades, menores de vinte anos e praças das forças armadas não voltavam por diferentes motivos. Porém 50% da população do Rio eram alfabetizadas, mas isso não quer dizer que esse percentual votava, pois havia um processo de auto-exclusão no processo eleitoral, pois as eleições tinham um alto índice de corrupção, era perigoso por causa dos capangas contratados para obrigar os eleitores a votar no candidato da situação. Portanto ver-se que a cidadania era uma caricatura, o cidadão republicano era o mancomunado com os políticos, os verdadeiros cidadãos mantinham–se afastados da participação do governo da capital e do país. Quanto à criação de partidos políticos a grande heterogeneidade fez com que os partidos não se fortalecessem e tivessem poucos anos de vida. “A própria República não via com bons olhos” os partidos a não ser que fosse PRM, o PRR, PRP. Todavia a população do Rio era fragmentada e socialmente independente para ter partidos únicos. De uma maneira formal pode-se dizer que o Rio não tinha povo participativo na política oficial, mas a margem dela, com greves, arruaças, quebra-quebras ou por movimentos revolucionários como a Revolta da Vacina.
A Revolta da Vacina é captura pelo autor em suas concepções dos direitos e deveres do cidadão nas relações entre individuo e o Estado. No meio desse contexto ele procura entender aspectos da mente popular no seu cotidiano e quais pessoas fazem parte dessa população?E suas motivações justificadoras. É no governo de Rodrigues Alves que para desenvolver a economia começam construções e modificações na paisagem do Rio de Janeiro, com demolições de casa, cortiços, higienização de ruas e casa para combater pragas, combate a doenças por meio da vacinação obrigatória, proibição de criação de animais no o perímetro urbano, essas são séries de decretos e medidas que iram interferir e irritar a população do Rio e principalmente a parte mais pobres. Observa-se que a revolta esteve ligada a disputas políticas e ao contexto socioeconômico do período, baixa qualidade de vida, precariedade nos serviços públicos, etc. Como exposto pelo autor a população que era altamente excluída do processo político tinha um acordo não formal com a classe política de não interferir na política diretamente e aceitar as condições impostas mesmo que em desvantagem. Contudo quando o governo quebra esse informal acordo e interferi na vida íntima das pessoas existiu logo uma inquietação dos brios de cada um, na hora das casas violadas pelos agentes do governo. Este cenário foi muito bem aproveitado pela oposição que ficava divulgando todo tipo de informação para idealiza a causa e dá cunho político. Deste modo eles conseguiram junto com a insatisfação da população contra os vários setores da política. Onde neste primeiro momento a revolta se dar em torno da vacinação obrigatória, mas depois várias revoltas aparecem dentro desta própria, como  a conspiração militar-centro das classes operárias que buscava derrubar o governo; com os consumidores dos serviços públicos acertaram as velhas contas com a companhia; os produtores mal pagos; a classe popular retomou seu combate com a polícia; os cidadãos desrespeitados em seus direitos acertaram as contas com o governo. Estes vários incidentes aconteceram de uma forma fragmentada em uma sociedade já fragmentada que estava a muito tempo insatisfeita com sua posição de exclusão do processo político.
Pode-se dizer que a revolta da vacina foi uma “explosão de uma panela de pressão, com os ingredientes que a muito tempo fervia”, pois o governo com as medidas tomadas ele quis terminar de sufocar o povo, porém a população provou que a vontade geral pode ser conquistada através da luta.
No ultimo capitulo o autor tentar responder quem era este povo? Uma vez que opiniões da época eram baseadas no etnocentrismo preconceituoso europeu que constatava ser o povo desorganizado em suas revoltas, confundir a esfera pública com a privada, cita algumas tentativas fracassadas de mobilizar e organizar a população dentro dos padrões conhecidos do sistema liberal. Porém mesmo que os europeus tivessem razão este povo estava dentro de um processo formação histórica diferente e realidades distintas. Mas para o autor e para os documentos da época existiam dois tipos de cidadãos o bestializado e o bilontra. Onde o primeiro era o que participava da política, já o segundo era o que sabia se aproveitar dela em beneficio próprio. Estas características de nossa população são apresentadas pela geração de sociólogos 1930, e alguns historiadores de épocas posteriores que tentaram explicar este forte assistencialismo na política brasileira; relacionando como as características formadoras da população brasileira, que se originaram principalmente do português, indígena e africano e o nosso período colonial que é onde surgi às características políticas do brasileiro, na qual estes que não se reconhecem ainda brasileiro sempre encontraram soluções a sua maneira para os problemas encontrados na colônia que estava tão distante de sua pátria original. Nesta perspectiva ele volta às origens portuguesas para responder quais as categorias da cultura Ibérica são deixadas de heranças aos brasileiros como a grande sociabilidade intensa que visava a paz, porém não o fazia solidário, se dava na extroversão das relações pessoais dos pequenos grupos. Ao abordar este assunto por viés do dominador europeu o autor não explorar amplamente as contribuições dos grupos altamente marginalizados, negros e índios que contribuíram também para construção da República. Porém é muito fácil classificar esta população de bilontra ou bestializada, mas ao analisar o presente e observar as permanências da história fazendo relações ver que a população passou por intensas formas de intimidação, repressão e retaliação que ameaçava sua existência, e quando a vida esta posta em risco quem quer ser o primeiro a morrer por todos, ou por uma causa.
O autor levanta questões muito importantes como o analfabetismo e sua importância para deixa a população fora da política, ao mostrar o Rio como influenciador da realidade do Brasil, argumenta de forma convincente e prova com dados seus argumentos. Porém toma o caminho da generalização e não mostra como cada o regionalismo também influenciou o Rio de Janeiro. Ele também reforça esta tendência da historiografia brasileira de colocar o centro econômico e de produção intelectual que é o sudeste para ter uma postura determinante nos caminhos dados para as possibilidades da história. Quanto à cidadania o autor levanta um importante debate que esteve presente naquela época e que afligi a sociedade brasileira de hoje, fazendo repensar se é bom simplesmente passar pela história ou tentar modificá-la para as próximas gerações.     
 


Referências


FREYRE, Gilberto. Casa Grande e Senzala; Rio de Janeiro OLYMPIO, 1966.
PRADO, Caio Junior. Formação do Brasil contemporâneo; São Paulo, BRASILIENSE, 1997            

Um comentário:

  1. Derwin. Sua resenha está mais parecida com um comentário ou com um fichamento. Além disso, você não está escrevendo claramente. Há muitas frases confusas, com idéias talvez não muito bem formuladas... Isto compromete o entendimento das idéias que quer expor, porque eu não tenho como saber se vc realmente entendeu o livro...Ao que tudo indica, não, pois não conseguiu sintetizar a tese do autor e propor uma discussão sobre ela.
    Para atribuir uma nota para seu trabalho: 5,0.

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